“E você percebe que, quem te acalma, também tira teu sossego. Não precisa nem de esforço.”
Blake Berry P.O.V
Uma semana depois.
Eu estava começando a ficar com medo, é, medo. Ficar ali com o Justin não era a pior coisa do mundo, não como seria se fosse há um mês atrás. Só que apesar de não ser de todo o mal não quer dizer que eu queria estar ali. Eu sentia falta da minha vida, da minha rotina, das minhas roupas, da minha faculdade, do meu estágio, dos meus poucos amigos, do meu tio, do meu irmãozinho, eu sentia falta de tudo que eu tinha, de tudo que eu era. Nós tentávamos nos divertir ás vezes, e até conseguíamos por um tempo, mas logo batia aquela tristeza, aquele sentimento ruim que gritava dentro de nós dois.
Medo.
A pior parte era quando inevitavelmente ligávamos a tevê, porra era a pior coisa do mundo, especialmente pro Justin que várias vezes deixava lágrimas escaparem por se sentir inútil, por que haviam pessoas, milhares delas, sofrendo por causa dele, chorando, querendo morrer por não conseguir imaginar um mundo em que ele não existisse. Vimos apenas uma reportagem com a Pattie, ela estava entrando no Hotel, todos ainda estavam no Havaí e parece que agora até mesmo o pai dele, Jeremy. O que nos dava esperança era o fato de que eles não desistiam por nada nesse mundo, nadinha. Justin é muito amado, não existe ninguém que ousasse desistir de alguém como ele.
Além do mais o dono dessa casa poderia aparecer a qualquer momento, isso também era como uma luz no fim do túnel. Justin e eu não conseguíamos entender por que nunca passava um helicóptero das buscas por ali, será que nós estávamos tão longe assim? Nós se quer conseguimos nos lembrar quanto tempo ficamos no mar naquela noite, pois simplesmente acordamos e ali estávamos.
Sorte que tinha algumas roupas no armário, porém a comida estava acabando, é que nós comemos muito já que não tem muita coisa pra se fazer ali. Justin continua dormindo no sofá passando frio mas eu já estou começando a sentir dó dele. De repente nos tornamos tão próximos que chega a ser assustador, eu conhecia um lado dele que eu queria por Deus que todos no mundo tivessem a oportunidade de conhecer. É claro que ele é um babaca, idiota, sem graça, mas ainda assim, ele é o Justin, um bom garoto.
Ás vezes quando eu estou triste ele pula em cima de mim, faz cócegas, me deixa puta da vida e depois começa a contar aquelas piadas que simplesmente não tem graça nenhuma mas que ainda assim me fazem rir, por não acreditar que ele possa ser tão retardado. Quando ele contava sobre as travessuras que ele fazia desde pequeno eu quase me acabava de rir, era tão legal que eu até me esquecia de insulta-lo de alguma forma. Ele também fazia questão de me zoar por eu ter sido uma nerd, e também por causa do meu nome, claro.
Nós tínhamos um ao outro e eu acho que isso deixou as coisas mais fáceis.
Por um tempo.
- Você não sabe nem fritar peixe porra, que é isso! – Justin estava quase arrancando os próprios cabelos de tanta raiva, ele estava me ensinando a fritar aqueles peixes que nós – mais ele do que eu – pescamos durante a manhã.
- Desculpa se eu não tinha um avô que me ensinava a pescar e tratar!
- Eu mandei você virar os peixes enquanto eu pegava mais madeira, não deixar eles caírem no fogo! – ele batia os pés no chão enquanto jogava os peixes torrados dentro do balde.
- Você não manda em mim, esqueceu?
- É, só que eu te peço uma coisa e você faz o contrário. – ele bufou.
- Então é só não pedir porra!
- Quem é que estava enjoada de doces mesmo?
- CALA A BOCA! – gritei empurrando ele com raiva.