Manual da Shopie.

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{Gabriela}

Aquilo não vinha com manual ou uma bateria ou pilha para desligar quando eu quisesse. E hoje, pela vigésima vez, eu queria que aquilo desligasse. Ela era tão pequena e tão frágil, mas muito potente em alguns sentidos. Infelizmente eu tinha que admitir, ela era muito parecida comigo em alguns aspectos.

O choro dela ecoava pela casa inteira e eu tentei ao máximo fazê-la parar, mas era uma missão impossível. Se eu desse esse bixinho para o Tom Cruise, ele conseguiria fazê-la dormir um pouco.

Sinceramente, eu não sabia o que ela tinha. Dei leite, balancei, brinquei e até tentei ignorar e dormir, mas de nada adiantou. Então eu sentei e mesmo assim ela continuou. Eu olhei para a cara dela, o rostinho vermelho, a boca aberta e as lágrimas saindo. Sabe o que eu fiz? Chorei junto.

-O que você tem? – eu perguntei para ela em meio as lágrimas. – Pelo amor de Deus! Você não está com febre, nem com fome... O que você tem?

-O neném não vai te responder, né sua louca. – Erick entrou. – Isso ai está com cólica.

-Como eu faço para parar? – eu perguntei.

-Assim... – ele pegou a Shopie e a deitou na cama. Abriu seu macacão rosa e pegou suas perninhas, fazendo movimentos de vai e vem. Ela foi parando aos poucos.

-Como? – eu só consegui falar.

-Quer que eu te explique mesmo? São três horas da manhã e seu pai que me acordou para vir te ajudar. – disse.

-Se ninguém estava aguentando esse choro, porque não vieram me ajudar? – bufei. Eu tinha parado de chorar no momento em que vi Shopie se acalmando.

-Todos queriam dormir. – ele resmungou. – E você não pode chorar enquanto ela chora. Você não conseguirá acalma-la assim.

Eu bufei. Depois de cinco minutos fazendo os movimentos com as perninhas de Shopie, ele saiu me dizendo:

-Não esqueça de limpar a fralda. – e então mais lágrimas caíram do meu rosto.

Eu pude contar, foram exatamente duas horas de sono. DUAS HORAS DE SONO. Eu não iria aguentar ficar em pé. Não mesmo. Shopie dormiu depois que Erick foi embora, mas duas horas depois ela voltou a berrar e o que era desta vez? Fome.

Dei leite para ela e a coloquei para arrotar, como qualquer mãe responsável faria. Mas aquela filha não era qualquer filha, ela era MINHA filha. E lá se foi o leite pelas minhas costas. Eu adorei? Magicamente, eu amei.

-Cansei de ser mãe. Quando isso vai crescer? – eu perguntei para Erick enquanto ia para cozinha.

Nesse tempo eu ainda perguntava o que eu e Erick éramos. Ele morava comigo no meu apartamento, mas isso foi porque ele sempre me ajudava. E eu gostava da presença dele ali. Meu pai, o ser que se prontificou a ficar comigo esta noite, foi embora enquanto eu chorava. Grande pai!

-Vamos fazer um acordo. – ele disse no momento em que desligou o fogo. – Você descansa por mais quatro horas, e eu pego essa pequena Gabriela e dou um passeio.

-Eu ficaria extremamente grata. – eu sorri. – Mas ela ainda não está muito nova para sair?

- Essa criança tem quatro meses e nunca viu o sol na vida. Ela é mais branca que leite. 'Tá quase parecendo uma lagartixa. – ele brincou.

-Só não vou falar palavrão, porque ela não pode escutar. – eu entreguei Shopie na mão dele. – Boa sorte. – e corri para dormir.

E eu dormi feito pedra.

Somebody To You 2 || Bradley Simpson (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora