3. ➹ primeira temp

11.9K 1K 189
                                    

Fico sem reação.

Ao ver o tal do Verdugo, fico parada, como se meus pés estivessem criando raízes no solo, me impedindo de me movimentar.

A criatura parecia uma junção de algo animal com espécies de pernas robóticas. Ao se mexer, deixava um rastro de muco no chão.

E ele se aproximava cada vez mais.

- Fedelha! - ouvi o berro de Newt, me alertando - Sai logo daí, mértila!

Vejo que Newt estava no Amansador, usando-o como abrigo. Saindo do transe, começo a correr como se não houvesse amanhã, os sons metálicos me lembrando de que o Verdugo estava atrás de mim.

Logo depois, vejo Minho saindo do Amansador, onde ele também havia se enscondido e, gritando a plenos pulmões, ele tentou me incentivar:

- Corra! - tomou fôlego e, novamente gritou - Corra!

De repente, uma imagem, rápida como um piscar de olhos, passou na minha mente.

Eu e Minho estávamos vestindo roupas brancas, quase uniformes, e ele berrava comigo, dizendo para eu correr. Apesar das mesmas palavras serem usadas, seus olhos carregavam agitação, como se aquilo fosse importante, mas sem que nossas vidas dependessem disso.

Nesse momento, não sei como, as duas imagens de Minho, a da visão e a do presente se fundiram, e, de maneiras diferentes, as duas diziam a mesma coisa:

- Mas que droga! O que tem de errado com você?

Acordo desse sonho - ou qualquer coisa que tenha sido - com um aperto no braço, e logo soube que era Minho. Comecei a correr e por um momento, perdi o equilíbrio, mas Minho me ajudou, e continuamos correndo, lado a lado.

Faltava muito pouco para chegarmos ao Amansador. Mas o Verdugo continuava atrás de nós, e se perdêssemos o ritmo, por um segundo que fosse, estaríamos perdidos.

- Vamos! - Newt berrava, transbordando angústia.

O Amansador estava aberto, e ao entrarmos lá, o Verdugo ficou olhando para os lados, arrisco dizer, como se estivesse confuso. Não sei como, mas naquele minúsculo espaço, conseguimos nos esgueirar para um canto onde havia sombra, na tentativa de despistarmos o Verdugo.

Segurei minha respiração por muito tempo, e eu teria me gabado, se não estivesse prestes a ser despedaçada por aquela coisa.

Após alguns segundos, que pareceram milênios, a criatura desistiu de nos procurar e foi embora. Ao ver que o Verdugo ia atrás de outras presas, olhei para os dois garotos, procurando ajuda.

- O que faremos?

Nos entreolhamos por alguns momentos.

- Ficamos aqui até que isso acabe - Minho disse, quase que friamente.

- Sério? E simplesmente deixamos os outros se virarem? - disse, levando os braços para o alto. Eu não pudia acreditar naquilo.

- Okay, senhora Novata. O que faremos, então? Se não fosse por mim, você não teria conseguido fugir daquilo lá - ele olhou bem nos meus olhos e suspirou - Não podemos fazer nada. Acha que faremos alguma diferença saindo daqui? Também quero ajudá-los, mas só podemos rezar para que o Verdugo vá embora.

Não queria admitir, mas ele tinha razão.

Acabamos concordando, e em meio aos gritos de pavor e sons de destruição, passamos horas ali.

where are we? | tmr ficOnde histórias criam vida. Descubra agora