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- ALGUNS DIAS DEPOIS -

POV BEATRIZ

As coisas estavam começando a ficar piores à cada dia, principalmente depois dos procedimentos para a retirada do corpo do feto. Lari vivia trancada no quarto, Nathy e eu mal saíamos se casa fazendo "turno" para cuidar dela. Nas raras vezes em que saía do quarto, era para comer ou colocar suas roupas para lavar. Se recusava a falar sobre o bebê e constantemente nós pegavamos ela chorando na varanda do apartamento. Era triste vê-la assim, mas nós entendíamos. Caíque mal aparecia, Nathan disse que ele argumenta não ter forças para encarar a situação e ver Lari daquele jeito. Apesar de tudo, eu entendo ele.

Nathan e eu nos vemos todos dias, ele sempre vem aqui para almoçar. Diz que a comida da Nathy é a melhor de todas, eu não tenho ciúme, aliás, tudo o que eu sei fazer (por enquanto) é chocolate. Mas o meu chocolate é maravilhoso, modestamente.

A campainha tocou, revirei os olhos ao perceber que eu seria obrigada à abrir a porta. Me levantei, caminhei até lá, girei a chave e a abri encontrando Edu do outro lado com um sorriso enorme.

- Edu? Como... Como subiu? Não interfonaram. - franzi o cenho.

- Eu disse que queria te fazer uma surpresa e o porteiro deixou. - deu de ombros. - Pra você.

Ele tirou o braço de trás das costas e me entregou um buquê de rosas vermelhas, era simplesmente lindo. Peguei o buquê, as palavras não saíam da minha boca. Estava impressionada.

- Nossa, Edu, é lindo. Obrigada. - sorri. - Entre. - dei passagem e ele entrou. - Vou colocar em um jaro.

- Fico feliz que tenha gostado. - fechei a porta. - É meio que um pedido de desculpas por ter feito seu amigo ficar chateado naquele dia.

- Nathan? - ele assentou. - Ele não é meu "amigo". - ri fraco e fui para a cozinha sendo seguida por ele.

- Não? - peguei um jaro e enchi com água.

- Não. - coloquei as flores. - Ele é meu... - me virei pra ele.

- Namorado? - arqueou uma sobrancelha.

- É. - suspirei.

- Eu deveria saber, desculpe. - ele abaixou a cabeça.

- Desculpar? Mas você não fez nada.

- Na verdade, eu acho que...

- ...Bea. - Lari chamou entrando na cozinha. - Oi, cara que eu não conheço. - ela sorriu fraco olhando ele. - Espera, eu não te conheço. - franziu o cenho, Lari desviou o olhar para mim e ficou boquiaberta. - Beatriz eu não o conheço! Você está traindo o Nathan? Oh meu Deus, como você pôde?

- Larissa, para de falar besteira. Edu é apenas um amigo. - rimos fraco e ela o olhou de cima à baixo.

- Prazer, Eduardo. - ele estendeu a mão e ela a apertou.

- Larissa. Olha, ela namora. - avisou.

- Eu sei. - ele sorriu fraco me olhando.

- Ok, vim dizer que eu vou ir no apartamento dos meninos. Preciso conversar com o Gama. Ta?

- Ta. - ela acenou e saiu. - Quer assistir um filme?

POV NATHAN

Acordei bem cedo, eu e os meninos saímos para correr um pouco. Bem pouco. Quando o cansaço bateu (em mim), fomos até uma sorveteria. Os meninos comeram sorvete e eu açaí, nos sentamos em uma das mesas e começamos à conversar.

- E a Lari, Caíque? Como está? - Paulo perguntou.

- Péssima. - ele suspirou. - Mas ela é forte, vai superar.

- Deve doer pra cacete perder um filho. - comi mais um pouco.

- E dói. - Caíque confessou. - Mas não era para ser, tenho certeza que quando for o momento vamos ter o nosso filho.

- Tem razão. - Paulo sorriu.

