Capítulo 15 UMA VIDA DE ABANDONO

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                                 Ela sabia que era sério, mas por que aqueles homens tinham feito aquilo? Afinal eram só duas crianças abandonadas — pensava muito apreensiva aquela mulher

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                                 Ela sabia que era sério, mas por que aqueles homens tinham feito aquilo? Afinal eram só duas crianças abandonadas — pensava muito apreensiva aquela mulher. "quanto perigo correu aqueles meninos" — refletia, enquanto acolhia as crianças em-

baixo de suas enormes asas de águia.

Colocou um pouco de leite pra ferver e em silêncio os serviu com um pedaço de pão adormecido, era tudo o que tinha em casa, mas aqueles meninos precisavam agora mais do que os seus.

Chegou próximo aos dois e colocou as mãos nos ombros dos meninos, apertando com carinho. Mesmo em silêncio falou tudo para eles com apenas um gesto. Deu a volta, sentou-se em frente e falou bai-xinho, pois não queria acordar os seus filhos àquela hora a sono solto:

— vamos, comam tudo, sei que não é muito, mas vai lhes aquecer — a menina tomou o leite, como se tivesse gelado, mas re-jeitou o pão. O rapaz nada comeu, com a cabeça entre as mãos, não queria que a irmã o visse chorando, levantou e foi até o fogão, colo-cou as mãos para sentir o calor das brasas.

— Benetto, senta aqui. Venha me falar o que aconteceu para vocês estarem aqui a essa hora e com essas bolsas.

Antes que o rapaz abrisse a boca, Gabriely falou meio confusa:

— tia Bashira! Eu não sei o que aconteceu, já estava dormin-do quando o Benetto me acordou e disse que pegasse tudo que era

A mulher vendo que a menina não tinha entendido nada do que tinha acontecido, levantou e a levou para um cantinho do quarto onde dormia a Latifah e dois dos pequenos... Eram dois colchões de casal, um colocado sobre o outro no chão. A mulher como uma gali-nha choca que acolhia os pintinhos de outra mãe, mandou ela deitar com jeitinho pra não acordar os que dormiam. Demorou um pouco junto da Gaby que não conseguia dormir. Então a mulher se ajoe-lhou e segurou a mão da menina, ficou ali até ela se sentir melhor e mais segura, virar do lado e dormir.

D. Bashira voltou para a cozinha, sentou em frente ao rapaz que ainda estava no mesmo lugar.

— Benetto! Agora me fala, o que realmente aconteceu? Perdido em pensamentos, custou a responder, depois como se

acordasse de um pesadelo respondeu vagarosamente:

— nem mesmo eu sei direito o que aconteceu, só sei que hoje foi um dia daqueles... No trabalho quase fui engolido por uma montanha de carvão que desceu como avalanche e não me soterrou por pouco. Depois a Gabriely chegou dizendo que tinha desmaiado na casa da signorina Rosa. Por sinal esse saco de compras aí foi ela que nos deu. A gente já estava deitado quando parou o carro daquela família lá, que o papa sempre dizia que a gente tinha que ficar longe. O próprio sottocapo veio fazer o serviço.

— como você sabe que era o sottocapo, podia ser um soldati qualquer você não conhece esse tipo de gente.

— o que foi, menino?

— ele falou que o trato que a família tinha era com mio papa, agora que ele morreu, se eu quisesse assumir o lugar que foi do meu papa, ele ia me ensinar. Será dona Bashira, que mio papa era um...

Não quero nem pensar que ele escondia isso de mim. Afinal, quem era o velho Victorio? Nunca me falou nada sobre a vida dele.

— Benetto, não se atormente mais, o que está feito, está feito, não podemos lutar contra esse povo. Vivo morrendo de medo deles chegarem aqui e tomarem a minha casa, pois pela vizinhança já foi feito isso com muitos dos vizinhos. Venha, pegue o colchão e ponha do lado dos meninos, vá dormir, daqui a pouco vai amanhecer e com o dia os pensamentos são mais claros...

Brasiliana a menina em RiaceWhere stories live. Discover now