Capítulo 6

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- E então?- disse se aproximando da cama.

De alguma forma eu me senti intimidada pela presença deste estranho. Quem respondeu foi Rodrigo.

- Nada que seja da sua conta, é claro. - falou calmamente.

- Isso quem determina sou eu. - rebateu autoritário em tom ameno.

- Com licença - tentei chamar a atenção dos dois.

- Não quero interromper o debate das mocinhas sobre de quem é a conta - comecei. - O que me faz lembra que, a conta é minha pois quem paga sou eu e quem determinada...Olha só!...Sou EU também - falei sarcástica. - Mas poderia fazer a gentileza de me dizer quem é você? - me dirigi ao engomadinho, cruzando os braços.

Ele apoiou uma das mãos na ponta da cama, dirigindo um olhar penetrante em mim.

- Desculpe meus modos...Bom dia Helena.- deu um sorriso amarelo - Meu nome é Otávio. Sou um amigo de Rodrigo. - respondeu com certo brilho nos olhos.

- Amigo? - me voltei para Rodrigo - Você tem um jeito de demonstrar amizade de maneira bem estranha.- falei para ele mas servindo para os dois essa conclusão.

- É porque ele não é meu amigo. - disse arrastado, provocando uma risada irônica de seu "amiguinho".

- Ora Rodrigo, deixa de ser infantil!

- Tá bom, tá bom...- cortei o início de uma possível discussão - A questão é: Por quê você está aqui? - indaguei à Otávio.

- Posso?- apontou para a cama.

- Claro. -  em seguida se senta ao lado de minha coxa.

- Abusado... - sussurrou Rodrigo.

- Eu estava passando com meu carro por lá e vi que você estava com problemas. - explicou ignorando o comentário do outro.

- Ok...Mas como sabe meu nome? - tudo aquilo estava estranho demais.

- Esse beberão aí ficou te chamando o tempo todo quando você desmaiou. - revirou os olhos.

Me senti meio sem jeito e lancei um breve olhar para Rodrigo, que avaliava minha expressão.

- Entendi.- balancei a cabeça - Mas isso ainda não faz sentindo. - contestei.

- Não precisa fazer. Basta se sentir grata por eu estar lá e ter te salvado.- diz pondo a mão sobre a minha.

- Desculpe - retirei a mão bruscamente - Mas, pelo o que me lembro bem, não foi você que me salvou. - respondi seca - Se tenho que sentir gratidão, não é por você. - olhei nervosamente para Rodrigo, que parecia gostar de ouvir aquilo, apesar de estar surpreso com minha reação inesperada.

" Talvez nem tão inesperada, já que ele conhece meu jeito". Por mais que eu me sentisse intimidada por esse estranho amigo dele, não cedi tão facilmente.

"Afinal, quem ele pensa que é?"..."Parece um homem de grande dote mas não aparenta ter nenhum grande valor". Esses eram os tipinhos que eu mais desprezava.

- Bom, quem você acha que está cuidando de sua estadia aqui? - perguntou autoritário.

"Eu não estou ouvindo isso", arfei transtornada.

Rodrigo se levantou de onde estava e pela cara, muito provavelmente, queria amaciar a carne facial de Otávio. O impedi levantando a mão e dirigindo um olhar de advertência.

Peguei minha bolsa ao lado da cama, retirei caneta e um talão, rabiscando rapidamente uma quantia, dedutiva, suficiente para pagar o hospital.

- Aqui está. - respondi com o sangue borbulhando em minha veias - Não preciso de seu dinheiro. - joguei o cheque contra o peito dele e num puxão, arranquei a agulha do soro de meu braço.

Minha Querida Jane - My Dear Jane Onde histórias criam vida. Descubra agora