69:| (Precious number) A Salvatore History lesson part:2

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A sala estava iluminada por duas luzes simples: a do candeeiro na sua mesa, e a da esquina da estante. Mesmo com luz a divisão nunca pareceu tão escura. Era como se uma nuvem de perturbação estivesse a pairar sobre os dois e crescendo a cada minuto. O passado de Damon era um botão que não gostava de ver pressionado e agora, quando ela falou, ela viu que ele estava a tentar mudar de assunto. 

- Porque é que sempre me desafias, senhorita Gilbert? - Damon perguntou ainda embebido no momento de frustração misturado com uma pitada de sarcasmo. 

- Eu desafio-te porque sou curiosa. - Ela tentou afastar a sua pobre tentativa de afastar a conversa. Ele não poderia controlar a discussão, não desta vez. - Estou curiosa por saber mais sobre ti. Porque sentes assim tanta falta desses dias sombrios? Porque eu te lembro a tua ex? Porque és um vampiro? Porquê eu?

Caindo na poltrona, Elena mergulhou profundamente nela. Sentiu-se ofegante, deixando-a a pensar em casa pensamento. Ele foi a primeira pessoa que ela já sentiu como se pudesse falar e discutir tudo o que ia  na sua mente. O seu temperamento e a sua personalidade forte eram muito semelhantes a outras que conhecia, mas por algum motivo com ele, sentia-se capaz de o fazer. Isso a surpreendia cada vez que ela o desafiava ou deixava os seus pensamentos internos escaparem, mas mesmo com vergonha de o fazer, o seu novo eu despertou. Ela não era mais a Elena Gilbert que conheceu toda a vida. Ela estava a mudar. Ela estava a crescer. 

- Eu não me debruço sobre o meu passado. O meu passado está no passado por alguma razão. - Ele murmurou sentando-se na borda da mesa agora. - Porque razão queres saber mais sobre mim?

Elena baixou a cabeça e juntou as mãos. - Tu pareces querer saber da minha vida com tanta frequência e facilidade, que eu acho que pelos menos poderia saber algo sobre ti. - Ela o observou com cuidado. Ele estava distante e colocava uma parede entre eles. Essa parede tinha de descer, mesmo que isso significasse que ela tivesse de a partir. 

- Eu levei uma vida muito aborrecida. Eu morri jovem, tornei-me num vampiro, e agora sou um bilionário muito bem sucedido! - Exclamou e cruzou os braços. Aqueles olhos azuis gelados dele estavam focados com tanta força e posse sobre ela que ela se encontrou contorcendo no assento. Damon parecia ameaçador e frio. 

- E a tua família, ou, como te tornaste vampiro? - Ela o forçou com as suas perguntas ansiosas, mas recebeu uma resposta resiliente.

- Não! - Ele afirmou. - E não há discussão. 

Ficando cansada dele esquivando-se de pergunta trás pergunta, Elena sabia que tinha de tomar medidas drásticas. Ela apertou a mandíbula e pensou arduamente na acção que faria possível  para que ele finalmente aceitasse algo. - Tudo bem. Tu sabes ser um bruto teimoso às vezes. Se tu não me vais dizer nada, eu tenho a certeza que o teu irmão, Stefan dirá.

A sua tentativa de o fazer ceder estava a funcionar. A tensão na sala mudou e Elena sabia que mais um passo deveria ser tomado para que isto funcionasse. Ela se levantou da cadeira como se estivesse prestes a sair e para sua surpresa o seu corpo estava pressionado no dela. Ele olhou para ela, com o fogo dançando em seus olhos e a sua mão agarrou fortemente o seu braço. Era quase doloroso.

- Se falares com ele - Ele falou num tom baixo. - Eu vou perder-te para sempre. E eu não quero isso. ~

- Então apenas diz. - Ela choramingou sobre a sua frase e sentiu os seus joelhos serem dobrados.

- Senta-te - Damon exigiu e ela caiu do seu aperto de volta à poltrona. - Eu vou-te dizer o que eu quero que tu saibas. Depois disso, prometes deixar de me pedir factos da minha vida?

Ela inspirou fundo e respondeu. - Tudo bem.

