Capítulo 6 A ISSO NÃO CHAMO INFÂNCIA

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                               Na mata cheia de galhos secos e espinhos, a menina pisava descalça num tapete de folhas secas, que não machucavam os pés já calejados com aquelas tarefas duras do dia a dia.

Juntava varas secas, algumas quebrava com as mãos e o joelho, ia juntando num canto uma em cima da outra, no final pegou um cipó e amarrou em um feixe toda a lenha que tinha juntado. Depois saiu catando mais gravetos pequenos, procurava uns que tivessem alguma forma, de bicho ou que se parecessem com gente. Era assim que ela brincava, pegava pequenos gravetos que às vezes tinham forma de um boneco, com cabeça, tronco e braços, levava pra casa e nas horas vagas quando não tinha nada pra fazer, pegava uns pedacinhos de tecidos rasgados de alguma roupa velha do pai ou do irmão e fazia roupinhas, colocava lenço na cabeça das bonecas e assim por pouco tempo era uma menina como outra qualquer, com os mesmos sonhos e os desejos de um dia ter uma boneca de verdade. Sentada em uma pedra grande, brincava despreocupada, ouvia o canto dos poucos pássaros que resistiam aos dias indecisos do inverno. A tarde estava passando rápido, o vento frio vindo das colinas começava a soprar manso sem muita pretensão, o tempo começou a esmaecer e a brisa do mar com aquele cheiro de água salgada, lhe chegava as narinas, Gabriely havia saído de casa desprovida de qualquer agasalho, apenas um vestido de algodão velho e um avental surrado, sem sapatos... Sentiu o sopro gelado da brisa do mar lhe fazer cócegas nos braços, ela se arrepiou toda e passou as mãos nos braços, esfregando-os para se esquentar. Olhou o tempo fechando a cara por trás das montanhas. Levantou rápido, pegou os gravetos, colocou no bolso do avental os seus projetos de brinquedo, respirou fundo, pegou o lenço que trazia na cabeça e dobrou várias vezes fazendo uma almo-fadinha, jogou por sobre os ombros e pôs pesadamente o feixe por cima desse mesmo ombro, era muito pesado,machucava, mas ela já estava acostumada, não reclamava, pois sabia que se não fosse ela, quem faria o serviço? Seu irmão passava o dia todo trabalhando nas carvoarias, isso sim era serviço duro para um garoto de 13 anos, que passava o dia carregando toras de madeiras e enchendo os sacos de carvões recém-saídos do fogo; o irmão sempre chegava à noite todo sujo de fuligem e todo preto tingido pelo carvão, seu rosto era uma mistura de vermelho queimado do fogo e preto de tirna. Ela também tinha como obrigação levar o almoço para o irmão na carvoaria, às vezes subia as grandes montanhas fumegantes onde ficava toda aquela lenha enterrada e era queimada, deixando nuvens escuras e um cheiro sufocante de fumaça no ar...     


Já que amanhã é feriado resolvi postar mais um pedaço do capítulo 7. Peguem os lenços.

Amigos leitores só tenho a agradecer e pedir para comentarem e deixarem um like.  Em breve tem mais...


Brasiliana a menina em RiaceWhere stories live. Discover now