POV BEATRIZ
Apertei o passo. Ameaçava começar à chover, era fim de tarde, início de noite. Faltava pouco para chegar ao prédio de Johnny. Eu não queria vir, mas, talvez fosse melhor ficar um louco longe daquele prédio, daquelas lembranças. E se passou na minha cabeça o que Nathan diria se soubesse que eu estava à caminho do apartamento do meu ex uma semana depois do término do nosso relacionamento. Ele com certeza iria odiar a idéia. Mas isso não importa mais, ele terminou comigo, então não devo me importar com o que ele acha ou deixa de achar. Não temos nada.
Entrei no prédio, cumprimentei o porteiro e logo ele interfonou para o apartamento de Johnny. Assim que estava confirmado, entrei no elevador e me olhei no espelho. Eu estava visivelmente abatida. Não demorou muito para chegar ao andar de Johnny, caminhei até a porta de seu apartamento e antes mesmo de eu tocar a campainha ele a abriu. Usava um gorro preto na cabeça, uma calça de moletom preta e uma blusa branca. Além do belo sorriso que ele exibiu assim que me viu.
- Você veio mesmo! - ele riu fraco. - Entra. - deu passagem e eu entrei. - Estou sozinho, estão todos viajando.
- Ah, claro. - me virei para ele que fechava a porta. - Eu ainda não entendi porque queria que eu viesse.
- Queria ver você. - disse se aproximando.
- Bom, eu estou aqui. - sorri fraco e quando dei por mim já estávamos colados. - Johnny...
- Eu sinto sua falta, sabia? - disse acariciando meu rosto. - Sinto falta de você em todos os momentos. - sua outra mão foi para a minha cintura. - E eu sei que você também sente.
- João, para, por favor. Eu... - ele me interrompeu com um beijo.
Não nego que sempre gostei da forma apressada e cheia de desejos com que Johnny me beijava. Suas mãos nunca ficavam paradas, percorriam todas os cantos do meu corpo, me deixava arrepiada e minutos depois eu já estava completamente entregue. E daquela vez, não foi diferente. Enquanto eu estava lá, em sua cama, sentindo prazer, eu não pensava em nada. Nem em Nathan e nem o quanto aquilo era errado. Eu só queria aproveitar aquele tempo para esquecer de tudo e relaxar. Johnny sabia bem como me fazer relaxar, ele sempre foi maravilhoso, sempre me causou sensações maravilhosas, e eu sempre amei isso.
E agora, repousando em seu peito, eu sentia uma necessidade enorme de me esconder. Sentia vergonha por ter feito o que fiz, sentia vergonha por negado Nathan e aceitado Johnny. Nos meus momentos com Johnny, não havia um pingo de amor, pelo menos não da minha parte. E eu queria que fosse diferente com Nathan, sabe, para não cair na rotina e acabarmos enjoando um do outro. Eu queria que fosse verdadeiro, que tivesse emoção.
Eu sentia os dedos de Johnny brincarem com o fecho de meu sutiã preto, nossas pernas entrelaçadas e meu cabelo espalhado pela cama. Seu peito subia e descia calmamente, devido à sua respiração. E tudo o que eu olhava era aquele porta-retrato em cima da escrivaninha de Johnny, que portava uma foto nossa. Foi a última foto que tiramos juntos.
- Princesa. - ele chamou em um sussurro e eu resmunguei em resposta. - Olha pra mim. - estiquei a cabeça e o olhei. - Porque você não me dá uma chance? A gente pode voltar à ser feliz, podemos continuar de onde paramos e esquecer tudo isso.
- Eu não sei. - suspirei. - Está muito recente, Johnny.
- Eu sei. Mas é que quanto mais rápido você se resolver, mais rápido você vai esquecer aquele cara. Tenho certeza que vocês não se amavam de verdade, se não, você não estaria aqui. - disse olhando em meus olhos.
- Eu... Eu preciso pensar. - ele assentou.
- Pensa com carinho. - sorriu e acariciou minha bochecha. - E o que você decidir, eu vou estar ao seu lado.
POV NATHAN
Essa foi a pior semana da minha vida. Tanto tempo para conseguir tê-la para mim e eu terminei com ela. Mas, ela estava com outro. E se fosse "só um amigo" como Lari e Caíque tentaram me convencer, Lari não teria feito tudo aquilo para não me deixar entrar. Então, eu devo dizer que a culpa do nosso término é completamente dela.
E agora lá estava eu, de frente para a TV, assistindo o primeiro que filme que assistimos juntos ㅡ About Time ㅡ, enquanto devorava um balde de pipoca com queijo e um copo enorme de Coca-Cola. Fico imaginando: será que ela também está sofrendo? Será que ela também está comendo algo enquanto assiste TV? É bem provável que não. Deve estar se divertindo com o dono daquela jaqueta.
- Nathan, chega. - Paulo pegou o balde de minhas mãos. - Come alguma coisa que preste. Você vai passar mal.
- E daí? - franzi o cenho.
- E daí que você vai ter uma intoxicação alimentar, seu idiota! - pegou o copo em cima da mesa de centro. - Vai tomar um banho, eu vou fazer algo descente pra você comer.
- Não quero. - suspirei e a campainha tocou. - Tá esperando alguém?
- Não. - ele deixou as coisas no balcão da cozinha, caminhou até a porta e a abriu.
Aproveitei que ele estava distraído e corri até a cozinha, peguei o balde de pipoca e voltei a comer. Pipoca com queijo é a melhor coisa do mundo. Preciso. Senti uma ardência na nuca e me virei encontrando Nathy me fuzilando com o olhar. A mesma sorriu cínica, tomou o balde de minhas mãos e jogou toda a pipoca no lixo. Segurei o copo no alto assim ela não conseguiria pegar, mas o gigante do Paulo pegou e jogou na pia. Revirei os olhos.
- Isso é pecado, vocês vão para o inferno. - cruzei os braços.
- E você vai para o chuveiro, agora! - Nathy ordenou.
- Não. - resisti.
- Nathan, você está fedendo! Para de agir como se tivesse cinco anos! Ou você vai para o banheiro e toma um banho, volta aqui e come a comidinha maravilhosa que eu vou fazer pra você, de graça pois sou uma ótima pessoa. - jogou o cabelo e Paulo sorriu. - Ou eu mesma vou te dar um banho, e garanto, você não vai gostar. Fora que sua comida vai contar com o delicioso molho de pimenta e meu amigo alho. Nem adianta dizer que não é obrigado, porque, querido, comigo não tem essa. Eu mando nessa porra.
Meu, Deus.
- Paulo, casa com essa mulher. - aconselhei e ele ficou vermelho.
- Vou contar até três. - ela arqueou uma sobrancelha e cruzou os braços. - Um...
- Tô indo.
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Seus Detalhes (2) CANCELADA
FanfictionSequência de "Seus Detalhes (1)" Eu amo quando você faz, amo quando você é. Amo todos os seus míseros detalhes. Mas não há amor que sobreviva somente de amor. Será que podemos? Será que fazemos? Será que somos?