No domingo, dias depois que foram pra casa da dona Bashira, Gabriely acordou mais cedo que todos, passou o ferro a brasa no único vestido preto, colocou um véu também preto, arrumou a cozinha, varreu o terreiro em volta da casa e colheu água no barreiro próximo... ferveu o leite que Cornélius tinha tirado antes dela acordar, viu pela janela o menino chegando das colinas onde levava as cabras para pastar, já que o sol escaldante dos últimos dias tinha queimado todo o pasto da campina.
Cornélius entrou, e da porta viu a menina à beira do fogão encostada esperando o leite ferver, ele chegou devagar e colocou as mãos na cintura dela e a beijou de leve o pescoço. O gesto dele a fez pular do outro lado da cozinha, feito gata arisca que era.
— que é isso Cornélius? Já te falei que não gosto dessa sua brincadeira, pare per favore.
— calma, minha liewe!.
— já te disse que não sou tua querida — o rapaz insistia em se aproximar dela.
— que é isso Gaby? você não precisa agir assim, já te falei, você é minha vriendim.
— não sou não, eu não quero você como meu namorado. Não serei sua esposa.
O menino fingiu que desistiu da investida, sentou à mesa e falou com voz grave.
— que casamento, Cornélius? Não vou casar com você, mesmo que o Benetto mande, não caso.
— deixa de bobagem, anda, me serve uma xícara de leite que tenho que ir trabalhar. Vai treinando para quando for minha vrou.
— não vou servir nada. E pela última vez, não sou sua esposa e não serei nunca... ouviu?
Ela largou tudo na mesa e ia saindo quando o rapaz a segurou pelo braço e falou sério e em tom baixo e rouco.
— Gabriely, me sirva, pois você está aqui de favor na minha casa, me deve obediência. E depois eu falo para o Benetto sobre nós dois...
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Brasiliana a menina em Riace
RomanceO livro de autoria da escritora Nanda Gois, nos leva à dramática história de Gabriely, uma garota que vive numa pequena cidade italiana, cuja origem encontra-se voltada em grande mistério. Gabriely é criada pelo pai, Victorio...