8. O Pântano de Aine

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- Oh! Não! – meu corpo voou contra o piso de mármore azul. – Oh, não, não, não! – exclamei exasperada. Levantei do chão, indo de encontro ao objeto cilíndrico atracado contra um salgueiro esverdeado de folhas com o frescor de um jardim ao ser regado.

O visor do cae-drum apresentava leves rachaduras em sua superfície, mas o local marcado cintilava em um nome.

Pântano de Aine!

Atravessando as imediações de todo o sul de Äncae, eu encontrava-me ao norte do continente. Meu respirar ficou arfante, o ar latejava de forma contraída dentro do peito. Minhas mãos de dedos finos suavam tão incontrolavelmente quanto o medo que florescia em mim.

Eu estava perdida em um lugar que até uns dias atrás em nem sabia que existia. Perdida, sozinha, e sem fazer a mínima ideia do que poderia encontrar ali.

Olhei para o visor, mas a cápsula que envolvia o cilindro estava abrasador. Extremamente quente e fraco, tanto que duvido ele aguentar uma viagem até o Évasion.

Estremeci com a visão tenebrosa de percorrer um pântano desconhecido, em busca de uma solução para ir embora. Haveria um jeito de deixar aquele lugar? Claro, teria sim. Eu só não fazia a mínima de até onde eu careceria ir para encontrar uma maneira de voltar.

A estrada era ladeada por pequenas casas dispersas em espaços simétricos. Eram esplêndidas e feitas de mármore em cores variadas, e pequenas, como casas na árvore, possuindo pedras cravejadas em suas portas. Mas não eram quaisquer pedras. Eram de um azul tão magnífico que me senti hipnotizada por aquele deslumbramento.

Segui caminho pelo mármore azul arroxeado. Pela minha experiência literária, seguir a trilha mais óbvia era sempre a melhor opção. Sempre! Ou, pelo menos, convencia a mim mesma que alguma atitude deveria ser tomada, pois portal algum se abriria à minha frente só porque eu o desejava.

Tudo estava tão cálido que eu conseguia ouvir meu coração bombeando sangue para o corpo todo. Meus mecanismos físicos pareciam tão enferrujados quanto engrenagens de um robô. Locomovia-me em lentidão, pois tinha medo de não encontrar nada no fim do caminho.

Vivia um dilema naquele instante: angustiava-me estar sozinha, mas tinha medo de que alguém aparecesse. Posso não conhecer Âmbar há muito tempo, mas meus instintos diziam que em nenhuma parte daquele mundo eu encontraria criaturas tão boas quanto os destin-fée eram, pois o restante daquele universo ainda era obscuro demais para mim.

Que droga! Será que existe TV à cabo por aqui? Não seria nada ruim assistir um episódio de Arrow só pra espairecer.

As casinhas coloridas estavam chegando ao fim, mas a trilha ainda não. O caminho se alongava, e a solidão já não afligia quanto antes.

- Pwof. – uma onomatopeia se fez audível em um dos lados do caminho. Parei, sentindo o arrepio tomar conta de meu pescoço.

- Tem alguém aí? – fiz a pergunta mais inútil de todos os tempos.

Não, não, Natalie! O som que você ouviu é desses pensamentos dizendo que você está num Pântano que não é habitado por ninguém.

- Há tempos não possuímos a honra de termos em nosso meio uma de vossas! – a voz solidificou suas palavras, saindo do denso matagal verde. – És honroso recebe-la, Senhora!

- Senhora? Deve estar me confundindo com alguém. – respondi, ainda não identificando a face da criatura que dialogava comigo.

- Nem se o infinito pudesse ser atingido duas vezes, seria eu capaz de confundir-te. – e proferindo essa frase, uma criatura aparecer. – És um júbilo conhecer-te, Dolman!

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