O livro de autoria da escritora Nanda Gois, nos leva à dramática história de Gabriely, uma garota que vive numa pequena cidade italiana, cuja
origem encontra-se voltada em grande mistério.
Gabriely é criada pelo pai, Victorio...
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No outro dia saiu cedo para o escritório na ONG. No seu coração algo dizia que o homem que estava na certidão de nascimento da menina era o mesmo que conheceu, não era só coincidência. Não sabia por que esse assunto o preocupava tanto, talvez por ter sido acusado de chantagista injustamente. Precisava ir até o fim dessa história, que lhe parecia ser apenas a ponta de um enorme iceberg.
Sabia e sentia que aquela menina tinha algo daquele homem tão duro que conheceu meses atrás. Mal sabia ele que o seu telefo-nema tirou o sono da esposa daquele homem duas noites seguidas.
A mulher passou a noite toda em claro pensando no telefone-ma que o marido recebeu e fez descaso. Ela sabia que aquele homem que ligou no dia anterior podia saber alguma coisa sobre o paradeiro da Gabriely.
Não sabia o que fazer, precisava descobrir, mas não podia ela mesma ligar para o tal homem.
Era arriscado, nesses últimos dez anos muitas foram as pistas falsas, os trotes e as chantagens que a sua família sofreu em relação a esse assunto. O marido podia ter razão, mas se não tivesse talvez valesse a pena correr atrás de mais uma pista, só essa, se não fosse, tudo bem. Mesmo sem saber o que fazer, assim que o marido desligou o telefone ela correu e recuperou a ligação, guardando o número e o nome da pessoa. Quando amanheceu, logo que o marido saiu para o trabalho, não suportou mais a angústia e ligou para o Brasil. O seu filho era o único que poderia compartilhar com ela aquela angústia.
O casal dormia tranquilo, foi acordado com o telefone. O ho-mem sobressaltado pegou o telefone antes que a mulher tivesse chan-ce de se mexer.
— alô!
— Felipe!
— mãe! Aconteceu alguma coisa?
— perdão, filho, te acordei? Esqueci que estava na Turquia. Desculpe.
— mãe! O que aconteceu? Cadê o papai, ele está bem? E você como está, melhorou?
— Felipe, fica calmo, está tudo bem, seu pai foi para o escritó-rio e eu estou bem melhor...
Mais aliviado, o homem respirou fundo e olhou para a mu-lher que também aflita o cutucava pra falar com a mãe dele.
— mãe! Eu tenho uma novidade para lhe contar que vai dei-xar a senhora muito feliz.
— se for sobre você e a Renata terem voltado, já sei, não é novidade.
— como você sabe?
— quem você acha que aconselhou a ela lhe dar uma segunda chance, hein?
— Só podia ser, vocês duas sempre falando de mim às escondidas.
— filho! O que me fez ligar para você a essa hora foi o fato de ontem, ou melhor, antes de ontem, seu pai ter recebido um tele-fonema muito estranho, ele não deu a menor importância, mas eu não tenho dormido desde então. Um homem ligou para ele perguntando se ele tinha uma filha fora do casamento...