1.9 | Especial Laríque

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Caique

Eu tentava encontrar uma forma de contar à Lari o que eu vinha percebendo à alguns dias, mas eu conheço bem a mulher que eu amo e sei que ela iria pirar quando eu dissesse. Ela caminhava impacientemente pela loja de roupas, tentando encontrar algo que lhe agradasse para alguma ocasião que eu nem mesmo sabia.

- O que você acha desse? - colocou um vestido amarelo na frente de seu corpo.

- Amarelo não combina com você. - confessei.

- Você não combina com você e eu não falo nada. - rolou os olhos e devolveu o vestido à arara de roupas. - Tô com fome.

- Acabamos de comer pizza, amor. - franzi o cenho.

- Só por isso não posso sentir fome? - me encarou.

- Eu vou dar uma volta e você fica ai com o seu mau humor. - coloquei as mãos no bolso da calça e caminhei lentamente até a saida da loja.

- CAIQUE PATTI DA GAMA! - gritou.

- TCHAU. - gritei de volta.

***

Eu ainda amava ela, mesmo sabendo que ela era chata, me irritava e as vezes eu só queria colocar uma fita na boca dela e amarrar suas mãos. Mas nesse ponto, nós combinamos. A diferença é que eu sou chato de uma forma engraçada e divertida, ela é de uma forma agressiva e assustadora. Assumo que tenho medo da minha própria namorada.

Fiquei sentado em um banco próximo a loja, esperando que ela saísse. O que demorou muito. Mas logo ela saiu com apenas uma sacola.

Três horas. Uma sacola.

- Não tem nada de bom nessa loja. - bufou se sentando ao meu lado.

- Você disse que era a sua preferida, sempre compra suas roupas aqui. - franzi o cenho.

- Não é mais. - argumentou e eu apenas rolei os olhos. - Caíque, nós precisamos...

- ... conversar. - completei. - E sério. Urgente. O mais rápido possível.

- Eu ia dizer que precisamos de milk-shake, mas podemos conversar também. - seu sorriso era doce. - Sei que ando estranha, não estou te fazendo feliz, mas é que... Tem alguma coisa estranha acontecendo comigo.

- É... Eu percebi. - Suspirei. -  Eu acho melhor procurar um médico, mas acho que sei o que é.

- E o que você acha que é?

- Acho que tem um ser humano crescendo irritante e desesperadamente aqui dentro. - passo a mão por sua barriga.

Logo seu olhar se fixou em minha mão, um tanto perdido, curioso, confuso. Entendi como aquilo poderia ser ainda mais difícil para ela do que para mim. Afinal, era ela quem carregava outra criança a pouco tempo que, infelizmente, não resistiu por muito tempo. Sua mão pousou sobre a minha, a acariciando.

- Desculpe, mas se tem algo vivo aqui, é lombriga. - sorriu de lado. - Sabe que não posso ter filhos, Caíque. Por mais que isso me doa, é a verdade, não podemos mudar isso.

- Amor, não é porque não deu certo na primeira vez que vá acontecer novamente.

- Caíque, sinto em lhe decepcionar. Mas a única coisa que cresce aqui, é cocô.

Rolei os olhos ao ouvi-la.

- Chega de pensar nessas coisas. Vamos para casa.

- Tá bom.

Seus Detalhes (2) CANCELADAOnde histórias criam vida. Descubra agora