Capítulo 14 - O último olhar

89 24 3
                                    

Duas semanas haviam se passado e nada dançava conforme a música. Felipe fazia questão de andar com Lillith para todos os lugares possiveis. Certo dia pararam em frente ao manicómio abandonado, mas Lillith insistiu que era proibido entrar. Johnny faltava aula com muita frequência, raramente a garota o via na sala de aula, o que a deixou muito preocupada. Matthew começou a sair com uma ajudante da biblioteca, se chamava Scarlett, era morena e tinha os cabelos curtos. Alyson voltou a ficar com o Elliot, mesmo gostando do Matthew. As vezes os casais se esbarravam pelos corredores, e Alyson o encarava triste.

- O que estamos fazendo das nossas vidas Alyson? - perguntou Lillith, enquanto virava um copo de tequila, no mesmo pub em que Elliot havia tocado.

- Eu nao sei, Lillith. A unica certeza, é que não estamos felizes. - Alyson concluiu. - Acho que essa é a hora perfeita para fugirmos daqui.

- Concordo. Bem que podíamos organizar uma viagem nas férias de julho.

- Não precisa. Todo ano o heitor da universidade organiza uma viagem para Nova York. - disse Alyson, bufando.

- Como voce pode dizer isso com todo esse desânimo? Vamos para N.Y.

- É que... Não terei dinheiro para pagar a hospedagem.

- Você vai sim. Minha mãe dará um jeito. - disse Lillith confiante. - O lado bom dessa viagem é que Felipe não estará nela. Tenho esperanças de que Johnny vá.

- Você conseguiu falar com ele?

- Não. Depois que terminamos a maquete da biblioteca, nunca mais nos falamos. As vezes nos encontramos nos corredores, mas ele fecha a cara.

- Você deveria ir atrás dele e se explicar. - sugeriu Alyson.

-Você está certa, vou atrás dele. Só tenho que achar uma forma de me aproximar dele. - Lillith pensou por alguns segundos. -Já sei!

Lillith se despediu da amiga e andou pelas ruas escuras de Oxford. Sabia exatamente onde encontrar Johnny. Passou pela cerca de arames e em seguida ligou a lanterna do celular para iluminar o local sombrio. Subia as escadas lentamente, olhando para os lados. Via ratos correndo pelo canto da parede. Estava a subir o penúltimo degrau quando viu uma figura magra no fim da escada. Assustou-se e tropeçou no próprio pé, fazendo com que rolasse escada á baixo. Sentiu uma forte dor no tornozelo esquerdo, fazendo-a soltar um grito. De repente sentiu sua visão escurecer e desmaiou.
Algum tempo depois, acordou assustada, pois alguém havia colocado ela numa cama velha e empoeirada . Olhou para o tornozelo e percebeu que estava envolvido por um pedaço de pano. O local estava iluminado pelo brilho da lua, ao examinar bem, viu que estava no mesmo quarto que passara a noite com Johnny.

- Ainda dói? - perguntou Johnny, com a voz ríspida, parado de frente para a janela.

- Dói. - Lillith começou a chorar. Johnny se aproximou examinou o tornozelo da garota.

- Onde está doendo? - Johnny perguntava sem encará-la.

- Aqui. - ainda chorando, Lillith guiou a mão de Johnny até o seu peito. - O amor dói. - Johnny retirou a mão imediatamente e virou-se em direção a janela. Lillith tentou se levantar, mas gemeu de dor quando apoiou o pé no chão.

- Por que não me contou sobre ele?

- Por que não estávamos mais juntos. - Lillith tentou explicar, mas Johnny permanecia em silencio.

- Sabe, - Johnny riu - Me sinto um completo idiota. Achei que você fosse diferente de todas as garotas que ja conheci, que seria a única capaz de me tirar desse abismo em que vivo.

- Johnny, deixa eu te explicar. - Lillith tentou se levantar mais uma vez, mas dessa vez caiu no chão, chorando de raiva. Johnny correu e a ajudou a levantar e em seguida a pegou no colo, colocando-a sentada em uma cadeira velha. Lillith o encarou e sentiu uma pontada no peito quando viu os olhos negros do rapaz desviar o olhar. - Fazia tempo que eu e o Felipe não nos comunicávamos. Desde então coloquei na cabeça que ele deveria estar com outra pessoa no Brasil. Foi quando te vi pela primeira vez que percebi que não sentia mais nada por ele. Sinto muito se não contei sobre ele, só queria apagá-lo de vez. E eu estava tão feliz ao seu lado que me dei conta de que sinto algo forte e incontrolável por você. E isso dói.

Johnny a olhou com os olhos marejados, ia dizer algo quando foi interrompido.

- Lillith meu amor, você está bem? - Felipe entrou beijando a testa de Lillith. - Obrigado por ligar. Te devo essa.

- Você...ligou? - Lillith disse o encarando, Johnny apenas assentiu. Felipe a pegou no colo e a levou em direção à porta. Lillith e Johnny se olharam uma ultima vez, antes de Felipe sair do local.
Johnny encostou na parede e deixou as lágrimas rolarem. Olhou para o lado e viu a blusa xadrez de Lillith na encosta da cadeira. A apertou contra o peito e chorou como uma criança.

As aventuras de Lillith & AllyOnde histórias criam vida. Descubra agora