15. Elas descobrem

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Eu juro que deveria me esforçar mais para não sair da MDS sem a autorização de meus protetores. Mas Anna havia viajado para os Jardins de Posidônio. Sendo a Enfermeira Chefe da escola, ela se via na obrigação de sair de tempos em tempos para ir aos Jardins colher as melhores flores e plantas medicinais.

As espécies não apenas ajudavam no processo de cura e recuperação dos pacientes, como também a colheita deveria ser boa: ela sempre escolhia flor por flor, e planta a planta.

Esta era a época do ano mais propícia para isso, então Anna simplesmente saiu pela manhã. Sem maiores explicações. Sem preocupação comigo. Sem perguntar se ainda doía aqui dentro saber que meu mundo havia sido despedaçado desde que aquilo aconteceu com Catarina...

E eu fingia que estava tudo bem, pois um sorriso falso é mais fácil de levar, do que ter que explicar as lágrimas que cairiam quando a dor batesse forte no peito.

E Octavius passou o dia no Conselho de Representantes. Para me deixar sozinha, algo de extrema urgência deveria ter acontecido. Tenho plena convicção nisso.

Então, quando encontrei as duas fées com quem eu andava, mais tarde naquele dia, e elas disseram que precisávamos sair para distrairmos a mente, nem pensei duas vezes antes de aceitar.

Sempre fui indiferente à sair para fazer compras quando eu não estivesse bem, mas aquela era uma situação tão peculiar que nós três precisávamos de um atrativo que distraísse nossas mentes: Eu não superaria tão cedo a morte de minha melhor amiga. E aquilo apertava a cada dia mais dentro de mim.

Nicole estava bem irritada com o humor de Mariane.

E Ellen andava preocupada com seu irmão.

- Vamos às compras? - perguntei a elas antes de deixarmos a escola. Como aquele era o período em que a MDS vivia um grande alvoroço com as idas e vindas de alunos para comprarem vestimentas, nem precisamos de autorizações para deixarmos as imediações do colégio.

Éramos apenas nós três rumo ao portal que nos levava até outra parte do Reino: onde o Maga-sin ficava localizado.

***

- Chegamos! - Ellen anunciou assim que atravessamos o portal. Estávamos face a face com um tronco protuberante, e torto de tão exuberante que era.

- Mas isso é uma árvore! - exclamei, analisando-a minuciosamente. Não que fosse um tronco de árvore comum. Possuía duas portas fincadas na madeira com arestas sinuosas. - Parece a toca da Tinker Bell! - mordi o lábio inferior.

- Venha! - As meninas se divertiram com a minha feição, me puxando para adentrar o tronco.

- Eita! - meu queixo caiu. Aquela não era a toca da Sininho, quiçá, um mero tronco de árvore. Expansivo por dentro, as paredes mantinham o aspecto rústico de madeira, com mobília de vime e decorações variadas em cada compartimento.

Diversas lojas estendiam-se à frente, formando um círculo, e uma escada bem no meio, levava aos outros andares, com mais lojas do que minha imaginação permitia.

- Onde isso vai dar? - analisei, fascinada.

A iluminação do Maga-sin era espetacular, com diversas luzes suspensas em luminárias pequenas. No térreo, onde nos encontrávamos ainda, as lojas eram enfeitadas cada uma à sua maneira, mas tudo, de forma harmoniosa.

Tinha uma que apresentava uma coluna de rosas em cada extremidade de suas portas, enquanto em outra, a fachada era toda decorada com galhos secos e asas de borboletas. Havia uma dedicada aos esportes, com os uniformes do canestro na porta de entrada.

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