Perigosa Atração (2°Livro)

03.

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Houve uma manhã em que notará sua agitação e sabia que alguma coisa minha mãe estava a aprontar. Algo a perturbava, pois demonstrava-se ansiosa e com o celular em mãos o tempo todo. Era cedo e enquanto eu finalmente lia "Divergente", minha mãe falava discretamente ao telefone.

-Pode ser em frente á universidade! - Cochichou de maneira discreta, me observando volte e meia. -Daqui uma hora!- Disse baixando o tom da voz, no entanto, não o suficiente de tal modo que eu pudesse ouvir.

Voltou-se para mim e fingi estar distraída lendo animadamente. A verdade é que estava mais curiosa em saber com quem minha mãe conversava do que com qual facção Beatrice Prior escolheria. Minha mãe caminhou até mim e disse em um tom sério:

- Vou ficar fora o dia todo, pode jantar no quarto se preferir!

Em seguida subiu as escadas, estava notavelmente estranha. E aquilo me incomodou. Algo relacionado ás tantas ligações que fizera naquela manhã a deixara ansiosa e eu demasiadamente intrigada. A segui até o quarto. Dei duas batidas de leve e como não obtive resposta resolvi adentrar. Dona Demi estava no banho visto o barulho de chuveiro ligado.

Não tenho por hábito ser tão entrona, no entanto naquela situação não poderia ser diferente. Já não era daquele dia que desconfiava de minha mãe. Tinha motivos para desconfiar que ela escondia algo. Avistei o celular em cima da cama e não hesitei em pega-lo e discar o redial. Seria bom saber com quem ela passara a manhã toda a conversar.

Enquanto a chamada era concluída, detinha-me a prestar atenção no barulho do chuveiro. Não poderia em hipótese alguma ser pega em meus momentos investigativos.

"Oi amor...- Sussurrou a voz de homem do outro lado da linha. - Amor, Demi fale estou ouvindo! Demi!"- Insistiu.

"Amor" ?! Eu ouvi direito?! Eu entendi corretamente? De certo sim!

Estava mais que explicado porque ela queria se separar! Tinha um amante. E era com ele que estava indo se encontrar. Desliguei o celular no mesmo instante em que o barulho do chuveiro encerrava-se. Saí deixando o celular no mesmo lugar e corri para meu quarto.

O que acabara de descobrir havia me desmontado. Deixei meu corpo escorrer pela porta trancada atrás de mim enquanto mordia os lábios para não gritar de raiva. Minhas lágrimas escorriam por meu rosto e só podia sentir raiva. Não poderia imaginar que minha mãe tinha um amante. Meu pai sempre fora um marido exemplar e sim, o melhor pai do mundo. Ela não tinha direito de traí-lo ainda mais num momento tão delicado como aquele por qual estávamos a passar. No entanto, para minha mãe seu caso extraconjugal parecia ser mais importante. Desesperei-me sem saber qual atitude tomar, mas algo precisava ser feito.

Nunca imaginara sentir tanto raiva. Disparei a xingá-la atirando tudo a que tinha ao alcance de minhas mãos. Levantei enxugando o rosto com as mãos e limpando os olhos borrados de rímel. Passara pouco mais de dez minutos quando me veio uma idéia. Ouvi o barulho do carro de minha mãe saindo. Estava a ir se encontrar com seu amante enquanto meu pai enfrentava uma doença destruidora. Ela havia causado toda aquela dor. Desci as escadas correndo e chamando pelo motorista que prontamente apareceu na sala antes que eu terminasse de descer todos os degraus.

E prontamente Thomas estava ali a realizar meus desejos. Adorava provocá-lo, mas naquele momento ele me serveria para desmascarar minha mãe. Meu pai o mataria se soubesse de suas, ou nossas intenções, mas para algo útil serveria.

-Thomas...preciso sair!- O informei caminhado para saída. - Pegue o carro rápido, agora! Rápido!

- Ok...! -Disse com olhar assanhado afastando-se.