4. ➹ primeira temp

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Eu devia ter uns seis ou sete anos, e estava correndo loucamente por corredores, ignorando os adultos me olhando e ordenando que eu parasse.

Meus cabelos caíam sobre meus olhos, como cortinas, quando eu virava meu rosto, verificando se não havia alguém atrás de mim.

- Você não me pega! - digo, rindo histericamente, sem parar de correr.

Ao olhar novamente para trás, avisto um garoto dobrando o corredor.

Ele aparentava ser um pouco mais velho do que eu, e tinha cabelos loiros, que balançavam ao vento.

- Desista, maninha! - ele gritava, zombando de mim

Me rendo, sendo vencida pelo cansaço, e logo ele me alcança.

- Você sempre ganha, Newt - finjo que estou emburrada, mas não consigo me controlar e logo começamos a rir.

Quando nos acalmamos, ele me abraça, e eu digo:

- Eu te amo, meu irmãozinho.

- Também te amo, Addie.

>>>

- Novata, acorda.

Ao ouvir a voz de Newt me chamando, me assusto, mas logo ele repousa a mão no meu ombro, me tranquilizando.

- Calma - ele dá um sorriso tímido, que de alguma maneira, me traz segurança.

Controlo minha vontade desesperada de abraçá-lo e revelar que sou sua irmã. Mas que mal faria se eu contasse meu nome?

- Lembrei do meu nome.. É Addie.

- Bem, Addie - Minho começa a falar com ironia - Que bom que se lembrou de seu nome, mas será que podemos dar uma olhada lá fora?

O sonho me fez esquecer completamente do ocorrido.

- Meu Deus, vamos logo! - eu já ia sair do Amansador, quando Minho segura meu braço.

- Ei, ei! Deixe que eu vá na frente.

Talvez ele tenha feito isso por preocupação, mas aquilo me deu nos nervos. Ele sai na frente, e estende a mão para me ajudar, mas recuso.

Quem ele pensa que é? Eu sei me virar sozinha, eu penso, revirando os olhos.

Saio e ajudo meu irmão... quer dizer, Newt.

Ao olhar ao redor, vejo que tudo parece um caos. Plantações destruídas, animais caídos no chão... E o que me deixou mais agoniada, um ou dois corpos jogados no chão, agora sem vida.

Aquela visão me deixou paralisada, sem saber o que fazer. Contra a minha vontade, lágrimas começam a se formar, distorcendo minha visão. Minhas mãos tremiam, e eu soluçava.

Minho foi falar com os outros garotos e verificar se todos estavam bem, me deixando sozinha com Newt.

Eu ainda chorava, e quando Newt foi me consolar, Gally brotou de algum lugar e começou a cuspir palavras idiotas:

- Então é assim agora, Newt? Além de defendê-la, deu agora de consolar ela, em meio a tudo que aconteceu? Tudo estava bem até ela aparecer...

Não sei se foi ódio, raiva, medo, nervoso, ou tudo isso junto, pois comecei a berrar:

- Cala a boca, Gally! Deixa meu irmão em paz!

Mértila.

Só depois de começar a falar percebi a bosta que tinha feito. Eu pude sentir o olhar de todos em cima de mim. Até Gally parecia perplexo.

Newt me olhava com um ar surpreso e confuso, como se estivesse tentando acreditar no que eu havia acabado de dizer.

- Não, eu posso... - comecei a dizer, mas as palavras não vinham.

Pude ver os olhos de Newt ficando marejados.

- Isso.. Isso é verdade? - sua voz saiu trêmula, mesmo com seu esforço de mantê-la firme.

- Sim - olho para os meus pés, suspiro e volto a olhar para ele - Eu tive um sonho, uma visão... Não sei o que foi. Mas parecia muito real. Estávamos brincando, correndo em meio a corredores. Nós éramos crianças, Newt. Ingênuas, felizes.

Newt não proferiu nenhuma palavra, nem nenhum dos Clareanos. Ele tentava digerir tudo.

- Então, quer dizer... Que nós somos irmãos?

Gally interveio:

- Vai acreditar nessa Trolha mesmo?

Não sei o que eu tinha na cabeça, só sei que, antes que ele pudesse continuar, me aproximei dele e dei um soco em seu rosto, descontando todos meus sentimentos confusos nele.

Gally urrou de dor, e todos olharam para mim surpresos, e alguns até tinham traços de sorrisos no rosto.

- Mas que... Alguém ainda tem dúvidas? - ele olhou a seu redor - Ela quebrou uma de nossas regras! Mais um motivo para essa garota ser banida. Nem sabemos quem é ela!

Alguns não disseram nada, mas outros garotos começaram a concordar com ele, e cada vez mais alguns se juntavam aquela ideia ridícula.

Vi que Minho me olhava com um ar indecifrável, inexpressivo. Porém, ele não concordou com aquela loucura.

Busquei apoio em Newt, meu próprio irmão, mas ele olhou para o lado e não disse nada.

- Alguém está contra a essa ideia? - Gally perguntou, mas não obteve nenhuma resposta - Ótimo. Ela vai para o Labirinto ao cair da noite.

>>>

O medo me dominava.

O banimento parecia um espécie de ritual. Alguns Clareanos seguravam lanças, apontando-as em minha direção.

Newt não parecia seguro em relação àquilo, mas não fez nada para evitar que eu fosse largada no Labirinto.

Minho olhava para tudo aquilo com desaprovação, e eu poderia jurar que ele estava prestes a fazer algo arriscado.

Quando os muros do Labirinto começaram a se fechar, fui obrigada a entrar no Labirinto, antes que fosse esmagada.

Quando os garotos afastaram suas lanças e os muros já estavam na metade do caminho, não acredito no que vejo.

No fundo da multidão, Minho sai correndo, desviando dos rapazes, e se esforçando para entrar no Labirinto.

Antes que alguém o impedisse, os muros se fecham, nos entregando para a morte.

>>>

Oi! :) O que acharam desse cap? e.e 900 palavras, quem diria?

Alguém já shippa Minho + Addie? OTP <3

Beijos e até a próxima ^^

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