Gabrimática.

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*{Gabriela}*

-Anda Bradley, me devolve a blusa! – mandei, praticamente, gritando com ele.

-Porque eu deveria? – ele desafiou.

-Quer que eu ande seminua na rua? Isso eu sempre quis, mas os direitos do cidadão não permitem isso. – fui sínica. – Vai me devolve, e a calça também.

-Vai querer ir embora mesmo? De baixo desse temporal? – ele apontou para a janela.

-Sim. – respondi. – Não quero ficar no mesmo quarto de um ex, tarado e pervertido. – ele deu dedo.

Antes mesmo que eu pudesse esmurrar seu braço por não devolver minhas roupas, um trovão anunciou a chegada de mais uma tempestade e eu pensei: "Gabriela você está totalmente ferrada em relação ao querer ir embora daqui...".

Com certeza isso era obra do destino ou do capeta. Me prender em um apartamento junto a pessoa mais tarada, que é a pessoa que mais come quieta também, sem contar os detalhes de que ele era meu ex-tudo, mas pelo visto, menos ex amigo.

-Agora você vai ficar? – ele perguntou rindo de mim.

-Vou ter que ficar! – dei ênfase no ter. – Mas devolve minhas roupas, por favor?

E então depois de muito esperar, ele me devolveu a roupas que me pertenciam.

-Estamos só nós dois... Porque não fica assim mesmo? – ele perguntou.

-Meu querido, eu estou só de calcinha e sutiã...

-Igual ficar de biquíni! – ele me interrompeu. – Eu já conheço seu corpo inteiro, Gabriela!

-Tarado.

-Não sou tarado, sou seu ex-marido! – ele riu.

-Ex-marido tarado! – briguei.

Ele riu, mas acabou me devolvendo. Até que não era ruim a companhia dele, somente o julguei mal por ser tarado, mas pensando bem, ele era mesmo e eu não era santa.

-Não rele em mim, seu pervertido! – gritei.

Sim, eu estava prestes a ficar seminua na frente dele. Na verdade eu gosto de ficar quase pelada na minha casa e eu me sentia a vontade perto dele. Era estranho, era complicado, mas era assim.

Era mais estranho e complicado do que parecia. Eu via pelo olhar dele o que ele estava sentindo. Era uma tristeza que batia no reflexo da alma ou até mais profundo que isso. Ele não estava feliz. Ele não era feliz e eu sabia a razão disso. Eu sabia de quem era a culpa.

*{Bradley}*

-Vem, vamos arranjar o que fazer... – gritei para ela da cozinha.

Ela veio lenta e se acomodou encostada na porta me olhando. O semblante curioso e o olhar vago. Eu gostava dela. Gostava profundamente. Gostava não, ainda gosto. Ela era tudo para mim ainda. Só que outros motivos me prendiam a outra pessoa, que me deixava ainda mais distante dela.

-O que foi? – ela perguntou. – No que está pensando? – ela riu.

-Em como você fica bonita assim...

-Assim como? Grávida? – ela deu ombros enquanto ria.

-Pensativa. – conclui.

Ela me olhou rindo. Perder duas gestações não era fácil para um psicológico normal, ainda mais se ficar grávida novamente. Parecia que ela não queria aquilo. Não queria estar grávida, nem desejava que aquela noite com o Zayn acontecesse. Talvez ela se sentia culpada por tudo ou estivesse cheia da vida lhe pregando peças assim. Eu me sentiria muito honrado se fosse pai desse filho. Se eu ainda fosse o amor de Gabriela Tunner.

-Eu estou com fome. – ela bufou.

-Quer morangos? – ela adorava morangos.

-Como adivinhou? – ela ergueu uma sobrancelha.

-Vem cá, enquanto eu coloco suas roupas para secar. – puxei uma cadeira para ela. – Os morangos estão na geladeira.

Ela fez o que eu pedi sem questionar. O que era incrível, já que ela retruca por tudo. Enquanto a criança de três anos comia seus morangos, eu peguei suas roupas molhadas da chuva e fui colocar na secadora. Mas eu só fui perceber que ela estava atrás de mim, quando eu ouvi alguns passinhos. Ou era ela ou era o capeta.

-Está me seguindo? – zombei.

-Eu me senti sozinha na cozinha... – ela se encostou na parede. – Onde está Jesse?

-Na casa da minha mãe. Laura tem alergia a cachorro. – bufei.

Coloquei as roupas para secar e voltei meu olhar à comedora de morangos sentada no chão.

-Seu casamento é daqui cinco dias... Onde está a noiva? – ela arregalou os olhos, será que ela estaria pensando que a Laura esteja morta?

-Chá de cozinha ou baboseira do tipo. – torci o nariz.

Ela riu alto.

-Já sabe que terno vai usar? Não vai usar gravata rosa, né? – ela brincou.

-Vou ter que usar uma gravata branca. – bufei. – Será um terno daqueles retros... Minha mãe e a Laura ficaram doidas quando provei.

-Você odeia branco... – ela arqueou as sobrancelhas.

-Ultimamente estou tendo que amar várias coisas. – ela fechou a cara e se levantou.

-Esse é o problema... Você não é você. Ultimamente você anda querendo ser a pessoa que outras pessoas querem que você seja. Ultimamente nem os meninos estão te reconhecendo mais. Eles mudaram, mas você se tornou outra pessoa. Você está tentando agradar todo mundo, mas cadê aquele Bradley que não se importava com ninguém? Que já mandou um "foda-se" pro antigo empresário por causa de um maldito contato? Cadê aquela pessoa que sempre sorria com os olhos?

-Você não entende... – aquelas palavras dela saíram como um golpe.

-Não entendo o que? – ela gritou. – Que agora você tem uma vida triste?

-Que as pessoas crescem... As pessoas mudam.

-Não Bradley, as pessoas só mudam quando precisam, elas só crescem quando querem. Elas não tem uma vida por contrato.

-Vida? Você quer falar de vida? – os olhos dela estavam marejando e eu me zanguei por gritar. – Eu tenho uma vida boa. Ótima casa. Uma linda e quase esposa. E um filho prestes a chegar.

-E cadê sua alegria nisso? Do que adianta tudo sendo que você está vazio por dentro? Quer saber, eu sinto falta do antigo Bradley. E, por favor, quando ele voltar, mande ele ir até minha casa para conversarmos. – ela deu as costas.

-Há um minuto atrás você estava se divertindo. Estava rindo... – fui atrás dela.

-Há um minuto atrás eu não toquei no nome Laura ou coisas associadas ao casamento. Você muda só de ouvir simples palavras. – ela não se virou.

-Não foram palavras que me mudaram...

-Foi o que então? – ela gritou se virando.

-Foi você, porra! – gritei alto.

Depois de alguns segundos de silêncio, ela riu debochado.

-Você quer me culpar por isso que está te acontecendo porque não quer culpar a si mesmo. Há um minuto eu vi o Bradley e há dez segundos eu vi um homem que se faz pelos outros. Olhe para si mesmo e ache o culpado disso sozinho. – ela fechou o punho com força e abriu o mesmo respirando fundo. – Eu tenho que ir. – foi a ultima coisa que ela disse antes de quase cair desacordada no chão.

Somebody To You 2 || Bradley Simpson (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora