Capítulo 9

64 5 3
                                    

- Sério? Você vai mesmo? - Rodrigo pergunta animado.

- Claro! Por quê não? - eu rio com a expressão alegre dele e me desvencilho para ir desligar a chaleira que estava pitando há séculos.

- Nossa, não faz ideia de como estou feliz em saber disso. - ele sorri e se oferece para coar o café por mim, sorrio em agradecimento.

- Que bom! Também me alegra saber que está contente. - digo por cima do ombro enquanto pego umas torradas  e outros beliscos de acompanhamento para o café.

- Você vai querer tomar café mesmo ou vai de chá?  Ainda tem água quente sobrando, caso queira.

- A gente pode tomar chá e depois café. - sugeri, arrumando as coisas em um pratinho, ele riu.

- O quê? Por quê está rindo? - indago com um sorriso, colocando uma mão na cintura.

- Você é bem incomum. Acho isso divertido. - ele riu mais um pouco, sacudindo a cabeça.

- Obrigada! Saiba que para mim, isso é um elogio. - dramatizo uma reverência e vou até o armário e pego na gaveta a toalhinha de mesa.

Depois de forrar a mesa, voltou para a cozinha e fico encostada no batente da porta, observando cada movimento de Rodrigo.

"Olhando assim, eu bem me acostumaria com a presença dele aqui. É agradável estar com ele e divertido também. Me sinto bem ao lado dele." Depois de uns instantes ele gira o corpo e dá de cara comigo olhando para ele.

- Quê foi que você tá me olhando desse jeito? - ele dá um meio sorriso que eu tanto gosto.

- Nada. - me ajeito na parede - Só te olhando para verificar se está fazendo tudo direitinho. - brinco.

- E eu passei nesse teste de observação? - pergunta pegando as canecas e levando-as pra sala.

- Hum...Não sei ainda dizer. - falo fazendo bico - Tenho que analisar um pouco mais. - digo trazendo da cozinha o pacote de chá e Rodrigo, a chaleira com o resto de água quente que sobrou.

- Espero não decepcionar suas expectativas, então. - ele sorri e bate continência, eu rio.

- Bobo. - sorrio.

- Linda. - ele diz fazendo um breve carinho em meu rosto e puxa a cadeira para me sentar.

- Nossa, que cavalheiro! - digo fingindo falsa surpresa. - Que bicho te mordeu hoje, hein? - levanto a sobrancelha.

- Sabe que estou me perguntando a mesma coisa? - diz fazendo uma falsa expressão de intrigamento, coçando a ponta do queixo com o indicador.

Peguei as xícaras e as preenchi com a água quente, a chuva caindo, agora, ruidosamente do lado de fora de nossa pequena caixa protetora. Lembro de como eu adorava a chuva quando pequena e de como, aos poucos, se tornou uma velha amiga e confidente de minhas tristezas.

  - Helena, está tudo bem? - Rodrigo toca minha mão delicadamente.

- Sim, por quê não estaria?

- Você fez uma expressão tão triste agora a pouco...- ele acariciou minha mão com o polegar - E está deixando a água quente transbordar. - ele indica a xícara com o olhar.

- Ah! Droga! - paro de inclinar a chaleira e pego um pano para enxugar a mesa, toda atrapalhada. - Desculpa. - desvio o olhar.

- Não tem que se desculpar! Deixa eu te ajudar. - ele pega o pano da minha mão e rapidamente termina - Foi algo que eu disse?

- Não, claro que não! - digo alarmada.

- Então o que é? - ele pergunta e logo muda de expressão - Se não quiser falar sobre, não precisa. Mas saiba que estou a seu dispor! - ele sorri fraco.

Minha Querida Jane - My Dear Jane Onde histórias criam vida. Descubra agora