Only fools fall for you, only fools do what I do

661 63 67
                                    

Virou-se tão rápido que uma dor aguda lhe espetou a nuca. Surpreso, reprimiu um gemido dolorido e encarou a pessoa que o chamara, parada no começo do corredor, carregando uma sacola aparentemente pesada.

- É você mesmo? Caramba.

- Porra, Niall, você me assustou.

O garoto continuava tão igual quanto se lembrava, unindo-se a paisagem, estático no tempo. O cabelo detinha o mesmo tom de loiro platina, a estatura ainda magra, sem saliência sobre as mangas. As mesmas roupas esportivas casuais, o mesmo rosto indagador e simpático que dizia: "Eu sou uma boa pessoa e posso ajudá-lo com o que precisar". De certa forma, ver Niall era reconfortante. Ser transportado para uma outra época, a atmosfera sutil e nostálgica.

- Desculpe. O que raios você faz aqui? - o loiro se aproximou, equilibrando a sacola em um dos braços.

- Eu... eu precisava falar com você. Vocês. - hesitou por um momento, e, embora não tivesse dito nome algum, Niall pareceu compreender.

- Foi sorte eu ter vindo aqui pegar algumas roupas. Não moramos mais nesse prédio. Eu me mudei para um apartamento maior com Grace, e ele comprou uma casa perto da academia. Há um tempo que este lugar está abandonado. - confessou em um tom lamentoso, enquanto o nome que dançava em sua boca não era proferido.

- Entendo. Realmente foi muita sorte. Não sei se conseguiria encontrar você. Podemos entrar? - perguntou, e o outro acenou rapidamente, puxando uma chave do bolso.

Em um primeiro momento, a palavra que descreveria o local seria "deserto". Muito empoeirado, os móveis que não estavam cobertos por um plástico de má qualidade, estavam cobertos por grossas camadas de sujeira acinzentada e amarronzada. Lacunas em branco indicavam a retirada de alguns elementos do local, como, por exemplo, a televisão e enfeites de estante. Zayn procurou com os olhos algum lugar para sentar, mas acabou por seguir Niall até a cozinha, onde puxou uma cadeira da bancada e se apoiou.

- Bem, o que você tem de tão importante que precisaria trazê-lo de volta para Doncaster depois de tanto tempo? - seu tom era casual, mas algo por trás dele indicava uma curiosidade cautelosa - Inclusive você e Louis sumiram sem dar notícias.

- É sobre ele que eu quero falar. - achou melhor uma abordagem franca e direta - Louis está doente. Com câncer. - mesmo cuidadosamente, a notícia pareceu flutuar até Niall e cair com um baque, pesando bem mais que aparentava.

Os olhos azuis do garoto perderam o tom até se assemelharem ao fosco sem vida. Sua boca permaneceu estarrecida, mas o lábio inferior apresentava espasmos ocasionais. Seu rosto perdeu a cor, transformando o corado saudável em um branco apático. Zayn duvidava que, se não estivesse apoiado contra a pia, Niall teria caído ali mesmo.

Não era uma notícia fácil de ser dada. Precisava de tempo e cuidado ao ser processada, absorvida como deveria. Entretanto, Zayn não tinha esse tempo. Precisava de Niall, de seu apoio, e precisava rápido.

Sem esperar, começou a narrar a história superficialmente. Explicou o motivo dele e Louis terem ido para Londres, mas não o que levou Louis a reencontrar Harry, uma vez que a única pessoa que conhecia essa versão da história era o próprio Styles. Contou sob seu ponto de vista, quando foi chamado no hospital com urgência, porque Louis havia sido atropelado. Em seguida, a espera por notícias, quando Harry saiu do quarto já desesperado e, então, a notícia propriamente dita.

Niall escutou tudo com uma atenção louvável, sem interromper ou expressar emoções. Seus olhos lacrimejaram, mas nenhuma lágrima foi derramada durante a narração. No final, Zayn, cuja voz estava grossa e afetada, parecia ter falado durante anos, a garganta fechada e seca.

Unsparing (Larry Stylinson AU | Book II)Onde histórias criam vida. Descubra agora