10. ➹ primeira temp

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No sonho, eu estava acompanhada de um garotinho, que provavelmente era meu irmão.

Tínhamos cerca de cinco anos, e conosco havia uma mulher com cabelos castanhos claros e uma feição carinhosa, apesar de seus olhos carregarem dor e preocupação.

Era possível ouvir um ruído ao longe, como se estivessem tentando arrombar uma porta.

– Meus queridos... Seja o que for, não confiem no CRUEL – um estrondo alto indicou que haviam arrombado a porta. A mulher assumiu uma expressão assustada por um segundo, mas então voltou a sorrir – Newt, meu príncipe – ela afagou seus cabelos – Aconteça o que aconteça, cuide de sua irmã por mim, okay? Você me promete isso? – ele assentiu, apesar de parecer inseguro.

Nossa mãe voltou a olhar para mim, e eu consegui ver seus olhos marejados.

– Oh, Addie – sua voz vacilou por conta das lágrimas – Minha pequena. Tão nova... Se eu pudesse, tomava todo o sofrimento de vocês para mim.

Ao longe, era possível escutar sons que pareciam ser de uma luta corporal.

– Seu pai não vai detê-los por muito tempo... – como em resposta, logo após, ouvimos o estrondo de um tiro.
Comecei a chorar por causa daquilo tudo, e minha visão já fica distorcida por conta das lágrimas, que inundam meu rosto. Meu irmão soluçava.

Ouvimos sons de passos se aproximando, subindo as escadas que davam no quarto onde estávamos.

Ela dá um beijo em minha testa e nos cabelos do meu irmão, e logo após, nos dá um abraço. Quando nos afastamos, os sons de passos já estão muito altos, indicando que eles estavam chegando.

– Eu amo vocês.

Foi a última coisa que ela conseguiu dizer antes que levasse um tiro na cabeça e cair morta no chão.

>>>

Eu me encontrava numa sala, e ao meu redor reconheci vários rostos. No meu lado esquerdo estava Minho, e no direito, Thomas. Ao lado de Minho, pude ver Newt.

Havia um burburinho, até que um homem adentrou a sala. Seu rosto era particularmente estranho, e ele me dava a leve impressão de ser cínico.

– Olá, crianças – o murmúrio cessou – Reuni todos vocês porque queria atualizá-los do andamento dos testes. Cada um de vocês mostrou ter um desempenho incrível, nos surpreendendo – apesar das palavras, sua voz era fria como gelo – Logo, conseguiremos alcançar o resultado da cura, e distribuí-la por todo o mundo! E vocês serão as peças mais importantes deste quebra-cabeça – ele se dirigia a nós como se fôssemos objetos – Sintam-se orgulhosos consigo mesmos.

Enquanto todos conversavam ao meu redor, aparentemente animados pela notícia, eu fiquei em silêncio, imaginando se o que aquele homem dizia era, realmente, verdade.

>>>

Desta vez, eu andava em meio a corredores, sem ninguém me acompanhando. Após ficar o que parecia uma eternidade andando, cheguei em frente a uma porta, onde estava escrito um nome, 'Ava Paige'.

Fiquei olhando para aquela porta por alguns segundos, até que respirei fundo, peguei a maçaneta e girei-a.

– Addie, como vai? – sua falsa cortesia me dava nos nervos – Sente-se aqui – ela apontou para uma cadeira, onde eu me acomodei.

– Por que você me chamou? Algum problema, Ava? – minha voz carregava ironia.

Ela fechou seu notebook e largou alguns papéis.

– Eu queria conversar com você – ela se inclina para a frente – Por que anda tão desconfiada ultimamente?

Sinto uma gota de suor correr por minha testa.

– Acho que a senhora está enganada. Eu estou igual, não mudei em absolutamente nada.

Droga. Eu nunca fui boa mentindo.

– Ora, nós duas sabemos que isso não é verdade. Anda, você pode falar comigo. O que te aflige?

Não havia como escapar. Suspirei e tornei a falar.

– O modo como vocês nos tratam, como vocês se dirigem a nós. Isso está me afligindo. Sinto que não passamos de objetos para vocês.

Ela olha nos meus olhos por alguns instantes, até que respira fundo e fecha os olhos, e volta a falar quando os abre novamente.

– Eu já suspeitava que isso acontecesse. Addie, nós não vemos vocês como objetos, e sim como uma salvação para o mundo. Sem vocês, nunca será possível a criação de uma cura. Nossa causa é muito mais nobre do que pensa – ela faz uma pausa e volta a falar – Você entende, Addie? Você está do nosso lado?

Aceno com a cabeça num sinal afirmativo, meu estômago revirando por causa da mentira.

>>>

Abro os olhos lentamente, saindo do torpor. Tento organizar meus pensamentos, todos esses sonhos que tive. Seriam eles lembranças?

– Addie? Você acordou?

Olho para o chão e vejo Newt. Ele tem uma expressão cansada, suas olheiras impedindo-o de negar que estava precisando de algumas horas de sono.

– Sim, Newt. Porque a pergunta?

Ao olhar ao meu redor, reconheço onde estou; Onde ficam os Socorristas.

– Por que estou aqui? – sento na cama onde estou, meus ossos estalando.

– Você está dormindo há dois dias. Estava muito preocupado – ele senta ao meu lado e dá uma risada fraca – Parece que tudo está dando errado. Primeiro, você não acorda por nada. E depois... – ele acena com a cabeça para o outro lado da sala.

Olho para ver o que está ali, ou melhor, quem. Encontro Alby dormindo numa cama.

– O que ele está fazendo ali?

– Enquanto você dormia, muita coisa aconteceu. Alby e Minho foram no Labirinto, e ele foi picado. Quando Minho finalmente apareceu, carregando Alby, os muros começaram a se fechar, e era visível que eles não iam chegar a tempo. Thomas quis dar uma de herói e entrou no Labirinto no último segundo.

Minha mente não conseguia digerir todas aquelas informações.

– Quando o dia amanheceu, ninguém esperava que estivessem vivos, mas lá estavam eles. Isso aconteceu há alguns minutos, um pouco antes de você acordar.

Antes que eu pudesse entender tudo o que havia acontecido, escutei um ruído, que me era muito familiar.

– Mais um Fedelho?

Nos levantamos, descemos as escadas rapidamente e andamos até a Caixa. Os meninos abrem as portas, e Newt desce até onde estava o Novato, ou melhor, a Novata.

Reconheci muito bem aquele rosto, com pele branca como leite e os seus cabelos negros.

Era Teresa.

>>>

O que acharam do cap? Ficou confuso ou cansativo?
Até a próxima! sz

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