Capítulo 6

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Fui levada pra fora da mansão e pela primeira vez eu vi o jardim espaçoso e com uma grama bem verdinha e aparada. Dessa vez era Grant quem estava segurando meu braço e me arrastando para um lugar atrás da mansão. Eu pude ver durante nosso trajeto várias garotas pelo jardim, dei de cara com Allison e Ray.

- Por que eu nunca pude sair daquele quarto e vir até o jardim? - Eu quase enlouquecendo naquele lugar enquanto essas garotas ficam aqui vendo a luz do dia, e sem contar que se eu viesse pro jardim iria conseguir planejar um jeito de sair daqui. Isso é a coisa mais injusta do mundo, eu merecia ver a luz do dia como elas.

- Porque você é uma cadela mal educada. Agora se você entrasse na linha iria ter o direito de ver a luz do dia. - Grant fala e da aquele sorriso ridículo de sempre.

Ele me leva até uma porta ao lado da mansão e entramos, passamos por um corredor e entramos em um quarto onde tem uma cama de solteiro e uma cômoda.

- Fique aí eu já venho lhe pegar, seu adestrador está louco para lhe conhecer. - Grant diz venenosamente e sai do quarto, rosno meus dentes e dou um tapa na parede de ódio.

Me sinto sufocada e desesperada, eu não aguento mais essa merda, não aguento mais esses homens nojentos. Minha vontade é quebrar o pescoço de cada um com minhas próprias mãos.

A porta volta a ser aberta e eu saio seguindo Grant pelos corredores. Entramos em um salão onde tem dois homens, jogando sinuca e um outro sentado afastado perto de uma janela grande.

- Adestrador aqui está ela. - Grant diz e o homem que está sentado próximo a janela se vira, seus olhos pretos se pregam em mim, ele passa a mão pelo cabelo muito preto o tirando dos olhos e se levanta se aproximando como um leão preste a atacar sua presa.

Engulo em seco e dou um passo para trás.

- Então é você quem está dando trabalho ao Lincoln? - Ele diz com uma voz arrepiante e pega uma mecha do meu cabelo. Mordo meu lábio inferior e tento ao máximo deixar minha cabeça erguida.

- É ela mesmo, olha o que a cadela fez com o meu rosto. O médico falou que essa marca vai ficar aqui pro resto da vida. - Grant diz e mostra a marca que deixei em sua bochecha quando o ataquei lá no começo de tudo, fico feliz em saber que toda vez que ele se olhar no espelho minha marca vai está lá lhe dando "oi".

- Grant nunca vi homem mais frouxo que você. - Um dos homens que está jogando sinuca diz e os outros dão risada, menos Grant que fica com cara de bunda.

- Martins tem razão... Agora vocês podem ir, eu tenho um trabalho a fazer. - O tal "adestrador" diz e os outros saem do quarto fechando a porta.

- Agora somos só você e eu, bichinho. - Bichinho? Mas que filho da puta, já odeio esse homem.

- Bichinho é a senhora sua mãe. - Digo entre dentes, e logo me arrependo quando ele me agarra fortemente pelos cabelos e me pressiona contra a parede. Ele aperta meu cabelo próximo ao coro cabeludo tão forte que eu solto um gemido de dor.

- Acho bom você medir suas palavras ou eu vou arrancar seus dentes com um alicate. Aqui nesse local quem manda sou eu, você só obedece. Se não fizer isso vai ficar sem comida e água. - Ele rosna no meu ouvido e eu fecho os olhos contendo a vontade de chorar.

Ele me leva de volta pro quarto e me solta lá antes de sair. Eu sento na cama e respiro fundo, meu estômago logo da sinal de vida me lembrando que não como desde ontem. Minha última refeição foi no café da manhã de ontem e a fome me deixa tonta e sem contar minha cabeça que dói pelo aperto do desgraçado.

Esse merda não vai me destruir, eu tenho que ser forte e aguentar mais um pouco não posso quebrar, tenho que ser forte pra bolar um plano e sair desse lugar imundo.

O tal "adestrador" volta pro quarto e bota um prato de comida em cima da mesa, e se senta na cadeira. Minha boca saliva pelo cheiro da comida.

- Venha aqui. - Ele diz e eu me levanto pra ir até ele andando como uma pessoa normal, mas o desgraçado manda eu parar.

- Eu quero que você venha se arrastando, de quatro. - Olho pra ele indignada, se olhar matasse ele estaria em pedaços nesse exato minuto. Me presto a mais essa humilhação e vou até ele, como me pediu.

- Boa menina. - Ele bota o prato de comida na minha frente. - A partir de agora quero que você me chame de mestre entendeu? - Olhei pra ele, dessa vez eu não me prestei a tal humilhação me neguei a responder.

- Você me entendeu? - Ele diz novamente agora olhando dentro dos meus olhos, mas eu não abro a boca, meu cérebro grita em minha mente um "sim mestre".

- Bom acho que você não está com fome né? Pois eu estou. - Ele pega o prato de comida da minha frente e começa a comer, o cheiro me mata. Quase babo no chão, e para piorar a situação ele leva uma colher de comida até minha boca mas quando eu vou comer ele puxa de volta e bota na boca dele. Rosno de frustração. Que filho da puta.

- Você quer? - Aceno com a cabeça e puxo sua mão botando o pedaço de carne que está entre seus dedos em minha boca, meu corpo agradece pelo gosto de sal.

Mas ele segura meu cabelo com uma mão e aperta minha garganta com a outra fazendo o pedaço de carne cair de minha boca.

- Eu quero uma resposta garota. Você quer? - Engulo em seco e mordo meu lábio ferozmente antes de responder.

- Sim... Mestre. - Digo com os dentes cerrados e ele sorri jogando o prato na minha frente e saindo do quarto. Eu ignoro seu gesto e como a comida como um animal faminto.... Parando para pensar, eu era sim um animal faminto e humilhado.

Vendida pelo meu pai.Onde histórias criam vida. Descubra agora