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POV NATHAN

Eu estava destruído. Caíque e Paulo diziam que eu iria superar, que tudo isso iria passar, que ela iria mudar de ideia. Mas eu sabia que isso não iria acontecer. Beatriz era do tipo de mulher que não mudava de opinião quando já tinha uma formada. Se ela não queria, eu nunca iria fazê-la mudar de ideia.

— Nathan, abre a porta! — a voz de Larissa estava desesperada, enquanto ela batia na porta.

Caíque correu para abrir e ela logo entrou apressada e em lágrimas.

— O que houve? — Caique perguntou segurando em seus braços.

— A Bea tentou se matar.

NARRAÇÃO

Nathália nunca havia dirigido tão rápido em toda a sua vida. Talvez pela primeira vez, o trânsito não estava tão pesado em direção ao hospital mais próximo. Beatriz ainda estava desacordada, por um milagre, ela ainda respirava com dificuldades.

Os paramédicos a retiraram do carro e a levaram para que pudéssemos prestar os devidos socorros.

Nathan chegou ao hospital meia hora depois. Seus olhos estavam começando a inchar, vermelhos e ardiam. Ele não se importava. Mesmo que ela houvesse negado seu pedido de casamento, Beatriz ainda era a pessoa que ele amava. Ele não podia perde-la, não assim.

— Ela vai ficar bem — Paulo disse, em uma tentativa inútil de acalma-lo.

Nathan apenas finalmente se sentou, tentando ao máximo relaxar os músculos no sofá confortável da sala de espera daquele hospital cujo agora ele podia chamar de maldito. Assim como a maldita hora em que ele resolveu pedi-la em casamento. A maldita hora em que ele a deixou sozinha. A maldita forma como ela quis se livrar daquilo.

O doutor caminhou apertando com certa força o prontuário em sua mão esquerda. Ele detestava cuidar de pessoas que haviam tentando algo do tipo, ainda mais por sua filha, com apenas treze anos, ter cometido suicídio.

— Acompanhantes de Beatriz Silva — ele chamou, pacientemente na sala de espera.

Prontamente, Nathan se levantou, sendo seguido pelos amigos. Suas mãos foram direto para os bolsos frontais de sua calça. Ele não se importava se iriam molhar pelo suor que escorria demasiado por tanto estresse. Ele só queria saber dela. Queria saber que ela estava bem.

— Bom, o quadro clínico dela é estável. Mas... Aconselho que ela tenha acompanhamento psicológico a partir de agora. Ela vai estar mais sensível. Tanto pelo ocorrido quanto pelo bebê, que aparentemente, por um milagre, não sofreu nenhum trauma — Nathan paralisou. — Ela está sedada, deve acordar em algumas horas.

— Bebê? — ele perguntou, quase sem voz.

— Sim. Pelo tamanho, ela já deve estar com cerca de duas ou três semanas de gravidez.

Aquilo bastava. Se não era mais do que o suficiente. Os sentimentos dentro de Nathan estavam confusos.

Ele estava feliz por ser pai ou triste por ser pai de uma criança dentro de alguém que havia o rejeitado?

POV BEATRIZ

Um som repetitivo e irritantemente alto o suficiente para a casa repercussão, fazer um estalo em minha cabeça, soava ao meu lado. Estava frio. Parecia que eu estava em um hos...

Não. Eu precisava estar morta. Era a única solução. O que eu iria fazer se estivesse viva? Seria mais um peso para eu carregar. Mais o peso de todos me julgando por tentar tirar minha própria vida. Mais o peso de fazer o máximo para chegar a perfeição. Mais o peso de nunca ser eu mesma.

Eu não posso mais suportar tanta coisa.

Abro os olhos devagar e me deparo com a imagem embaçada de um homem. Aos poucos ele vai tomando forma. Era Nathan. O que ele estava fazendo ali? Ele não devia estar me odiando agora?

Suspiro fraco e pisco rápido algumas vezes, aquilo só podia ser uma alucinação.

— Oi — ele disse. Sua voz fez com que um calafrio passasse por todo o meu corpo. — Como se sente?

— Péssima — a verdade saiu como um fio de minha boca.

— Vai melhorar, estão cuidando de você e... Eu vou ficar aqui, até você estar bem — ele se sentou na ponta da cama.

— Não precisa — o olhei. — Não tem que fazer isso por mim.

— Não é por você — meu rosto tomou uma expressão confusa. — Eu te explico quando você melhorar.

— Me diz — pedi. — E-eu estou bem, você pode me contar.

— Não quero que fique nervosa — argumentou.

— Vou ficar se não me contar — eu estava mais séria agora. — Vai, Nathan. Conta.

Ele suspirou e então passou a mão pelo rosto. Nathan juntou as mãos e esfregou uma na outra. Tinha algo errado. Ele só age assim quando algo está errado. Droga, será que Lari ou Nathy fizeram algo?

— Vamos ter um filho — ele disse olhando suas mãos. — Quer dizer, se for meu.

Que?

— Co-como? — meu coração se acelerou e ele desviou seu olhar para mim.

— Você está grávida.

Seus Detalhes (2) CANCELADAOnde histórias criam vida. Descubra agora