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- Uma semana depois -

POV BEATRIZ

Eu e Johnny nunca nos demos tão bem. De fato ele mudou, acho que gosto bem mais dele agora. Ele me faz sorrir do nada, me faz querer tê-lo por perto sem nenhum motivo. Acho que ele estava certo quando disse que podia me fazer feliz. Essa semana passou como um furacão, eu praticamente não sai da casa de Johnny. Apenas para ir ao cinema, depois ao mercado, jogar boliche, uma festa e um show. Fiquei sem bateria e ninguém tinha um carregador que coubesse no meu amado celular, foi uma droga, mas eu sobrevivi à isso. Estou morrendo de saudade de Nathy, Lari, Caique, Paulo, John, Johanna e... Do Nathan também. Eu não tinha pensado nele até agora, assumo que estava sendo bom.

Depois do que eu vi aquele beijo, parece que tudo dentro de mim acabou de verdade. Eu não sinto mais aquela vontade enorme de tê-lo junto à mim, nem de pedir perdão e muito menos de voltar para ele. Não nego que à uma semana atrás eu era a mesma garota cheia de sonhos e esperanças hospedadas em Nathan De Paula Barone, mas acho que agora eu sou uma mulher cheia de sonhos e esperanças hospedadas em si própria. Acho que eu precisava disso, precisava mudar. Sou grata à Nathan por me mostrar isso.

Eu e Johnny cantávamos juntos enquanto ele dirigia, ao som de Dona, dávamos altas risadas da minha voz desafinada.

- Você engoliu um esquilo?! - Johnny perguntou rindo.

- Não, mas você vai engolir já já, cabeçudo! - semicerrei os olhos e contive a risada.

- Não está mais aqui quem falou. - deu de ombros.

- Acho ótimo. - dei um beijo em sua bochecha. - Vem cá ser minha mulher, faço o que tu quiser.

- De novo não...

. . .

O carro parou bem em frente ao prédio, Johnny tinha ensaio então não podia ficar. Desci do carro e peguei minha mochila com roupas que comprei apenas para não precisar voltar para casa e correr o risco de dar de cara com Nathan, a pus nas costas e dei a volta no carro. Enfiei a cabeça pela janela e o beijei.

- Eu tenho que ir. - confessou parando o beijo com selinhos.

- Ah... - resmunguei e fiz biquinho.

- Eu te ligo e te busco para fazermos alguma coisa mais tarde, ok? - assentei com a cabeça e nos beijamos outra vez. - Te amo.

- Eu... - meu coração acelerou, não sabia o que dizer. - Também te amo. - suspirei e lhe roubei um selinho.

- Vou indo. - me desencostei do carro. - Tchau.

- Tchau. - sorri e pus as mãos nos bolsos do macacão.

Logo ele deu partida e eu fiquei a pensar. Eu o amava ou disse aquilo apenas para não o chatear?

O carro virou a esquina e eu me virei para a entrada do prédio, novamente aquela sensação de susto me tomou. Mas dessa vez, eles estavam apenas abraçados. A cabeça dela repousava aconchegadamente em seu peito enquanto ele abraçava sua cintura e eles conversavam com um sorriso enorme no rosto, como se estivessem felizes por estarem juntos. Suspirei e abaixei a cabeça, comecei a subir os degraus que davam acesso ao hall e aquelas vozes animadas começaram a atravessar meus ouvidos.

- Na próxima, vamos fazer brigadeiro. Você é muito desastrado fazendo qualquer outra coisa. - ela ria.

- Eu não tenho culpa se você deixou a tigela na beirada do balcão. - a voz de Nathan fez borboletas levantarem vôo em minha barriga.

Olhei para aqueles dois rapidamente e segui em passos largos até o elevador, precisava sair rápido dali. Meus olhos chegavam a arder pelas lágrimas que começavam a se formar ali, eu não podia acreditar que iria chorar por ele outra vez. Respirei fundo e apertei por diversas vezes a droga do botão do elevador, parecia que ele estava estacionado. Eu não conseguia acreditar que de fato havia perdido Nathan, eu jurei para mim mesma esquece-lo mas agora... Agora eu... Ah eu sei lá.

