O livro de autoria da escritora Nanda Gois, nos leva à dramática história de Gabriely, uma garota que vive numa pequena cidade italiana, cuja
origem encontra-se voltada em grande mistério.
Gabriely é criada pelo pai, Victorio...
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O interrogatório durou muitas horas e ela não aguentava mais repetir tudo por várias vezes, estava muito cansada... O homem percebeu e com muita bondade pediu ao amigo para parar.
— Roberto! Vamos parar com esse interrogatório, não vamos chegar a lugar nenhum, essa menina não sabe de nada. Vou fazer o seguinte, preciso tirar essa dúvida, vou ligar para o meu amigo e perguntar... Se ele sabe de algo ou é só coincidência.
O delegado levantou, pegou no braço da menina e a levou de novo para a cela. A tristeza de não ter sido libertada chegou ao topo da amargura; quando viu a grade se fechar, ela se jogou no chão e se debateu aos gritos, que não foram ouvidos por ninguém.
Lucci se retirou para outra sala na delegacia e arriscou com certo temor de abordar o amigo com um assunto tão complicado, mas precisava tirar a dúvida. Se não fosse nada, pediria perdão e iriam procurar outra solução para o caso.
— ciao! Per favore preciso falar com o senhor Álvaro Fon-tenelle — a moça que atendeu lhe fez várias perguntas e demorou muito até chamar o seu patrão.
— alô! Lucci, deixei de lhe informar alguma coisa na nossa última conversa?
— não, meu amigo, é um assunto mais delicado, que surgiu com seu nome.
Curioso, o empresário sentou e começou a ouvir, ao lado da esposa.
— mio amico, você por acaso teria uma filha fora do casamento ou desaparecida?
O homem levantou enfurecido e gritou uns desaforos para Lucci, que ficou sem saber o que dizer, tentou se explicar, mas o homem não deixava o outro falar.
— filhaaaa!! Que filha? Por que você está me perguntando uma coisa dessas? Por que você está querendo dizer com isso? Por acaso está querendo me chantagear? Nunca tive relacionamento fora do casamento. Esse seu golpe não funcionou. O que você tá pensando, que eu sou burro é? O que você quer com essa pergunta? Te chamei de amigo e você vem me ofendendo assim. Me enganei com você. Pensa que posso ser enganado com esse seu truque. Até estou vendo, você vai me dizer que encontrou uma menina que pode ser minha filha e que em troca devo abrir um resort na sua cidadezinha fantasma e empregar um bando de refugiados analfabetos... Você pegou o trouxa errado. Sou macaco velho nesse negócio. Olha aqui, se você ainda me ligar vou acionar a polícia internacional e denunciar você por tentativa de chantagem. Ora, me poupe! E passar muito mal senhor. E me faça um favor de nunca mais me ligar, entendeu?
— calma, senhor! calma, deixa eu explicar, me perdoe, mas
é que na delegacia prendemos uma menina que tinha uma certidão de nascimento com o seu nome ou de um homônimo seu, como pai. Desculpe se não era o senhor. Por favor, não me leve a mal. Me perdoe, não quero lhe ofender.
O homem de tão zangado não quis mais ouvir nada e desligou. A mulher, curiosa com aquela conversa que deixou o marido
tão nervoso, quis logo saber do que se tratava:
— Álvaro! O que foi? Por que você está assim tão nervoso?
