Capítulo 11

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Narrador

Para compreender certos sentimentos ou até mesmo atitudes, é necessário que regressemos ao passado, um longínquo para uns e um recente para outros, dependendo das suas magóas.

Em plena tarde do século IV, numa aldeia, algumas crianças brincavam pelo bosque, outras encontravam-se a estudar para se tornarem grandes sábios; mulheres limpavam a casa e davam bronca nos filhos, por suas travessuras; alguns homens treinavam, outros faziam vigilância nos limites do território e ainda outros encontravam-se submersos nos seus estudos. Cada um tinha a sua tarefa. Ah, sim, os adolescentes...bem, faziamcoisas-de-adolescentes, como por exemplo, dar uma escapatória nas tarefas e assim afastar dos limites.

Mas, foquemos apenas em dois deles.

- July, temos de voltar. Se descobrirem que estamos aqui...

- Calma. Temos ainda tempo suficiente...e depois, preciso treinar a minha pontaria quando lanço os feitiços, e...

- Mas EU tinha de ser o alvo?! Quer dizer, tente acertar uma árvore, um pássaro ou qualquer coisa assim!

- Árvores não se mexem e eu preciso treinar a minha pontaria num sujeito que se movimente...e afinal, coitados dos bichos... Vamos lá, confie em mim! - July diz, sem se dar ao trabalho de esconder um sorriso cínico.

- " Confie em mim", " coitado dos bichos". Obrigado pela preocupação. - murmura o amigo.

E assim continuam a discutir, sem perceberem que por detrás de uma árvore se encontrava um rapaz, que por sua vez ria dos dois adolescentes.

- Se continuares assim, é que nunca conseguirás...- murmura

De imediato os dois amigos voltam-se para o tal rapaz.

- Tu...mas tu és do clã b-b-ba. - gagueja o amigo da July sem sequer terminar de dizer o nome do clã.

- Pois. - diz com um ar aborrecido. - Vocês não deveriam estar aqui, sabiam?! Não gosto de invasores!

- E quem é que gosta?! - July diz enquanto prepara um feitiço.

O rapaz fita a rapariga, estreitando os olhos.

- Olha como falas...pode ser perigoso. - diz aproximando-se dela.

- Perigo é o meu sobrenome! - rebate.

E com uma rapidez, inigualável, o rapaz consegue a derrubar.

- O quê?! Surpresa?!

- Afasta-te dela! - e o rapaz que outrora mostrara ser medroso, torna-se corajoso o suficiente para dar-lhe um murro.

- Uau...tens força.

- Nem imaginas!

Antes das coisas ficarem mais calorosas, ouve-se um apito e July e o seu amigo entreolham-se já com a face pálida. O outro rapaz apercebe-se então do significado do apito e lança um olhar de satisfação aos dois amigos, dizendo:

- Mmm... Parece-me que alguém estará em apuros daqui a pouco. Bem, adeus e...foi bom conhecer-vos. A propósito, chamo-me Noah. E vocês?

- Meio tarde para apresentações, não,Noã?!

- É Noah e nunca é tarde para mim, July.

- Como é que sabes o meu nome?

- Eu sei de tudo... - diz orgulhoso e vira-se lentamente para o rapaz. - E eu sei quem tu és! Pablo, o grande bruxo...mas para mim não passas de um...

- Guarde as palavras delicadas para ti! - interrompe.

- Pablo... - sussurra a July com um pesar nos olhos.

Sem falhar. O Jogo Começou.Onde histórias criam vida. Descubra agora