Capítulo 66 | Doador | Penúltimo Capítulo

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"Se já estamos misturando as meias
E dividindo o mesmo edredom.
No meu guarda-roupa tem sua gaveta
No seu banheiro já tem maquiagem e batom."
Maiara e Maraisa (Bengala e Crochê).

11 meses depois...

Minha pequena ou pititinha, como o Felipe gosta de a chamar, completou ontem 11 meses.
É uma criança maravilhosa, não tenho nada de que me queixar.

É domingo e estamos na pracinha conversando sobre planos para o futuro.

— Eu quero que a pititinha vire dona de tudo isso.

— Eu não vou a proibir de qualquer contato com o morro. — digo a contragosto. — Mas o mínimo é uma escola fora daqui.

— Não amor, ela tem que entender a realidade, imagina ela virar aquelas patricinha. — revira os olhos. — Credo.

— Cuidado. E ela vai ser o que quiser. Não vou a impedir de escolher o futuro, se quiser ser advogada irei apoia-lá tanto quanto se for dona do morro.

Pego Dani nos braços enquanto ela sorri constantemente para mim.
Quando escutamos fogos.

— Merda! — pega o radinho. — Eles tão perto. — diz e eu vejo o desespero em seus olhos.

Mas a polícia chega rapidamente aonde estamos.

— Não mexe com elas, seus merdas. — ele fala em um tom alto quando eles estão perto de chegar

— Felipe não.

— Corre! — olho para ele em pânico. —
Por ela amor. — beija a testa da nossa pequenina que insiste chorar baixinho.

— Cuida da nossa pititinha. Eu te amo Maya.

— Eu vou te salvar meu amor, nós vamos te resgatar. — digo decidida subindo o morro. — EU TE AMO FELIPE. — começo a chorar. — Nós vamos te resgatar amore.

Subo correndo, me escondo nos becos até chegar em casa.
Dani chora descontroladamente.

— Vai ficar tudo bem pequena. — a abraço.

~

Passaram-se 3 horas desde que saí da pracinha, minha pequena encontra-se vendo Xuxa enquanto continuo inquieta e finalmente escuto o barulho dos tiros cessarem.

Fico abraçada com minha pequena até que a porta é aberta. Mas não é o Felipe.

— Patroa, patroa.

— Quê?

— Mandaram eu vim ver se cêis duas tão bem.

— Estamos bem, cadê o Felipe?

— Ele deu fuga. — quê? — Mais não.

— Não o quê?

— Não posso te falar véi.

— Já começou agora termina. — Dani resmunga e a deito no colo, balanço ela que dorme rapidamente.

— Na rua debaixo.

— Quê? — pego a mochilinha dela, e um lenço para a tampar do sol.

Bato a porta e desço até a rua debaixo.
Vejo alguns corpos no chão e uma multidão em volta de algo lá na frente.

Caminho rapidamente até chegar juntamente a multidão.

Rick e Nego, que até agora eu não havia visto, tentam me impedir de ver.

O corpo de Felipe caído, saindo sangue é algo assustador, mas mesmo assim seus olhos continuam abertos, que agora me encaram.
Ele pede para não deixarem eu ver isso, mas eu não consigo.

— Te amo Felipe, te amo, te amo. — só consigo dizer isso até me tirarem do local.

Rick e Nego seguiram para o hospital, me deixaram em casa enquanto Flávia e Fabrício (seu filho), Bella e Natan (seu filho) e Mari e Júlia (sua filha) me esperaram.

Não quero saber de papo nesse momento, subo para o nosso quarto, tranco a porta, coloco Dani na cama e desabo.

Um choro descontrolado. Nada pode acontecer com o Felipe, bem agora que estamos bem, e eu o amo tanto.

Tento chorar baixo mas é algo inevitável, alguns soluços saem copiosamente.
Meus olhos embaçam e sinto mãozinhas nos meus cabelos.

— Mamãe. — eu a olho. — Não chola.

— Ah pequena, eu te amo tanto.

Deito com ela na tentativa de a fazer dormir novamente, mas acabamos dormindo novamente.

~

Acordo com beijinhos e uma risadinha ao meu lado.

Acolda mamãe.

Abro os olhos e é incrível a semelhança dela com o pai, os olhos e o sorriso me impressionam.

Quelo comer. Tô fominha.

Pego ela, destranco a porta, desço até a cozinha (aonde as meninas estão). Pergunto pelo Felipe. E peço para que elas olhem a Dani enquanto ela comem, assim que acabar pedi para que a levassem no quarto.

Subo novamente para a nossa suíte, tomo banho, arrumo alguns ternos de roupa para ele, para Dani e para mim.
Minhas olheiras dificilmente darei conta de disfarçar.

As meninas me entregam a Dani, dizem que precisamos ir ao hospital.
Dou um banho rápido na nossa pititinha, a visto com um vestido roxo, um sapatinho preto e coloco uma tiara roxa.

Pego nossos documentos e saímos rumo ao hospital.

Nego e Rick trocam com dois vapores e ficamos na recepção.
Dani logo quer brincar com os primos mas a proibo de fazer qualquer barulho.

Ficamos longos minutos esperando e nada. Brian chega e tenta me fazer comer, mas é algo que não consigo de jeito nenhum.

~

Mas algum tempo se passou até finalmente o médico vir conversar conosco.

— Parentes do Felipe Venâncio.

— Mulher.

— Irmã.

— Então o paciente sofreu uma fratura perto do coração... — ele diz mas eu realmente não entendo nada.

— Dá pra traduzir? — Brian diz pegando Júlia no colo.

— Ele vai precisar de fazer um transplante de coração.

— Mas daí depois dessa cirurgia ele volta ao normal? — digo e Dani aninha ao meu pescoço enrolando mechas do meu cabelo.

— Sim, mas tem o período de repouso, que não é pouco.

— Caralho.

O doutor fica esperando alguém dizer algo e minhas forças acabam. Me sento abruptamente no sofá da recepção enquanto os outros ficam em silêncio absoluto.

Lágrimas começam a sair e começo a chorar baixinho.

— Eu irei doar. — a única coisa que consigo dizer.

O Doutor ainda fala mais algumas coisas, mas a verdade é que nada mais me importa.

— Se der certo mesmo, a cirurgia ocorrerá amanhã.

— Eu..eu posso vê-lo.

— Amanhã.

Apenas assinto e me calo, a única coisa que eu quero agora é nossa cama.
Resolvo ir embora, novamente corro para o quarto juntamente com Dani, ela senta na cama, fica calada mas parece entender que há algo errado. Ao lado dela coloco alguns bichinhos para não tenha perigo de cair. Ligo a tv, mas ela nem olha, assim que deito começo a chorar, a pequena se deita ao meu lado e fica me encarando.

— Não esqueça de falar ao papai que eu os amei tanto. — digo e ela apenas assenti. — Eu amo vocês.

...

A Sedutora e o Patrão - Trilogia Bandidagem: Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora