4. ☾ segunda temp

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- Você não pode fazer isso! - eu exclamo, parecendo uma garota mimada.

- Eu posso, como vou. Brenda - ele fez um gesto com a cabeça na direção de Minho -, pode começar o trabalho.

A garota começou a andar na direção dele. Num instinto, me ponho na frente de Minho, como um gesto protetor.

- Ah, você vai ter que passar por cima de mim.

- Bom, essa vai ser moleza - ela sorriu de canto.

Brenda moveu o braço para trás, e eu logo percebi que a garota ia dar um soco em mim.

Aguardo a mão dela ficar a milímetros do meu rosto, e então desvio de seu soco. Aproveito seu momento de surpresa e coloco meu pé na frente do dela e a empurro, a fazendo cair no chão.

Eu a olho com um ar autoritário, mesmo estando surpresa com o que tinha acabado de fazer. Minho olha para mim sem acreditar naquilo.

- Ah, agora você vai ver! - Jorge estava com uma expressão de pura fúria.

- Calma! - Thomas gritou - Vamos conversar civilizadamente, por favor. Eu te imploro.

O homem o olha, transbordando desprezo.

- Certo. Cinco minutos. Contando a partir de agora - ele olha para o seu pessoal - Fiquem de olho neles.

O homem sai com Thomas em seu encalço. Aproveito para ver como Minho está.

- Apesar de achar que isso foi loucura... Obrigada, Minho - dou um sorriso fraco.

- Eu faria tudo novamente - ele faz uma careta de dor, e logo tento ajudá-lo.

- Alguém me traga água!

Logo vejo Caçarola se aproximando com um cantil. Rasgo um pedaço de minha camisa e jogo a água em cima, encharcando o pano.

Minha mão vai no queixo de Minho, fazendo o mesmo levantar o rosto. Começo a passar o pano em seus cortes e machucados. Era o mínimo que eu poderia fazer.

- Ai! - ele reclama quando limpo um corte um pouco maior.

- Cala a boca. Você não quer que isso infeccione.

- Bom saber que você continua a mesma - ele sorri e eu reviro os olhos, mas não consigo evitar que um sorriso se desenhe no canto da minha boca.

Nesse meio tempo, Thomas volta com o homem, que eu descobri se chamar Jorge.

- Bem, eu e o cara de maricas aqui chegamos à um acordo. Nós oferecemos alimentos e segurança a esses... garotos aí, e eles nos levam para o tal do Refúgio Seguro, onde conseguirão a  - alguns murmúrios se formam - Agora, venham. Vocês precisam se alimentar, e com isso quero dizer feijão enlatado e algum tipo de linguiça. Deus, eu não consigo mais comer aquela coisa enlatada.

>>>

Jorge tinha razão.

Não era a melhor coisa do mundo, ainda mais porque comemos tudo frio, mas a fome era tanta que nem reparamos nisso.

Eu estava com Minho e Caçarola, comendo em silêncio. Ao longe, vi Thomas se alimentando, com Brenda ao seu lado. Teresa estava de longe, observando aquela cena.

Voltei a me concentrar no meu alimento. Já estava quase acabando o feijão em lata, quando ouvi um barulho estranho.

Antes que eu pudesse deduzir o que era, um estrondo de explosão surgiu. O teto desmoronou e bloqueou a passagem, impedindo que Thomas se juntasse a nós.

Minho se levantou e pegou no meu braço, e assim, saímos correndo.

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