Capitulo 19

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Depois que coloquei Maite no carro e o motorista a levou, entrei na agência, fui direto para o estúdio onde Rafael estava com as modelos fazendo o teste, meu olhar foi diretamente na loira que se atreveu a chamar Bela de gorda.
— Rafael. — Chamei e ele parou de fotografar.
— Podemos conversar um instante. — Ele assente e vem até mim.
— E Maite? — Perguntou.
— Ela já voltou pra casa. Aquela loira já fez as fotos?
— Qual? Todas são loiras. — Disse olhando as garotas.
— A de blusa vermelha.
— Sim, ela insistiu em ser a primeira.
— Quero que apague as fotos dela e diga que seus serviços não são mais necessários.
— Porque?
— Porque enquanto elas aguardavam na recepção, ela se atreveu a chamar a Bela de gorda.
— Porque?
— Sei lá, deve ter pensado que Bela iria fazer o teste com elas.
— Hum, e Maite pediu pra você fazer isso?
— Não.
— Entendi. E você não acha que está sendo radical demais?
— Não. Ela ofendeu minha mulher. Não vou lhe dar nenhum trabalho, pode esquecer.
— Will... Você não acha que ta levando esse casamento a sério demais? Ela não é sua mulher de verdade.
— Quem disse que não é? — Ele ergue a sombrancelha e faz cara de deboche. —Eu me casei de papel passado com ela e tem a porcaria de uma aliança no meu dedo. — Ergo a mão, mostrando a ele. Não sei porque estou tão bravo.
— Sim, mas isso não quer dizer nada se o casamento não for consumado. — Aperto meus lábios olhando o chão. Lembro de como meu casamento foi muito bem consumado, naquela ilha. Mas ele não sabe disso.
— William? Você me disse que ela tinha exigido dormir em camas separadas.
— Sim e ela exigiu.
— Então porque está fazendo essa cara?
— Que cara?
— De quem está querendo rir de alguma coisa. William fala a verdade, você dormiu com ela?
— Isso não é da sua conta Rafael.
— Dormiu. — Ele afirmou.
— Quer mesmo saber? Sim, eu dormi. Eu me casei com ela, porra. Estranho seria se eu não tivesse dormido.
— Agora eu to entendendo.
— Entendo o que?
— Toda essa possesividade, essa proteção exagerada e claro esses atrasos. — Rafael cruza os braços e afirma com a cabeça, esperando a minha resposta. Respiro fundo com raiva.
— Proteção exagerada? Você diz isso porque não sabe como ela é frágil. E você como irmão deveria se preocupar mais com ela. — Digo saindo.

Ao chegar na sala me jogo na cadeira passando a mão no rosto. Ele tem razão, estou exagerando demais, na proteção e  principalmente no carinho. Mas porra, me pediram pra cuidar dela, e é o que estou fazendo, é somente isso, cuidado.
Resolvo parar de pensar nisso e começo a trabalhar, estou muito concentrado no design da próxima campanha quando batem na porta.
— Pode entrar. — A porta se abre e Rafael entra.
— Podemos conversar?
— Claro. — Falo apontando a cadeira.
— Você tem razão. — Ele diz se sentando. Franzo a testa.
— Tenho?
— Tem, ela é minha irmã e eu deveria cuidar dela. Eu queria ter com ela esse sentimento de proteção que você tem, mas não tenho. Também, eu só troquei umas dez palavras com ela.
— Talvez eu esteja mesmo exagerando no cuidado.
— Bom, não é isso que importa. Se está cuidando dela ótimo. Foi o que minha mãe pediu pra fazer.
— É, só estou fazendo o que ela pediu. — Concordo, tentando afastar as teorias absurdas que estou criando em minha mente sobre esse cuidado exagerado.
— Claro, com exceção de transar com ela. Porque eu duvido muito que minha mãe tenha te pedido pra fazer isso.
— Olha... Aconteceu ta legal, a não ser que tenha uma maquina pra voltar no tempo, não posso fazer nada quanto a isso. — E mesmo se ele tivesse eu não voltaria.
— Ta. Não é sobre isso que vim falar.
— Então é sobre o que?
—  Eu quero conhecer a Maite.
— Já conhece. — Dou de ombros.
— Conhecer de verdade, falar com ela, me tornar amigo dela.
— Tudo bem, pode ir jantar conosco lá em casa está noite.
— Tá bom.
Depois que ele sai eu ligo para Bela, falando que teremos um convidado para o jantar. Ela como sempre apenas concorda e diz que vai preparar o jantar.
Já passa das sete horas quando saímos da agência e seguimos no carro do Rafael para o apartamento.
— Fez o que eu te pedi?
— Sobre?
— Dispensar a modelo do teste.
— Assim. Ela fez uma cara feia e saiu sem me dizer nada. Provavelmente já esperava depois que percebeu que ela era sua esposa.
— É provavelmente.
Quando chegamos ao estacionamento do prédio mostro a vaga que Rafael tem que estacionar mas...
— Porra. — Um carro estava saindo de outra vaga e nos fechou, fazendo Rafael desviar e bater em outro que estava junto ao lado. — Mas que droga. — Rafael sai do carro, e faço o mesmo.
— Você comprou sua carteira foi? Olha o que você fez no meu carro. —  Uma moça grita enquanto se abaixa pra olhar o estrago. Tenho a impressão que já ouvi a voz dela antes. A reconheço quando ela se levanta, é a Camilla, amiga da Maite.
— Olha moça não tenho culpa, foi um carro que me fechou. — Rafael tenta se defender, pois ela cruzou os braços e olha com um olhar mortal.
— Ah é? Que carro? — Diz olhando em volta e finalmente me vê. — William?
— Oi Camilla, como está?
— Não muito bem, já que seu amigo, amassou meu carro.
— Já disse que a culpa não é minha.
— Pois bem, eu não estou vendo nenhum outro carro aqui. Você que é um barbeiro e com certeza comprou sua carteira na vinte cinco de março.
— O que é isso?
— Camilla, ele está falando a verdade, um outro carro nos fechou.
— Tá, mas essa vaga é minha. — Diz voltando ao carro e estacionando na nossa vaga.
— Quem é essa louca? — Rafael pergunta enquanto estaciona em outra vaga que indiquei.
— Camilla, é amiga da Maite.
— Não me diga que ela vai estar no jantar?
— Não sei, provavelmente. — Dou de ombros fazendo ele chacoalhar a cabeça e rir. — Onde ela disse que eu comprei a minha carteira?
— Eu sei lá. — Falo saindo do carro.

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