Foi Por Acaso

Capítulo 5 - Saudades do Jack

Chego numa parte onde eu somente via a parte dos fundos da casa. Me apoiei na cerca que dividia o terreno e liguei para o Jack.

Ligação:

Jack:- Que bom que ligou. Eu já estava ficando preocupado do carro ter rolado de uma ribanceira.

Jeana:- Não se preucupe. Eu estou bem. Estou aqui nos fundos da casa. É um lugar grande.

Jack:- Espero que se divirta. Mas não tanto, pois no nosso cruzeiro iremos nos divertir muito mais.

Jeana:- Do jeito que você é, não duvido de nada do que diga.- falo rindo e ele ri.

Um silêncio se instalou entre nós. Eu fiquei meio constrangida com isso.

Jack:- Eu já estou com saudades...

Jeana:- Eu também... Ah não, Jack! Isso não pode estar acontecendo! Não, não, não...

Jack:- O que você quer dizer com isso?

Jeana:- Olha, eu tenho que desligar. Mais tarde nos falamos. Tchau.

Ligação.

Desligo antes que ele responda. Fico ali parada. Até que alguém se aproxima por trás e me prende pela cintura.

Jeana:- Ah, Oi... Marcelo né?!

Marcelo:- Exatamente. Então você é a namorada do Carlos? Gostosa você, sabia?!

Jeana:- Marcelo, por favor mantenha distância.

Marcelo:- Você vai me servir pra alguma coisa.

Ele me agarra e puxa meu cabelo. Ele começa a beijar meu pescoço passando a outra mão pelo meu corpo.

Jeana:- É o que?! CARLOS! CARLOS!- grito.

Logo vem Carlos, Pedro, Charles, Charlotte e Chris. Carlos e os garotos puxam Marcelo de mim e o jogam no chão.

Carlos:- VOCÊ TÁ MALUCO? ELA É MINHA NAMORADA CARA! TEM O QUE NA CABEÇA?

Marcelo:- Tenho essa gostosa da tua namorada na cabeça.

Carlos da um soco no nariz de Marcelo e Pedro o segura enquanto Charles segura Marcelo.

Chris:- Gente, isso era pra ser uma reunião de amigos!

Charlotte:- Por favor, escondam seus malucos dentro de vocês e vamos mostrar a namorada de Carlos que podemos ser normais por um pouco de tempo!

Eu ri baixinho da piada. Elas duas me levaram para longe deles.

Chris:- Pedro, acalma o Carlos. Charles, cuida do nariz do Marcelo.

Eles afirmam e entramos em casa de novo. Ela me puseram no sofá e se sentaram uma de cada lado.

Charlotte:- Escuta, como vocês dois se conheceram?

Chris:- É. E como você fez pro Carlos ser só seu?

Charlotte:- Ele era um dos maiores galinhas do colegial.

Jeana:- Calma, gente. Eu o conheci na padaria. Só tinha um lugar pra se sentar, e era na minha mesa. Ele se sentou e começamos a conversar. Aí, uma semana depois começamos a namorar. Ele havia me explicado que, se eu aceitasse eu não seria única. Aí eu expliquei que, se eu aceitasse eu seria a única sim, pois ele estava me escolhendo. E se ele ficasse com mais alguma, ele podia me dar adeus. Ele ficou só comigo.

Elas me olharam com um brilho nos olhos.

Charlotte:- Cara, só você pra conseguir isso.

Chris:- E pra ele ter aceitado de cara largar várias pra ficar com uma, é porquê ele te ama mesmo.

Ficamos conversando mais um pouco até o horário do almoço. No mesmo dia, nos divertimos muito. Andamos a cavalo, fomos a praia, piscina, fizemos churrasco e, a noite, Pedro tocou violão em volta de uma fogueira improvisada que fizemos.

Foi um dia perfeito.

Cinco dias depois...

