Um dia quase Golden (Parte I)

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Eu nunca amei tanto trabalhar. Talvez porque eu nunca tenha encontrado o emprego certo, até agora. Depois que eu ajudei Erick à tarde inteira na floricultura, eu percebi a minha vocação. Por mais impaciente que eu seja, eu conseguia ser gentil com as pessoas de lá. E sinceramente, eu adorei.

Depois do trabalho, ele me levou a uma lanchonete para comermos alguma coisa, já que ambos repartimos a ganância pela fome. Coisa fofa.

-Você está muito quieta, o que aconteceu? – ele me perguntou.

Eu nem tinha notado que em todo o nosso trajeto, eu estava muda.

-Eu tenho um pressentimento sobre você. – acabei dizendo sem pensar.

-Qual? – ele arqueou as sobrancelhas.

-Seu rosto é familiar de algum lugar e também acho que você não está sendo totalmente sincero comigo. – lhe apontei uma batata frita.

-Sincero em que sentido? – ele disse mastigando um pedaço de hambúrguer.

-Sobre você. Eu não sei quase nada sobre você, porque quando eu toco no assunto, você muda. Eu sei que sua historia tem haver com a Charlie e blá, blá, blá, mas como amiga eu queria saber mais sobre você. – enquanto eu falava, ele roubou minhas batatas.

-Eu pensei que conseguiria guardar segredo, mas...

-Mas o que? – o interrompi.

-Me desculpe por isso, mas eu queria ser mais legal com você do que eu era antes. – seu sorriso se alargou.

-Como? Antes? Antes de que?

-Calada, que eu vou cantar. – ele respirou fundo.

-Cantar? – falei brava.

-Todas as viagens e todas as historias, vão ficar guardadas na memória. Band-Aid e curativos fazem parte de nós. Nosso clubinho secreto estará sempre aberto, até a hora do jantar. Agradecemos todos os dias, por nossas alegrias e por ainda conseguirmos andar. O grupo dos desbravadores para sempre unidos, jamais serão vencidos.

Eu não sabia se olhava para ele com fúria ou assustada por ele ainda se lembrar daquela música idiota que nossas mães fizeram quando éramos pequenos.

-Erick... Erick cabeça de limão? Porque você não me contou isso antes? – o estapeei.

-Como eu disse, eu queria ser mais legal com você do que eu era antes. – ele sorriu.

-Mas como você está aqui? O que fez com seu cabelo? Você era amarelo... Seu cabelo está preto agora. Eu te odeio! – gritei.

-Desculpa. – ele me ofereceu uma batata em sinal de paz.

Erick era um pirralho que entrou na minha vida logo depois que eu mudei para a rua dele. Eu tinha uns seis anos quando tudo começou.

Eu estava em um parque andando de bicicleta sozinha, porque eu não conhecia ninguém, e quando parei para beber um pouco de água, um menino de cabelo dourado esbarrou em mim. Então eu o empurrei e o chamei de idiota. A partir daí começou nossa amizade. Na minha antiga casa, tinha uma enorme varanda e nela uma pequena casinha de madeira feita pelo meu avô. Nós fundamos o clubinho dos desbravadores lá. Éramos só nós dois contra o mundo. Passaram-se três anos, até que os pais dele mudaram de casa e eu novamente fiquei sem ninguém. E o nosso clubinho ficou totalmente abandonado.

-Seu bobão! Como você pode me esconder uma coisa dessas? Sabia que eu senti muito a sua falta? – bati em seu braço.

-Eu sei, porque eu era demais. – se gabou.

Somebody To You 2 || Bradley Simpson (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora