5. A chegada em Âmbar - parte 1

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- Então, é por isso que pensou em Victoria quando Catarina disse que eu tinha visto um "fantasma"? – comecei a ligar os pontos, aconchegando-me no sofá da sala.

Catarina nos deixou em casa, e foi embora logo em seguida, pois vovô disse que aquele era um assunto para se discutir em família. Tentei argumentar dizendo que Cat já era da família, mas da forma como eles estavam apreensivos, seria melhor não cutucar as onças com vara curta.

- Sim! – vovó ponderou suas palavras antes de responder.

- Você encontrou-se com ela? – vovô apresentou um brilho diferente no olhar. - O que ela disse?

- Ela iria me contar algo antes de vocês chegarem. – pensei alguns segundos antes de responder, com todas aquelas informações bagunçadas em minha mente. - Ela falou algo sobre maldição, eu acho. E me pediu para perguntar à Octavius e Anna toda a verdade. Não estou entendendo! – segurei a cabeça com as duas mãos apoiando os cotovelos em minhas coxas. - Se ela tá morta, como eu consegui falar com ela? – senti minha mente pesar com tanta coisa que estava acontecendo. Nada daquilo parecia certo, e muito menos real. Ainda recusava a mim mesma acreditar que tudo o que vi naquela noite ocorreu bem diante de meus olhos. Não era possível! – E quem são Octavius e Anna? – completei, expondo mais uma de minhas grandes indagações.

Eles trocaram um olhar de cumplicidade, assentindo um para o outro.

- Nós precisamos contar para você, mas um passo de cada vez. Você se assustaria se soubesse tudo de uma vez só. - interviu vovô, após uma pausa dramática, retomou. - Nós somos Octavius e Anna. – ele fez um gesto apontando para si mesmo, depois para vovó.

- Sério? - balancei a cabeça, dando um sorriso de canto. – É, não poderia achar que vocês se chamassem "Vovô" e "Vovó". – ironizei, recordando de uma vez que encontrei documentos dos dois que diziam "Luiz" e "Aparecida", respectivamente. Mas não me lembro deles terem me falado seus nomes alguma vez na vida. Para mim, eles sempre foram o Senhor e a Senhora Dolman.

- É hora de uma segunda verdade. – Vovô Octavius fungou, me interrompendo e lançou um olhar penalizado. – Nós não somos seus avós, meu bem!

- COMO NÃO?! – franzi o cenho, boquiaberta. – Ai, caramba!!! É informação demais para mim. – abaixei novamente a cabeça, sentindo aquela dor latente voltando. A explicação deles para isso teria que ser muito boa, pois eu estava prestes a ter um ataque de nervos.

Eles se olharam novamente, como se já soubessem o que deveriam fazer, por mais que tudo aquilo já estivesse enigmático e confuso o suficiente. Em um instante, a sala clareou totalmente e eu não consegui enxergar nada. Minha visão foi ofuscada por um intenso brilho alaranjado. Quando o brilho cessou, vi algo que tornava a situação toda mais inacreditável ainda.

Acho que a intensidade da luz alterou minha visão, pois no lugar de dois idosos, apareceram dois jovens, embora com a mesma roupa. Anna encarou o vestido de corte reto e longo que estava vestindo, que ficou parecendo uma beca em seu corpo, agora mais franzino do que anteriormente, mas com belas formas. Suas madeixas eram bem escuras, e completamente lisas. Era alta, mas Octavius muito mais, sem dúvidas.

Ele era enorme, seu cabelo loiro e cacheado, que lhe caia sob o ombro. Seus olhos apresentavam um brilho incrível, embora estivesse com uma expressão pasma no rosto. Era o mesmo homem que vi em meu sonho, com a diferença de ser um pouco mais velho que ele, embora mantivesse ainda aquele ar charmoso.

- Uau! Vocês têm que me ensinar a fazer isso! – exclamei, com a excitação à flor da pele, literalmente boquiaberta com a cena que se desenrolava na frente de meus olhos, tentando mascarar o nervosismo que me comprimia o peito.

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