- VOCÊ O QUÊ?- gritou minha mãe de maneira perplexa.
- Isso mesmo que a senhora ouviu. Farei faculdade de Literatura. - respondi com firmeza.
Minha mãe me olhou incrédula por alguns minutos, não acreditando em minhas palavras.
- Só pode estar brincando...Isso é uma piada de muito mau gosto Helena! - falou transtornada, dando um sorriso sarcástico.
- Não é brincadeira, falo sério. - franzi a testa.
- Ah não! Você não vai jogar sua vida fora por causa de um hobbie. - ela andava de um lado para o outro. - Você tem ideia dos planos que tenho pra você? Da vida que você terá se seguir meus conselhos?
- Conselhos? Estão mais para ordens!- ensaiei em tom acusatório. - E espera...Planos? Que planos? - comecei. - Me jogar pra cima de um filhinho de papai é seu GRANDE plano!? - bufei.
- Filhinho esse que te daria estabilidade e conforto. - cuspiu de maneira perigosa.
- Ser dependente de homem? NUNCA! - gritei. - E disse bem. "Daria". Passado. Me recuso à ser tratada como uma mulherzinha qualquer por causa de dinheiro.- terminei me retirando do recinto, estava me sentindo envergonhada por suas palavras.
Saí tão rápido da casa de minha mãe que não deu nem tempo dela me responder. A deixei sozinha com sua consciência podre.
Meu nome é Helena, tenho 24 anos e vou me especializar no campo em que mais amo, Literatura, contrariando os planos de minha mãe em fazer contabilidade e administração.
A verdade é que eu sou de uma família com certa "posição social", o que gera uma grande pressão por parte de minha mãe em dizer o que devo e como devo agir em diversas ocasiões. O problema é que ela fica me controlando o tempo todo.
Bem, não fica mais.
"Grande plano", bufei entrei meus pensamentos. "Grande plano minha bunda", chutei uma pedra que jazia no chão.
O "grande plano" da minha mãe consistia em me empurrar para o filho de um dos antigos sócios do meu falecido pai. Apesar de eu nunca ter visto o rapaz, ela sempre me fazia ir, desde pequena, aos eventos que eles realizavam no intuito de me exibir e fazer uma propaganda da querida filha única que seguiria os passos do pai, sendo um forte partido para a futura esposa do filhinho do sócio.
"Só de pensar na possibilidade de um casamento por negócios me dá repulsa".
Meus pensamentos foram interrompidos com o vibrar de meu celular. Retirei-o do meu bolso e vi uma mensagem.
"Helena, cadê você? Se esqueceu de mim? '¬¬" . Era de Roberta, minha melhor amiga.
Com a discussão de minha mãe, havia esquecido por completo de nossa saída.
"Estou à caminho." , digitei rápido e rumei em direção ao nosso encontro.
Chegando à taberna, avistei-a logo de cara. Não havia como não reconhecê-la pois seus cabelos ruivos eram de um vermelho tão forte que parecia fazer parte do semáforo.
Ela me viu e balançou um de seus braços em um aceno e sorri em resposta.
Comecei à atravessar o mar de gente até onde estava sentada quando ouvi uma voz masculina abafada ao pé do meu ouvido que fez meus pelos se arrepiarem.
- Boa noite senhorita.
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Minha Querida Jane - My Dear Jane
Lãng mạnHelena é uma mulher apaixonada por livros, em especial por clássicos. Conduzida pelo amor à leitura, ela resolve fazer faculdade de Literatura, indo contra todos os planos que sua mãe a havia reservado. Sua admiração pela escritora Jane Austen...