Capítulo 17 O PAVOR DE GABRIELY

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                       Ele estava conversando com a mulher quando Gabriely, segurando numa bengala improvisada, com o Cornélius e a Latifah sentaram à mesa para ouvir. O rapaz continuou com os papéis constando coisas que a Gabriely nunca imaginou:

— Depois que a Gaby saiu correndo pra chamar o padre, o mio papa me fez um pedido e me entregou um pacote que trazia escondi-do nas coisas dele. Me disse que eu só podia entregar esse pacote com uns papéis dentro para a Gabriely quando ela ficasse de maior, aí ela podia decidir o que fazer da vida. Enquanto isso não acontecer, eu sou responsável por ela... Ele disse que um dia ia aparecer alguém que-rendo tirar a Gaby de mim e nesse dia eu deveria fugir com ela para ninguém a encontrar. Me pediu que não a deixasse estudar na cidade. Não entendi o medo do meu papa, mas agora com essa estou assustado. A menina levantou-se apoiada na vara e abraçou o irmão, chorando.

— Benetto, não quero me separar de ti.

— Gaby, eu decidi que não vamos mais morar aqui, hoje fui falar com o patrone e ele me disse que está precisando de descarre-gador lá em Reggio, me dá 2,5 por dia e me paga 500 por mês, com direito a um quarto e comida. É a minha oportunidade, posso juntar pra fazer uma casinha e ir morar lá com a Latifah e Gaby. E depois mando buscar todo mundo.

— Não sei o que dizer, Benetto. Mas visto isso, não vejo outra alternativa a não ser vocês mudarem pra lá sim, eu mesma penso em sair daqui e ir pra Reggio — aconselhou a senhora.

— Calma, aí, mocinha! Você e a Latifah não vão agora, vou trabalhar todo o verão lá e depois eu volto pra casar e levar a Latifah.

A menina não aceitou, falou chorando:

— Não Benetto, não me deixa aqui, quero ir com você, só tenho você, e se nunca mais eu te ver?

— Gaby, não fala assim, eu vou amanhã, mas no final do mês eu volto trazendo o dinheiro pra ajudar. Talvez não seja nem preciso demorar tanto, se eu conseguir um lugarzinho que dê pra todos, os levo quando voltar.

O rapaz foi até o quarto que dormia e voltou com um pacote, entregou a Gabriely.

— Toma, foi o que o nostro papa deixou pra você.

Mesmo chorando, a menina abriu o pacote e viu uma pasta de couro e dentro alguns papéis, documentos antigos do velho, que ela não mexeu, encontrou uma certidão de nascimento em português, não quis ler. Fechou tudo e deixou em cima da mesa.

— Gaby, você não vai ler pra gente o que tem nesses papéis? Eu não li porque não sei juntar as letras e aí tem muita — disse o Benetto.

— Não quero ler nada que foi do nostro papa. Ele mentiu pra mim, quando disse que eu não tinha registro e aqui tem um escrito em português. Não sei ler assim, tenho que traduzir. Portanto não quero saber de nada. Não quero que você vá, Benetto.

No dia seguinte todos levantaram cedo para se despedirem do rapaz, menos a Gaby que acordou com febre de novo, era assim toda vez que ela tinha qualquer contrariedade, lá vinha a febre. E nesse dia não foi diferente.

No coração da menina tinha um aperto forte que lhe dizia que nunca mais veria o seu irmão, seria uma longa despedida e fica-ria muito tempo sem vê-lo.

Brasiliana a menina em RiaceWhere stories live. Discover now