Uma forte chuva caia sob Brasília, seguida de raios e trovões incessantes. Lillith, uma garota simpática de dezessete anos, assistia a dança das árvores por entre os ventos que a natureza soprava naquela manhã. Desenhava no vidro embaçado da janela devido a umidade, em uma das mãos, um velho MP3 que tocava um clássico do Bon Jovi.
- I will love you, Baby... - cantarolou baixinho.
Lillith iria começar o seu primeiro ano de Engenharia Civil em dois meses. Estava mais animada que de costume, isso porque raramente estava satisfeita com algo. Fechava-se em seu mundo de fantasias e esquecia o mundo em que vivia. Todas as terças, ajudava á uma ONG de animais abandonados, sentia grande empatia por eles e desde então, fazia o que podia para ajudá-los.
- Filha, abre a porta pra mamãe. - disse Dona Feliciana batendo três vezes na porta.
- O que você quer? - retrucou Lillith.
- Conversar com você.
Depois de dois minutos, resolveu abrir a porta. Feliciana, uma mulher loira, de 1,70, entrou, fechou a porta atrás de si e sentou aos pés da cama. Lillith continuou deitada, olhando a chuva cair no asfalto da rua.
- Tenho uma coisa para lhe contar. - deu uma pausa - Vamos nos mudar!
Aquilo a deixou em choque. No mesmo momento desligou o aparelho MP3 e se virou para a mãe, que a olhava apreensiva esperando uma reação positiva da filha.
- O que? Vou ter que largar tudo? - disse encarando Feliciana.
- Não terminei de contar. Vou trabalhar na Universidade de Oxford. Você sabe o quanto batalhei por isso filha, se anima... por mim.
Lillith manteve-se de cabeça baixa por alguns segundos. Sua expressão era triste, pois teria que deixar os amigos, a ONG e o namorado. Era óbvio que seria difícil suportar a saudade, mas tinha noção do quanto a sua mãe havia se esforçado para conseguir uma vaga de professora na Universidade de Oxford, destrito de Oxfordshire, na Inglaterra.
- Parabéns... mamãe. Fico feliz por você. - deu uma sorriso amarelo e voltou a escutar a sua playlist.
Passou o resto dia trancada no quarto. Já a sua mãe cantarolava feliz enquanto colocava os itens pessoais em uma caixa. Os móveis seriam doados, o que não agradou nada a sua filha.
Estava a dançar pela sala, quando alguém bateu na porta. Desligou o toca discos e correu para atender.- Felipe! Entre, por favor. - cumprimentou o namorado de Lillith.
- Obrigado dona Feliciana. - O rapaz alto, de cabelos encaracolados deu dois passos mas parou e voltou o olhar para a sogra. - Vocês vão mesmo embora do Brasil?
- Sim, querido. Vamos viajar amanhã. Sinto muito por vocês, sei que estão juntos há bastante tempo, mas é preciso.
- Vou la em cima falar com ela. - Felipe saiu com a cabeça baixa.
Lillith retirava todo tipo de pôster que havia em sua parede, desde bandas a filmes antigos. Havia guardado tambem os CDs e os livros que preenchiam a estante de parede. Felipe entrou silenciosamente e a abraçou por trás.
- Não vá, por favor.
Lillith sentiu uma enorme tristeza ao ouvir a voz do rapaz com quem dividiu boa parte da adolescência. Ela e Felipe estudaram juntos por quatro anos, o que resultou em três anos de namoro. Ambos não sabiam socializar, se isolavam atrás da escola e passavam o tempo vago escutando rock. Não foi difícil se apaixonar pelos olhos verdes do garoto magricela de cabelos encaracolados.
- Não faça isso comigo Lipe, você sabe que por mim ficaria aqui com você. - disse beijando a testa do namorado, tentando consola-lo. - Mas é o sonho da minha mãe.
- E os nossos sonhos? - Felipe deixava escapar uma lágrima. - Não vamos morar juntos e ter mais de vinte cães?
Lillith abraçou Felipe com força, agora ambos choravam. Feliciana assistia tudo pela porta que estava semi-aberta. A fechou devagar e saiu de fininho antes que percebessem a sua presença. Afundou as costas no sofá e por um momento começou a imaginar se era realmente a decisão certa.
- Tenho que ir. É uma ótima oportunidade para dar uma vida melhor á minha filha. - disse para si.
No dia seguinte acordaram cedo, tomaram café e terminaram de embalar todas os pertences. Lillith deu uma última olhada para o quarto vazio e fechou a porta. O táxi as esperavam em frente ao portão. Ficou abraçada com o Felipe até que colocassem a última caixa no pequeno caminhão que seguiria até o aeroporto. Para o azar de ambas, o aeroporto de Brasília não fazia vôos internacionais devido a uma forte tempestade que estava por vir. Pegariam um vôo pra São Paulo e de lá tentariam a sorte.
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As aventuras de Lillith & Ally
RomanceO que você faria se da noite pro dia tivesse que se mudar para um país muito diferente do seu? Esse foi o caso de Lillith, uma garota simples e inteligente, que morava em Brasília e por obra do destino teve que se mudar para a Inglaterra, para que...