Capítulo 02

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Meu pai iniciou uma conversa sobre  negocios. Eu permaneci quieta ao lado do William, não o olhava, mas podia jurar que sentia seu olhar em mim.

  - É uma pena que não vai ser nosso sócio na construtora William. Afonso me disse que não pretende ficar muito tempo no Brasil.
  - Sim, realmente. Eu tenho ajudado meu pai com a construtora, mas não é o meu ramo. Estou abrindo uma agência de publicidade aqui em São Paulo, mas será apenas uma filial da que tenho em
  Nova York, por isso não posso me ausentar por muito tempo.
  - Você tem uma agência? Uau... certamente conheçe muitas modelos famosas. - Amanda falou empolgadissima.
  - Sim, algumas.
  - Deve ser o maximo conviver com gente famosa. Eu estive em Paris e confesso que não queria mais voltar ao Brasil, lá tudo tem mais classe.
  - Mandy... realmente ficou encantada com Paris, também com tantos presentes que ganhou. - Rebeca diz rindo.
  - Sim mamãe. Nossa viagem em familia foi maravilhosa. - Sei que elas estão falando dessa viagem apenas para me magoar.

- E onde vai abrir a agencia William? - Meu pai muda o rumo da conversa.
  - No centro, a inauguração será essa semana, enviarei os convites a vocês.
  - Claro, iremos com prazer William. - Amanda comenta.
- Então não vai demorar a voltar para Nova York?
  - Irrei voltar somente depois que eu me casar com sua filha. - Ele diz e me olha. Imediatamente desvio o olhar.  Não consigo entender porque um homem como ele deseja se casar comigo.
  - Claro. - Papai diz e Rebeca se intromete.
  - Bem vamos para a mesa, o jantar esta pronto. - Levantamos juntos  e ele faz sinal para eu ir na frente. Já na mesa, puxa a cadeira para eu me sentar e senta ao meu lado.
   O jantar transcorreu normalmente, o assunto novamente foi a empresa e os negocios. Não falei em momento nenhum.
Ao voltarmos para sala Rebeca leva a Senhora Lucia para conheçer a casa e Amanda acompanha elas.

  - Porque não leva William para conheçer o jardim filha? - Encaro meu pai, é a primeira vez em anos que ele me chama de filha. Mas não tenho tempo pra ficar feliz. Ele logo me dá aquele olhar, de que vou entrar em sérios problemas se não o obedecer.
 
  - Ta bem. - Me levanto e olho para William, ele prontamente se levanta e segura minha mão. Caminhamos até o jardim em silêncio, nossos dedos estão entrelaçados, paro perto da piscina e fico olhando o reflexo da lua na água.
 
  - Bem... esse é o jardim. - Ele ri.
  - É um jardim bonito. - Aceno com a cabeça, permanecemos em silêncio por alguns segundos, que mais parecem horas.
  - Eu daria um milhão por seus pensamentos. - Ele diz e viro o rosto o olhando.
- Eu não entendo.
- O que você não entende?
- Porque um homem como você quer se casar comigo?
  - Um homem como eu?
  - Sim, bonito, independente, rico. Você poderia se casar com qualquer outra mulher. Então porque comigo?
  - E porque não com você?
  - Porque eu sou... apenas eu. - Encolhi os ombros me desculpando.
  - Você ser apenas você, já é suficiente pra mim.  - Ergo o olhar encontrando seus olhos. Ele é realmente lindo, de uma forma que me faz perder o ar. Olho para a piscina a minha frente novamente.
  - Meu pai disse que você se interessou por mim, de onde me conheçe?
  - É... quando fui numa reunião na empresa do seu pai, havia uma foto sua na sala dele.
  - Meu pai tem uma foto minha na sala dele? - Perguntei espantada.
  - Sim. - Sorri.
  - Porque a surpresa?
  - É... não nos damos muito bem.
  - Entendo. - Voltamos a ficar em silêncio, aproveito para sentir seu toque, sua mão continua enlaçada a minha, ele tem mãos grandes, acho que já disse isso.
  - Bem.. pelo que eu entendi você não deseja se casar comigo.
- Na verdade eu não tenho muita escolha. - Digo olhando o chão.
  - Claro que tem. É o seu sim ou o seu não que vai decidir isso.
  - Isso importante para o meu pai.
- Entendo. Seu pai concordou com o casamento. Como ele e meu pai estão fazendo uma sociedade na construtora, seria bom estreitar os laços entre nossas familias. 
  - Tudo sempre resume a dinheiro no final, meu pai praticamente me vendeu. - falo comigo mesma e percebo o quanto isso é horrivel. William toca meu queixo e me faz olha-lo.

