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POV NATHAN

As vezes eu acho que Paulo só quer me ajudar, outras, eu acho que ele quer me matar de vergonha. Eu estava na segunda opção naquele momento, ele havia convidado Yasmim para ir até o nosso apartamento fazer... Nada. Apenas disse que nós somos uma banda e ela concordou em vir, essa menina não deve fazer idéia do que pode acontecer na casa de três homens. É claro que nenhum de nós teríamos coragem de fazer um estupro coletivo com ela ou algo do tipo. Mas acho que no mundo de hoje não devemos confiar em qualquer um.

De modo qualquer, tivemos que estacionar uns dois quarteirões antes, supostamente por causa de um acidente bem próximo ao local em que estávamos. Eu e Paulo queríamos ir lá e ver o que tinha acontecido, mas Yasmim preferiu não ir. Uma história sobre a morte de seus avós a fez ter trauma de acidentes, nós respeitamos. Mas o curioso do Augusto resolveu ir sozinho até o local, então nós dois seguimos sozinhos até o prédio. Eu não estava nem um pouco confortável em estar levando uma garota para casa tão pouco tempo do término do relacionamento que eu jurei ser para sempre, ainda amava Beatriz com todas as drogas das minhas forças.

- ...eu costumo fazer isso para relaxar, você deve entender como é. É mais que libertador. - riu fraco.

- Desculpa, do que você estava falando mesmo? - olhei para ela.

- Cantar. - sorriu de lado. - Você me parece tão distante.

- É, eu... Não estou muito bem. - suspirei.

- Qual é o nome dela? - comprimiu os lábios e me olhou, franzi o cenho. - É... "Ele"? Você é gay?

- Não. - gargalhei. - Só achei estranho você ter notado, não achei que fosse tão óbvio.

- Só existem duas coisas capazes de deixar um homem louco: mulheres e a falta delas. - concordo. - Enfim, como ela se chama?

- Beatriz. - sorri ao pronunciar seu nome. - Mas eu acho que eu devo esquece-la, a gente terminou e... Pelo o que ela fez, acho que nunca mais vamos ficar juntos.

- Nunca diga nunca. - deu de ombros. - Mas se você quiser ter certeza de que não vai dar mais certo, pode se apaixonar por mim, não me importo. - rimos.

- Você é bem doidinha. - disse ainda rindo.

- Você não viu nada. - gargalhou ainda mais alto. - Você é um cara legal.

- Você é uma garota legal. - sorri.

- Obrigada. - jogou o cabelo de forma engraçada.

- Eu nem sei como te agradecer por me fazer rir. - baguncei seus cabelos de leve.

- Eu sei. - sussurrou.

- Como?

- Tá vendo aquele cara moreno ali? - apontou com a cabeça disfarçadamente e eu resmunguei concordando. - Ele é meu ex. Me ajuda a fazer ciume nele e eu faço você chorar de tanto rir.

- O que? - franzi o cenho.

- Retribui. - se jogou nos meus braços e atacou meus lábios.

No começo, eu fiquei meio sem reação. Mas acho que eu também precisava beijar alguém, não para provocar alguém mas sim para me provar que realmente acabou. Possivelmente, Beatriz já está com outro e eu não posso atrapalhar isso. Pode ser que amanhã eu encontre ela com outra pessoa, pode ser que amanhã nós percebamos que somos perfeitos um para o outro. Mas acho que agora, só precisamos esquecer que nos conhecemos e descobrir o que realmente queremos.

Abracei sua cintura, da mesma forma que com Bea eu fazia. Não para relembra-la, mas para dar um tom mais real ao nosso teatrinho. Segundos depois, ela me soltou e olhou em volta não havia mais ninguém na rua e ela começou a rir passando a mão pelo meu rosto tirando o batom espalhado.

- Desculpa por isso. - disse ainda rindo.

- Tá tudo bem. - limpei seu rosto.

- Você beija bem. - sorriu e mordeu meu lábio inferior de leve. - Muito bem.

- Yasmim... - tentei dizer algo mas ela tampou minha boca e rolou os olhos.

- Relaxa, vamos logo. - começou a me puxar.

.   .   .

Destranquei a porta do apartamento e a empurrei para que Yasmim pudesse entrar, assim que ela atravessou a mesma, eu a segui. Um som esquisito ecoava pela casa e eu logo os identifiquei: eram gemidos. Yasmim tampou a boca, segurando a risada e eu fiz o mesmo. Peguei em sua mão e segui pelo corredor parando ao lado da porta do quarto de Caíque. Olhei em volta e achei um chinelo de Paulo ao lado da porta do quarto dele, peguei, contei até três, abri a porta, o atirei no casal safado e bati a porta. Yasmim caiu na gargalhada e eu também, a puxei para meu quarto e lá ficamos trancados enquanto ouvíamos Caíque nos xingar do lado de fora.

Achei minha parceira para o crime.

Seus Detalhes (2) CANCELADAOnde histórias criam vida. Descubra agora