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Fechando a porta, Elena encostou-se, com medo pois Stefan Salvatore estava agora em sua casa. Apesar do seu súbito apelo de perdão e a sua afirmação de que ele nunca machucaria Caroline como havia feito antes, ela tinha dificuldade de acreditar nele. A imagem do assombro de uma Caroline ensanguentada tropeçando para o chão na noite em que ele a tinha atacado ainda a incomodava.  Era uma memória que ela não podia apagar e que sempre que o via ressurgia.

O riso que pertencia a Caroline viajava através da casa e a dolorosa sensação de ficar enojada invadia-a novamente. A protecção que ela queria ser capaz de lhe fornecer como sua melhor amiga, agora não a podia fazer. Ela não era um par para um vampiro. Tudo o que ela podia fazer era esperar o melhor, afinal Caroline estava feliz com ele. Talvez, apenas talvez ele não fosse tão mau como ela assumiu. No entanto, ele poderia ser muito pior.

Com a sensação de derrota, Elena abriu a porta da frente de novo e saiu. O céu estava claro e sol quente brilhava contra a sua pele exposta. Os brilhos dourados do seu vestido cintilavam sob a luz do sol fazendo-a brilhar. Era num momento como este que desejava que Damon pudesse ler a sua mente perto ou longe. Ela precisava de se apoiar nele, mesmo que ele não fosse do género de homem que dava o seu ombro para chorar.

Elena tomou uma respiração profunda e longa de ar fresco e fechou os olhos. Como é que a minha vida se tornou tão louca?

Há apenas umas semanas atrás, ela era a mesma velha Gilbert de sempre. Fazendo pedidos, atendendo e trabalhando no seu emprego de empregada de mesa. Ela vivia o dia à dia de se preocupar com as pequenas coisas e agora ela preocupava-se com coisas que ela nunca sonhou. A emoção que acompanha ver Damon Salvatore é uma coisa atrás da outra. A sua vida estava para além de diferente mesmo que ela queira gritar, chutar, com as coisas que ela não podia controlar, havia uma coisa que com certeza ela não poderia viver sem agora, Damon. Ela sabia que não deveria pensar em correr para ele sempre que as coisas ficavam feias, mas para quem poderia correr? Caroline normalmente era a pessoa para que ela correria em qualquer situação que precisasse de um parecer ou ajuda, no entanto, ela era parte do problema agora. Damon era a sua única esperança e ele era tão confuso que ela nunca sabia qual seria a sua reacção. 

Um grito de terror chegou aos seus ouvidos e Elena se assustou. Todos os seus reflexos e sentidos correram e ela avançou rapidamente pela porta e subiu as escadas. Caroline estava de pé no corredor olhando para o quarto dela. O seu corpo estava pressionado contra a parede e havia puro terror no seu rosto.

Não! Elena desmoronou quando percebeu que algo terrível se estava a desenrolar por trás da porta do quarto de Caroline. Onde diabos estava Damon quando ela precisava dele... novamente?

- Caroline. - Elena suspirou e correu jogando os seus braços em volta dos ombros para protegê-la.

- Tu estás bem? - Disse Stefan numa voz calma. Espreitando pelo canto do olho esperando ver o vampiro selvagem em que Stefan se havia transformado, ela viu um Stefan normal. Espera, se Stefan não era o sanguinário e pronto para atacar, então porque Caroline se assustou quase até à morte?

- É inofensivo. - Ele disse curvando-se com um pedaço de papel e agarrou a criatura de oito patas preta. Uma aranha? Ela estava a pirar por uma aranha? Elena separou-se da sua amiga e sentiu-se estúpida.

Stefan abriu a janela e sacudiu o papel deixando a aranha voar para o seu devido lugar. Fechou-a e virou-se à procura de uma reacção exagerada de Caroline para ela. Ela tinha assumido rápido demais que o grito horrorizado vindo de Caroline era por causa dele, quando na realidade era o seu verdadeiro medo dos seres rastejantes que a tinha perturbado.

Mas ela tinha o direito de assumir, não era? Damon não foi o único a mexer com o seu estado de espírito, agora Stefan também. Tudo o que ela via era puro mal, mas havia uma pequena quantidade de remorso que brilhava pelo bem. Isto tinha que ser teatro. Tinha que haver um motivo alternativo para ele se ter esgueirado com Caroline, de repente. Ele simplesmente não parece certo. 

- Estás bem? - Ele perguntou retirando o olhar suplicante de terror dela.

- Ugh, odeio aranhas. - Caroline se encolheu e lançou-se sobre ele. - Obrigada por te livrares dela, embora eu preferisse que a tivesses esmagado.

- Só porque te parece assustadora não significa que seja. - Stefan disse como se ele não estivesse apenas conversando com Caroline ou apenas sobre a aranha. - As coisas que mais temes, por vezes, estão apenas na nossa cabeça. E até que possamos compreender, é quando podemos aceitar e deixar de temer.

O desconforto e ódio cresceu dentro de Elena enquanto ele falava. Ele estava a tentar que ela se sentisse culpada por acreditar que ele era o tipo mau. Ela não queria lidar com isso, não agora. Deixando-os a compartilhar o seu momento de espectáculo, ela saiu e trancou-se no quarto até Damon chegar. Ela esperava que ele não demorasse muito tempo.    

Fifty Shades of Salvatore (PT-PT)Onde histórias criam vida. Descubra agora