Damon voltou para o mesmo local na mesa, onde ele se sentou e se inclinou para a frente. Os seus olhos estavam no tapete como se ele estivesse observando uma história desbotada. - Eu cresci aqui, em Mystic Falls com a minha mãe, o meu pai e Stefan. Eu nem sempre era a melhor criança que um pai podia pedir, mas nos dávamos bem quando necessário. O meu pai... ele era duro comigo. Sempre dizia que eu não cumpria com as expectativas de um Salvatore. Eu explodi. Eu disse algumas coisas das quais não estou orgulhoso, mas elas precisavam de ser ditas. O meu pai era o meu maior critico.

- Tu odiavas-o. - Elena sussurrou.

- Odiar é uma palavra forte. Desprezar, pode ser melhor. - Ele sorriu maliciosamente. - E sem interrupções. Eu disse que iria falar e se tu continuares a interromper, eu vou parar. Sou claro?

- Como o cristal.  - Ela disse sentindo-se como uma criança sendo repreendida. Talvez as qualidades severas estivessem agora a transparecer no seu filho mais velho? Apenas a partir da pequena descrição dele, ela poderia dizer que Damon era mais parecido com ele do que ele desejava ser. 

- Eu pensei que poderia mostrar ao meu pai que eu era o filho que ele tanto esperava quando ingressei na guerra. Na época eu servi, mas não por muito tempo. Eu fui afastado pelas minhas indiscrições  e tive que voltar para casa. Vamos apenas dizer que o meu pai não ficou emocionado. - Damon continuou pela estrada da memória por ela. Ele estava amargo e estava a tornar-se mais evidente quanto mais explicava o seu passado. - Quando voltei para casa, o meu pai estava ainda pior, e a minha mãe nunca realmente disse muito. Ela sempre se escondeu no fundo. Ela era uma mulher boa e amorosa, mas não tão forte quanto eu esperava que ela fosse.

Um momento de silêncio veio depois disso. Damon endireitou-se e caminhou até ao armário do licor. Ele serviu um copo e caminhou lentamente de volta para o lugar dele. 

- Enquanto eu estava fora em serviço, o meu irmão se envolveu com uma mulher. Ela era orfã e morava com a sua família nas proximidades. Ela era linda, confiante e sedutora. Naturalmente, eu estava atraído por ela, mas ela era a mulher do meu irmão, então eu deixei de estar.

Damon tomou um gole do seu licor escuro e engoliu. Ela podia sentir o seu coração batendo devagar, mas com um golpe proeminente. A sua história era  intrigante e ela sabia que com a ajuda do álcool iria ficar mais detalhada. 

- Até uma noite, em que após o jantar, a encontrei no meu quarto. Fiquei assustado, e pedi que fosse embora, mas ela recusou. - A tristeza na sua voz se tornou em raiva quando falou da memória. - Ela disse-me que secretamente estava querendo falar comigo por algum tempo, mas não podia por causa de Stefan. Então ela me beijou.

- Ela traiu Stefan contigo? - Elena perguntou sabendo que tinha escorregado mesmo antes de conseguir parar. Ela apertou os lábios e olhou para Damon para pedir perdão.

- O que eu disse? Mais uma observação da tua parte, senhorita Gilbert, e eu me certificarei de cuidar de ti mais tarde. - Ele confirmou a sua aversão à sua interrupção, mas ficou calmo.  Ela esperava que ele explodisse de algum modo. Em vez disso, ele lhe deitou um olhar que a fez fechar os lábios e apertar as pernas bem juntas, porque a sua expressão estava quase que a excitando.

 Ele acariciou o copo com a mão e continuou. - Não estou orgulhoso do que estou prestes a dizer, mas fiz isto porque sou um estúpido. Depois de me beijar, pedi-lhe que saísse novamente, mas então ela me beijou de novo. Para tornar as coisas rápidas, começamos a ver-nos nas costas do meu irmão por algum tempo. Ele não soube até que ela contou para ele. Sabendo o que eu sei agora, deveríamos de a ter posto na rua, e nunca ter permitido que brincasse connosco assim, mas em vez disso, decidimos lutar por ela, e no fim, acabámos inimigos.


Fifty Shades of Salvatore (PT-PT)Onde histórias criam vida. Descubra agora