Olhei para a rua e lá passava um senhor já de cabelos brancos empurrando um carinho repleto de flores. Me levantei e fui até lá, comprei três buquês: um pequeno de flores brancas, para Lari. Um pequeno com flores rosas para Nathy e um grande com flores vermelhas para Bea. Elas merecem. Voltei para a sorveteria e dei de Lari para Caíque e o de Nathy para Paulo, logo estávamos nós três andando na rua com buquês de flores.

Chegamos no prédio e subimos direto para o apartamento das meninas. Quando a porta do elevador se abriu, saímos e vimos Lari trancando a porta do apartamento. Assim que notou nossa presença, ela sorriu e veio caminhando até nós.

- Porque parecem os três porquinhos soados? - ela riu fraco.

- A gente tava correndo. - Paulo contou.

- E no caminho assaltaram o jardim de alguém? - arqueou uma sobrancelha.

- Não, compramos flores para nossas florzinhas. - Caíque puxou ela e entregou as flores.

- Obrigada, são lindas. - deu um selinho em Caíque.

- Bea está em casa? - perguntei.

- É... - ela pareceu hesitar. - Eu vou lá ver.

- Você acabou de sair de lá. - arqueei uma sobrancelha.

- É, eu sei. Só que eu não lembro. - correu até a porta e eu corri atrás dela. - Você não vai entrar.

- Porque não? - ela destrancou a porta.

- Porque o apartamento é meu e eu não quero que você entre. - sorriu fofa e passou seu corpo pela pequena brecha na porta. - Espere aqui.

- O que vocês estão aprontando? - semi-cerrei os olhos.

- Cacete nenhum, NATHAN! - gritou meu nome. - Eu vou chamar a BEA. - gritou o nome de Bea.

- Porque ta gritando? - empurrei a porta e ela segurou.

- Eu não gritei.

- Deixa eu entrar. - pedi.

- Espera cacete. - ela revirou os olhos.

- Larissa... - choraminguei.

- Nathan... - choramingou.

- Aff, que palhaçada. - Caíque empurrou a porta e Lari quase caiu.

- CAÍQUE! - ela gritou o repreendendo.

- O que ta acontecendo? - Bea perguntou saindo da cozinha. - Ah oi amor. - sorriu e veio até a mim me beijando em seguida. - Tudo bem?

- Depende. O que você tava fazendo? - arqueei uma sobrancelha.

- Nada demais. Não é Lari? - olhou para Lari que assentou sorrindo.

- Bea, não mente pra mim. - disse sério.

- Não estou mentindo, Nathan. - revirou os olhos.

Suspirei e varri a sala com os olhos. Não tinha nada de estranho, bom, pelo menos eu não notei. Até que meus olhos pousaram sobre uma jaqueta jogada na mesa de centro, caminhei até a mesma. Peguei a jaqueta com a mão vaga e a abri, era masculina. Fechei os olhos e respirei fundo não quero acreditar naquilo, não era possível que ela estava realmente fazendo isso comigo. Meus olhos se encheram de lágrimas, todo o meu corpo ficou leve. Apenas larguei a jaqueta e segui em direção a porta.

- Nathan. - pela me puxou pelo braço. - Deixa eu explicar.

- Explicar o quê? Que enquanto eu fico igual um babaca comprando florzinha pra você - joguei o buquê no chão. - , você ta com outro? É isso o que você quer explicar, Beatriz? Então ótimo, não precisa. Eu já entendi.

- Entendeu cacete nenhum, você nem me ouviu ainda. - disse irritada.

- E nem vou ouvir. - me soltei dela. - Me esquece. Acabou Bea.

Abri a porta e sai, caminhei até o elevador e logo ele se abriu. Nathy saiu de dentro dele me olhando como se eu fosse um bicho, apenas ignorei e entrei no elevador. Apertei o botão pra cobertura e logo a porta se fechou, assim como o meu coração.

Seus Detalhes (2) CANCELADAOnde histórias criam vida. Descubra agora