Hoje íamos todos embora. Passou rápido. Até que esse caso foi legal. Arrumei minhas coisas na mala, coloquei um vestido aleatório, uma sandália e meu tão amado chapéu.

Carlos:- Tá na hora?

Jeana:- Sim. E é bom fazer direito.

Carlos:- Ok.- ele da uma pausa, respira fundo e começa.- Só acho que não tem motivos!

Jeana:- Ah, então quer dizer que não tem motivos? Se não há motivos, por que ficou escondendo ela de mim esse tempo todo?

Carlos:- Porque ela é uma amiga minha! Eu a conheci aos dez anos na rua onde eu morava! NÃO TINHA MOTIVOS PRA TE CONTAR!

Jeana:- ACHO QUE TAMBÉM NÃO TINHA MOTIVOS PRA ESCONDER NÉ?!

Carlos:- Ah, eu hein. Tudo é sempre culpa do seu ciúme. Quem mandou mexer no meu celular?

Jeana:- Se você não queria que eu mexesse, não me desse a senha! Além do mais, você também nunca me disse que tinha trilhões de fotos com sua "amiga"!

Fizemos toda a "briga" no tom mais alto possível.

Jeana:- Ah, quer saber?! Eu vou pro carro!

Carlos:- Isso, foge como sempre!

Pego minha mala na maior calma, abro a porta e desço fingindo raiva. Passo por todos e vou direto pro carro. Ponho a mala e volto pra dentro.

Chris:- Gente, o que tá acontecendo? Vocês estavam bem até ontem a noite.

Jeana:- Acontece que esse idiota do Carlos tem mensagens do tipo "Quero te ver.", "Vontade de te dar um beijo." e outras mais. Além de várias fotos com a "amiga" dele.

Carlos:- Pedro, me ajuda. Fala pra ela que só tenho olhos pra ela.

Pedro:- Esquenta não. O cara é mó galinha. Deve ser só mais uma passageira além de você.

Carlos:- Pedro!

Jeana:- Obrigada, Pedro por ser realista.

Carlos:- Quer saber? Vamos embora, não suporto esse seu ciúme.

Jeana:- Não suporta, é?! Tenho a solução então. Aqui, nesta casa, ACABA NOSSO NAMORO!

Saio de lá e vou direto para a área dos fundo da casa fingindo raiva. Chego ao mesmo local onde liguei pro Jack e penso na atuação. Realista mesmo! Começo a rir. Ouço passos e paro de rir.

Charlotte:- Posso me juntar a você?

Jeana:- Claro.

Charlotte:- Ele sempre teve um gênio difícil. Não liga pra isso.

Jeana:- O que você faz quando seu namorado briga com você?

Charlotte:- Nada. Eu não namoro.

Jeana:- Está a procura da pessoa certa?

Charlotte:- Sim. É difícil encontrar uma lésbica que me ame.

O QUE?!?! Ela era lésbica?

Jeana:- Você é lésbica?

Charlotte:- Sim. Posso te dizer uma coisa?

Jeana:- Fala.

Charlotte:- Eu estava fingindo espanto. Eu ouvi sua conversa com ele ontem a noite. Ouvi vocês decidindo qual seria o assunto do "término". E também ouvi vocês vendo quando ele iria te pagar.

Jeana:- Bom, se você guardar segredo te revelo tudo.

Charlotte:- Eu já sei que você é garota de programa que tá trabalhando pra ele esses dias.

Jeana:- Não! Eu sou uma namorada de aluguel.

Charlotte:- Eu sei. Tô só brincando.

Rimos e voltamos pra frente da casa. Entro no carro e Carlos logo atrás. Dou a partida e vamos embora. Até nos afastarmos, não demos uma palavra.

Carlos:- Você é boa.

Jeana:- Obrigada. Você também fez um bom trabalho.

Carlos:- Tá todo mundo achando que "o casal perfeito" se desmanchou.

Eu ri.