O livro de autoria da escritora Nanda Gois, nos leva à dramática história de Gabriely, uma garota que vive numa pequena cidade italiana, cuja
origem encontra-se voltada em grande mistério.
Gabriely é criada pelo pai, Victorio...
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Um mês e quinze dias depois do último telefonema, Lucci foi acordado por um carro oficial que chega em sua porta. Logo desceram três homens de paletó preto, o delegado e uma moça ainda jovem. Lucci já sabia do que se tratava, mas mesmo assim
seu coração apertou, pois já havia se afeiçoado muito à menina. Depois de uma breve apresentação, a mulher mostrou ao homem todas as autorizações possíveis e disse que levariam a Gabriely com eles, ficaria sob a custódia do Consulado até que toda a documen-tação estivesse pronta. Ele estava muito preocupado com a integridade mental da garota, sabia que ela era muito frágil e inocente. O homem e os visitantes foram para uma ala reservada da casa onde por longo tempo conversaram e discutiram uma estratégia de como convencer a menina de ir com eles sem que ela tivesse de ser levada à força.
— me diga senhorita como vai ser? Gosto muito da Gabriely, a Maria e eu já nos acostumamos com ela e sabemos o quanto a me-nina é ingênua e doce, ela já esteve sob forte tensão quando chegou aqui, agora se sente da família e sei que ela não vai confiar em vocês. E ainda mais com o Roberto aqui, ela tem medo dele levá-la de volta para a cadeia.
— bem, se é assim, então vamos começar a preparar a menina para a viagem... Faremos o seguinte, ela desde que chegou fala que pre-cisa ir para Reggio encontrar o irmão que foi pra lá para trabalhar, se eu falar para ela que vocês são meus amigos e que vão dar uma carona pra ela, que eu confio em vocês, garanto que não vai se recusar.
— então vamos fazer isso. Me leve até ela.
— por que vocês não ficam aqui até depois do almoço, todos almoçamos e à tarde vocês viajam? É o tempo que ela os conhece melhor e adquire confiança.
— é, pode ser, além do mais não nego que viajamos à noite e estamos mesmo cansados — reclamou a mulher se rendendo ao chei-ro da comida da Maria.
Todos concordaram e o homem levou a Soyra até o quarto da menina. Ela entrou e ficou na porta observando a Gabriely arrumando a cama e cantarolando uma canção infantil. Quando a menina se vi-rou, Soyra quase caiu de costas, deu um passo atrás e tentou segurar na porta, a semelhança da menina com outro membro da família era impressionante, não deixava dúvida nenhuma. A moça respirou fun-do e entrou no quarto acompanhada pelo Lucci.
— Gabriely, esta é uma amiga minha, o nome dela é Soyra.
A menina estendeu a mão e inclinou a cabeça num gesto bem caipira e tímido. A moça não tinha reação, estava petrificada com a visão, com muito esforço cumprimentou a menina e não se conteve a abraçou como uma velha amiga que não via há muitos anos. A menina sem entender não teve reação nenhuma, se afastou e sentou na cama, meio envergonhada com o abraço daquela estranha.