POV NATHAN
Após terminar o banho, me vesti e segui até o corredor. De lá já era possível sentir o cheiro maravilhoso do estrogonofe de frango da Nathy. Me sentei em uma das banquetas do balcão e apoiei meus braços ali, enquanto Paulo estava enfiado dentro da geladeira e Nathy cozinhando.
- Com fome? - ela me olhou por cima do ombro e sorriu.
- Muita. - ri fraco.
- Então aproveita que hoje estamos bonzinhos e escolhe a sobremesa. - Paulo disse fechando a geladeira e mordeu a maçã.
- Não quero sobremesa, só quero comer qualquer coisa. - dei de ombros.
- Meu estrogonofe não é qualquer coisa! - Nathy desligou o fogo. - Vem comer. E Nathan, quero falar com você.
- Fala. - disse pegando um prato e começando a me servir, após dar a volta.
- Você precisa conversar com a Bea, ela está mal e você também. Aquela jaqueta era do Edu e ele é só um amigo, ele foi pedir desculpas por ter te deixado chateado quando você voltou de viagem. - Engoli em seco.
- Fiz merda, não é? - me virei para ela.
- É. Agora tem que pedir desculpas por não confiar nela. - suspirei. - Ela vai te perdoar.
. . .
Depois de comer, escovei os dentes e fiquei olhando o céu da janela do quarto. Estava escurecendo e ia cair uma bela chuva durante a madrugada. Olhei para a rua e um táxi parou bem na frente do prédio, Bea desceu lindamente. Seus cabelos estavam voando junto com a brisa. Meu coração disparou e eu percebi que deveria falar com ela. Deixei tudo pra lá e saí correndo. Desci pelas escadas, eram dois lances até o andar de Bea. Nunca imaginei que chegaria tão rápido. O elevador se abriu e de lá saiu um casal, visivelmente apaixonado. Mas nada de Bea. Então eu lembrei de uma vez em que ela me disse que gostava de ficar perto da piscina para pensar, talvez ela precisasse agora. Desci de elevador, segui até a área da piscina. Ouvi o doce som da sua voz, e meu coração se acalmou.
POV BEATRIZ
Eu achei melhor voltar para casa o quanto antes. Não suportava a idéia de olhar para Johnny e pensar em Nathan novamente. Tudo isso foi tão ridículo que eu nem mesmo havia parado para pensar que eu fui a maior idiota de todas. Terminei com Johnny para ficar com Nathan, e agora, Nathan termina comigo achando que eu estou com outro?
Mas hein?
Será que esse garoto não pensa? Porque eu terminaria com Johnny para trair ele? Que tipo de mulher ele acha que eu sou? Sinceramente, eu adoraria esfaqueá-lo nesse exato instante.
O táxi estacionou bem em frente ao prédio, paguei, desci e olhei na direção contrária. Edu estava sentado em uma das mesas na lanchonete com uma garota morena, acho que já a vi em algum lugar mas isso não importa. Ele sorria tanto que achei que seu rosto fosse rasgar, mas era bom vê-lo feliz. Entrei no prédio, cumprimentei seu José e segui para a área da piscina. Já estava anoitecendo e nada da chuva. Me sentei em uma das espreguiçadeiras na borda da piscina, olhei para o céu e comecei a cantar.
- Todo casal as vezes briga, se separa. Eu tento apagar a falta que me faz agora e tudo o que veio à acontecer, aprendizado pra gente viver e ver...
- ...Como o céu e o mar, ela me completou. - ouvi a voz de Nathan e congelei. - A poesia certa, Djavan recitou. Eu sem você não sou, sem você não sou. - ele parou atrás de mim e abaixou o olhar para o meu, fitando meus olhos. - Sem você não sei o que é o amor.
Ele sorriu fraco, ainda me olhando. Em uma atitude inesperada, me levantei e segui em direção à porta do hall. Quando estava no meio do caminho, Nathan me puxou pelo braço e me prendeu contra seu corpo. Inalei com força o cheiro de seu perfume, e em uma tentativa de não olhar em seus olhos, desviei para seus músculos que me apertavam.
- Amor, deixa eu me explicar por favor. - pediu acariciando minhas costas.
- Não tem que me explicar nada. - disse baixo.
- Claro que tenho. - sua voz era serena. - Eu fui um babaca, deveria ter confiado em você. Pelo menos ter te ouvido, mas eu estava com ciúmes e agi sem pensar. Por favor, me perdoa.
- Não. - disse firme. - Nathan, você não poderia ter feito aquilo. Sabe como eu me senti? Eu me senti um lixo! Que tipo de mulher você pensa que eu sou? - disse ainda sem o encarar.
- A mulher da minha vida. - respondeu.
- Ah não me venha com essa! - o empurrei saindo de seus braços. - Nathan, eu já desconfiei de você? - ele abaixou a cabeça e negou. - Então pra que desconfiar de mim? Eu nunca te dei motivos!
- Deu sim! Quando eu voltei de viagem você tava lá, com aquele seu amiguinho! - sua voz soava irônica e ele passou a mão pelos cabelos. - Eu já estava cismado com aquilo, e aquela jaqueta na tua casa só piorou.
- Na verdade, você acabou de piorar a situação! Então já desconfiava de mim antes e ao invés de conversar comigo você faz aquela cena toda? - cruzei os braços.
- Bea, eu amo vo...
- ...NÃO DIZ ISSO! - gritei o interrompendo. - NÃO MENTE PRA MIM! ISSO NÃO É AMOR, NATHAN. QUEM AMA CONFIA E VOCÊ NÃO CONFIA EM MIM!
- EU TENHO MOTIVOS! - gritou. - ACHA QUE EU GOSTEI DE TE VER PERTO DAQUELE CARA? E NAQUELA VEZ LÁ NA CASA DE SHOWS? VOCÊ SE EXIBINDO PRA AQUELE BANDO DE MARMANJO? VOCÊ ACHA ISSO BONITO? ACHA LEGAL FICAR DE GRACINHA COM QUALQUER UM? - minha mão atingiu em cheio o seu rosto, mas eu senti a dor no meu.
Nathan colocou a mão sobre a bochecha e ficou fitando o chão. Lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e a chuva também. Ele não se mexeu apenas ficou lá, por longos segundos. Dei um passo para trás, sentindo o peso do arrependimento sobre mim. Ele me encarou.
- Não acredito que fez isso. - disse sereno. A chuva molhava seu rosto, mas eu conseguia vê-lo queimar em raiva.
- Me desculpa, eu...
-...cala a boca. - ele disse baixo.
Engoli em seco e sai correndo. Subi pelas escadas, pois não queria entrar no elevador. Lá tinha câmeras, não queria que ninguém soubesse que eu estava chorando. Subi três lances e me sentei em um dos degraus, abracei meus joelhos e chorei ainda mais.
Acho que agora acabou de vez.
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Seus Detalhes (2) CANCELADA
FanfictionSequência de "Seus Detalhes (1)" Eu amo quando você faz, amo quando você é. Amo todos os seus míseros detalhes. Mas não há amor que sobreviva somente de amor. Será que podemos? Será que fazemos? Será que somos?