A porta do elevador finalmente se abriu, estava vazio então eu entrei o mais rápido possível. Me virei para o espelho e então lágrimas idiotas começaram a escorrer pelo meu rosto, as sequei rapidamente e ergui meu olhar no espelho encontrando Nathan entrando no elevador. Meu corpo inteiro congelou, parecia que eu estava no Polo Norte naquele exato segundo, quando ele me olhou profundamente através do espelho. Ignorei aquilo e apertei o botão do meu andar, Nathan passou a mão pelos cabelos e a língua pelos lábios. Eu iria pirar se ele fizesse aquilo outra vez. Apenas me encostei na parede do elevador e ignorei completamente sua presença. Fechei os olhos e respirei fundo. Senti o elevador chacoalhar e abri os olhos rapidamente, as luzes começavam a piscar e Nathan parecia assustado. Logo tudo ficou escuro, e eu nem mesmo podia vê-lo.

- Ai meu Deus. - rodei meus olhos por todo o local tentando achar algo que eu pudesse ver.

- Relaxa, vou ligar a lanterna. - ele disse sereno e minhas pernas tremeram. - Pronto. - Nathan disse quando aquele ponto de luz brilhou. - Você está bem? - assentei com a cabeça. - Ótimo. - se sentou no chão do elevador.

- E... você? - engoli em seco logo após questionar, ele apenas resmungou algo equivalente à sim. - O que nós fazemos agora?

- Esperamos. Vou ligar para o Paulo e saber o que houve. - assentei, logo ele pegou o celular e ligou para Paulo. - Oi, é... Aconteceu uma coisa ruim. - deu uma pausa. - O elevador parou, estou preso aqui, deve ser por isso então. - outra pausa. - Não, eu estou... Estou com a Beatriz. - olhou para a mim e logo desviou seu olhar para o chão. - Tá, valeu. Eu vou desligar, tenho que usar a lanterna e estou com pouca bateria. - outra pausa. - Tchau.

- E aí? - me sentei no chão ficando de frente para ele.

- Acabou a energia. - passou a mão pelos cabelos novamente e só então eu notei que ele havia cortado.

- Você... Cortou o cabelo. - sorri fraco.

- É. Achei que seria legal mudar um pouco. - sorriu de lado.

- Ficou mais bonito assim. - olhei para o chão.

- Você continua linda. - ergui meu olhar para ele. - É... Eu não te vi esses dias.

- Eu não estava em casa. Passei uns dias na casa de um amigo.

Mentirosa...

- Hum... Sei bem como é. - ele riu fraco.

- E... Aquela garota lá na frente? Sua namorada? - limpei a garganta.

- A Yasmim? - ele gargalhou. - Não, nada a ver. Ela é só uma amiga.

Olha gente... A vadia tem nome.

- Vi vocês se beijando. - disse e logo me arrependi.

Trouxa.

- Viu? - arregalou os olhos. Assentei e abaixei a cabeça. - Foi mal.

- Você não me deve desculpas ou... Satisfações, Nathan. A gente... Ah você sabe. - suspirei.

- Porque eu tenho a impressão de que você não está nem um pouco feliz com essa nossa situação? - questionou.

- Porque eu realmente não estou. - confessei. - Eu estava conseguindo, mas aí eu vi você e... Aquela garota e eu desmoronei. - cobri o rosto com as mãos.

- A gente não precisa fazer isso, você sabe que não.

- A única coisa que eu sei é que eu estou me sentindo um lixo. - funguei.

- Olha pra mim. - descobriu meu rosto e então eu o olhei. - Nunca mais diga isso.

- E porque não? - olhei em seus olhos.

- Porque um lixo não poderia ser a melhor coisa que já me aconteceu. - meu coração derreteu. - Não sei se você me quer de volta mas... Eu to sofrendo pra caralho sem você. A Yasmim tá me ajudando muito, mas ninguém pode tomar o seu lugar. Sei que eu exagerei, mas...

- ...cala a boca, se não eu beijo você. - sussurrei.

- Então eu vou continuar fa... - avancei sobre ele.

Não havia percebido como eu precisava dos beijos dele, de suas mãos em meu corpo, de sua alma abraçando a minha. Mão havia percebido como eu vôo quando sua boca toca a minha, como eu mergulho em um mar de amor quando suas mãos deslizam por meu corpo, como o mundo inteiro desaparece quando estamos juntos. Eu não sei se é atração, se é amor, se é magia ou se aqueles olhos castanhos me enfeitiçaram. Eu só sei que eu preciso imensamente daquele ser humano em abundância.

Como eu pude me negar isso?

Seus Detalhes (2) CANCELADAOnde histórias criam vida. Descubra agora