17. O Baile

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31 de dezembro, domingo.

- Não pode ter sido Maitê! - Anna segurava uma bandeja de poções, colocando-a sob o balcão da enfermaria. Espremeu alguns crisântemos, dividindo suas pétalas para cada uma.

- Mas ela me odeia! - relutei.

- Você odiava Betina, mas isso não quer dizer que a tenha matado.

Fraquejei ao ouvi-la falando de Betina. Não contei para ninguém o sonho, e desde então, sentia-a tão humana que não deixaria de ter sentimentos de compaixão por ela.

- O que está querendo dizer?

- Só para tomar o máximo cuidado possível. - e indo para trás do balcão, pegou um embrulho. - Use isso hoje.

- O que é?

- Um vestido que costumava ser de sua mãe...

***

- Finalmente... Ano novo. - Nicole abriu o maior sorriso possível, tirando seu vestido rosa claro do armário. Ele era todo rendado na parte de cima, com uma grande camada de tule na saia. Era bonito, e combinava mais ainda com seu salto bege da sola vermelha.

- Que seja um ano de paz. - disse eu, revirando os olhos. - Porque se piorar, eu fujo pra Nárnia.

- Como você é pessimista. - Ellen riu me dando um tapinha no ombro.

Já passava das oito horas da noite. A festa começaria só depois das nove, mas as meninas eram apressadas.

Maitê saiu do banheiro depois de quase quarenta minutos lá dentro, deixando Ellen furiosa.

- Pensei que tivesse morrido lá dentro. - ela bufou, esbarrando nela quando foi para o banheiro.

- Você não vai se ver livre de mim tão cedo. - ela fechou a cara, e foi se trocar. - Infelizmente ainda serei obrigada a ver todo dia a cara de vocês. - ela fixou o olhar em Nic ao dizer isso.

Ellen saiu do banheiro. Abri o pacote que Anna havia entregado. Era um vestido de cetim branco, todo em pérolas na parte de cima, e liso na parte de baixo.

Maitê saíra antes porque não estava suportando viver no mesmo ambiente que Nicole. Penny era praticamente seu capacho e virara a cara para nós só por causa da amiga. Coisa de gente fresca!

Nic estava parecendo uma verdadeira princesa com seu vestido todo delicado da cabeça aos pés. Seu cabelo já era curto, então dispensava qualquer tipo de arranjo.

Ellen estava com um modelo salmão, que lhe delineava cada curva de seu corpo. As madeixas cacheadas presas em um coque frouxo, deixando algumas mechas caídas. Ela iria encontrar-se com Arthur aquela noite, e que a Fada Madrinha os dê muito juízo.

E eu, fascinada não pelo vestido que eu iria usar, mas à quem ele havia pertencido um dia. Um verdadeiro vestido Menina de Seda, mas de uma coleção exclusiva. Joguei o cabelo completamente para o lado direito e fiz a maquiagem favorita de Catarina: olhos bem marcados em preto, e lábios em vermelho forte.

***

Passava das 21h quando descemos para o Salão de Festas da MDS. Era um espaço enorme, que ficava do lado de fora das extremidades escolares. As famílias não paravam de chegar. Além deles, houve boatos de que todo o Conselho de Representantes Destin-Fée estaria presente. Até mesmo seres dos confins de Âmbar vinham prestigiar aquela que tinha tudo para ser a maior e melhor festa já realizada dentro de um ambiente escolar mágico.

Isso é claro, se não fosse por um acontecimento que marcaria a noite - a minha noite, com uma enorme mancha de sangue.

Ora, não vou precipitar os acontecimentos.

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