- Droga, droga, droga! - eu gritava, dando socos no chão.
Fiquei olhando para o céu, até que o Berg se tornou uma mancha indistinta e sumiu do meu campo de visão.
- Eu só queria que tudo isso acabasse... - minha voz sai falha e meu rosto estava queimando por conta das lágrimas. Minhas mãos vão até meus cabelos, e eu os desarrumo, puxando-os. Eu deveria parecer uma louca naquele momento, mas pouco me importava. A raiva e tristeza me dominavam ao mesmo tempo.
Escuto a porta do Berg se abrir e passos vindo na nossa direção.
- Mas que raios aconteceu aqui? - ao me ver chorando, meu irmão pergunta.
- Onde está o Minho, Tom? - Teresa pergunta, olhando para ele.
- Foi o CRUEL. Do nada, um Berg surgiu e... - ele se atrapalhou com as palavras - levou ele. Não pudemos fazer nada.
Todos ficam em silêncio. Newt vem até mim e se ajoelha do meu lado, me abraçando. Seus braços sempre me traziam uma segurança, um conforto, mas agora eu sentia um vazio dentro de mim, e ele não podia ser preenchido.
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Após muito tempo abraçada com meu irmão, me separei dele. Eu poderia ficar horas e horas ali, nos braços dele, mas não podíamos perder mais tempo.
Eu me levantei e, secando meu rosto com as costas da mão, quebrei o silêncio que havia se instalado.
- Eu queria ir atrás do CRUEL agora e quebrar a cara de quem levou o Minho, o meu Minho... - as lágrimas ameaçavam voltar, mas eu não permiti que elas caíssem - Mas não podemos nos precipitar, isso é exatamente o que ele diria agora. Vamos para Denver, terminar o que íamos fazer.
Thomas assente, e mesmo sem proferir nenhuma palavra, eu soube que ele estava orgulhoso da minha atitude.
Sem pensar duas vezes, vamos em direção aos muros da cidade.
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Ao abrir a porta e se deparar conosco, Gally arqueia uma de suas maravilhosas sobrancelhas.
- Não esperava vocês por aqui.
- Cale a boca - eu digo amargamente e entro na casa, mesmo sem a permissão do garoto. Não tínhamos tempo.
Ele levanta as mãos para o alto, como se estivesse se rendendo.
- Okay, calma. O que vieram fazer aqui?
- É o seguinte - Thomas começou - Nós estávamos vindo para cá quando o CRUEL apareceu em um dos seus Bergs e levou Minho, sem mais nem menos.
- Então queremos a ajuda de vocês para entrar no CRUEL - eu completei - Isso é exatamente o que eles querem, sabemos disso. Vamos fingir que estamos nos rendendo a eles, afirmando que já entendemos quem manda aqui, mas na verdade, nós vamos pegar Minho e dar o fora de lá.
Gally fica em silêncio por alguns segundos, digerindo tudo aquilo.
- E como posso ajudar vocês?
- Você nos disse que o Braço Direito tem membros dentro do CRUEL, certo? - Thomas pergunta, e prossegue quando Gally concorda - Queremos toda a ajuda necessária deles lá dentro. Seguranças, médicos, qualquer um que possa nos encobrir.
- Vou ver o que posso fazer. E quando vocês pretender ir para lá?
Eu olho bem para ele, um sorriso se formando no canto dos meus lábios.
- Hoje mesmo.
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De volta ao Berg, começamos a por nosso plano em prática. Jorge começa a pilotar, dizendo que deveríamos chegar no nosso destino em algumas horas.
Eu me sentei no chão frio e metálico do Berg e encostei minhas costas na parede. Estava muito cansada, mas o sono não vinha, pois minha mente estava muito ocupada. A cada momento, meus pensamentos estavam focados em algo diferente.
O fato de Newt ser um Crank, e eu, provavelmente, também começar a enlouquecer aos poucos, até perder a maldita sanidade. Minho ser levado pelo CRUEL. E fora tudo isso, a ansiedade que tomava conta de mim. O que estávamos prestes a fazer era muito sério.
Talvez passaram-se duas horas, ou mais. Não sei dizer ao certo, pois eu fiquei submersa em meus pensamentos a viagem inteira. Quando abri meus olhos, o Berg já estava pousando.
Inspecionei onde nós estávamos. A claridade do sol tinha sido trocada pela escuridão da noite, dificultando minha visão. Tudo o que consegui ver foi árvores em nossa volta e, ao longe, um prédio bem estruturado, iluminado pelas lâmpadas. Um dos complexos do CRUEL, protegido por guardas em sua entrada.
Quando o Berg já estava totalmente parado, eu me levantei. O medo estava tomando conta de mim, meu coração acelerado.
Lancei um último olhar para meus amigos, procurando uma espécie de segurança nisso. A porta do Berg se abre e nós saímos.
Eu estremeço, não sei se foi por causa da brisa fria ou a ansiedade, ambos me atingindo em cheio.
Começo a andar, mesmo com minhas pernas bambas, ameaçando me derrubar no chão. Levanto as mãos para o alto, em sinal de rendimento, e os meninos fazem o mesmo.
Andamos os metros que pareciam quilômetros, até que finalmente chegamos na entrada do prédio, os guardas nos encarando.
Mas, junto deles, havia um homem que não usava uniforme de guarda, e que era familiar para mim. Logo lembro de onde o reconheço; de uma das minhas memórias. Vejo que Newt cerra os punhos, e Thomas o olha com ódio.
- O que fazem aqui, crianças? - ele pergunta, com um sorriso cínico.
- Estamos nos entregando. Após nosso amigo, Minho, ser levado por vocês - tentando dar mais emoção, começo a chorar, o que não foi difícil -, nos demos conta de que não adianta mais fugir. De um jeito ou de outro, nunca estaremos livres de vocês.
Ele deixa seu sorriso ainda mais evidente.
- Ora, parece que vocês finalmente entenderam isso - e então, ele faz um gesto para os guardas - Deixem-nos entrar. Meu nome é Janson, mas acredito que não preciso me apresentar para a maioria de vocês. Venham.
Contenho um sorriso que quero formar nos meus lábios. O plano estava dando certo.
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where are we? | tmr fic
ФанфикQuando tudo parecia que não poderia piorar para os Clareanos, algo inusitado acontece. A Caixa traz uma nova pessoa. Mas dessa vez, não é um garoto.