  - Eu quero você como minha mulher, os negócios dos nossos pais não me enteressam em nada Maite. - Suspiro.

- Isso que eu não entendo, porque eu? Porque não a Amanda? Ou qualquer outra?
  -   Eu quero ficar com você, nenhuma outra. - Franzo a testa.
  - Porque? - Torno a repitir.
- Porque foi o seu sorriso naquela foto que me encantou. Eu sei que isso é estranho, as pessoas normalmente se conheçem, namoram e depois pensam em casamento. Mas tenta entender que eu não tenho tempo, não posso ficar no Brasil por muito mais tempo e não quero ir embora daqui sem você. - Agora ele segura meu rosto com as duas mãos. - Maite... eu quero cuidar de você. - Suspiro fundo. É tudo que eu mais quero, ser cuidada, ser amada. Não posso mais suportar esse descaso e falta de amor. Tento engolir o choro.
  - Desculpa. - sussuro abaixando a cabeça, tudo que menos queria era chorar na sua frente. Então ele me abraça, me sinto tão pequena perto dele, mas protegida entre seus braços.
  - Tudo bem... Você não precisa me responder agora, apenas pensa na minha proposta, podemos sair pra jantar no fim de semana e então você me responde. Tudo bem? - Aceno com a cabeça, e não quero sair dos seus braços,    torço pra ele não me soltar, mas ele o faz.
- Vamos entrar? - Aceno com a cabeça. Ele coloca seu braço sobre meus ombros e assim voltamos a sala. Estou encolhida ao seu lado, envergonhada por todos estarem nos olhando.

  - E então quando começam os preparativos do tal casamento? - Amanda quebrou o silêncio.
 
  - Maite ainda não me respondeu se aceita. Ela vai pensar e conversaremos no fim de semana. - William a respondeu.
  - Bem... creio que podemos ir agora filho, estou muito cansada. - Dona Lucia falou.
  - Claro mamãe. - Enquanto seus pais se despediam dos outros, William se virou pra mim.
  - Pensa com carinho na minha proposta. - Acenei com a cabeça. Ele me surpreendeu quando me abraçou novamente, foi tão bom, e eu não queria sair dos seus braços outra vez. Mas ele me soltou, sorriu e se afastou. 
  - Boa Noite, até Sabado.
  - Boa Noite.
  - Maite foi um prazer te conheçer. - Dona Lucia me abraçou.
  - O prazer foi todo meu. - Sorri pra ela. William acenou um tchau pra mim antes de sair. E então eles se foram. Ele se foi.
 
  - Não acredito que a Maite vai se casar com esse cara, sou totalmente contra. - Olho para Amanda que esta de braços cruzados e pronta pra começar a fazer birra.
- Maite trate de dizer pra ele que aceita logo, não vou perder esse negocio por seus caprichos. - Amanda faz uma cara de espanto ao ver que ele nem lhe deu atenção. - Não vou tolerar mais nenhuma desobediencia da sua parte, ouviu bem? - Aceno com a cabeça e vou para meu quarto, tiro meu salto e deito na cama. E pela primeira vez em muitas noites, eu não quero chorar. Eu apenas quero abraçar o meu travesseiro, fechar meus olhos e começar a imaginar como seria minha vida se eu me casasse com William. Imagino nossas mãos entrelaçadas enquanto caminhamos pelas ruas de Nova York. Em um terminado momento ele me abraça, eu não quero sair dos seus braços e dessa vez ele demoooora a me soltar. Uma pequena parte de mim quer acreditar que isso é uma linda história de amor e que meu Feliz para sempre esta apenas começando. Mas no fundo eu sei que estou imaginando coisas que nunca aconteceram, bem eu sou só uma menina, carente de amor, que pela primeira vez na vida, esta se sentindo especial. E quer aproveitar essa sensação ao maximo.

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