Capítulo 48

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Vivendo um sonho, é realmente assim que me sinto, estando em seus braços, sentindo o seu carinho e principalmente o seu amor. Eu não poderia pedir mais nada a Deus.
Acordei feliz, porém melancólica por William já ter ido trabalhar, mas eis que ele surge no banheiro, me tocando, me beijando, me fazendo dele. E como se o fato dele estar comigo não fosse o  suficiente, me deparo com flores e café de manhã na cama. Beijo seu ombro o mimando, enquanto ele come um pedaço de bolo, seu sorriso de lado é o meu melhor presente.
— Prefiro aqui. — Aponta para sua boca e se aproxima me dando um selinho, que se transforma num beijo longo, sou puxada para seu colo e quando ele deita devagar, pouso a cabeça no seu peito. Fecho os olhos sentindo seu cheiro, de sabonete e de William. Permanecemos em silêncio, mas não era um silêncio estranho, era apenas silêncio. Enquanto ele alisava as minhas costas, fazendo a toalha que enrolava meu corpo, deslizar cada vez mais para baixo.
— Tirei o dia de folga... Só pra ficar com você, podemos fazer alguma coisa, o que você quiser.
— No momento, eu não quero sair daqui por nada. — Sussurro.
— Nem eu... — E voltamos ao silêncio, silêncio esse, que foi substituído por gemidos alguns minutos depois, digamos que a toalha foi retirada do meu corpo com uma pressa exagerada e logo  William estava por cima de mim, me beijando, me acariciando...

Eu me sinto realmente emocionada por estarmos aqui, vim tantas vezes a esse lugar sozinha. Ele era o meu refúgio, pra onde eu fugia quando queria sumir do mundo, quando a falta de carinho doía de verdade. É estranho perceber que agora o meu refúgio não é um lugar, é uma pessoa. E não é mais um refúgio, é o meu porto seguro. William é o meu porto seguro.
— Parque Villa Lobos. — Ele lê na placa de entrada do parque. Confirmo com a cabeça.
— Gosto muito desse parque, eu vinha sempre depois da aula,  pra caminhar, pensar... — Suspiro lembrando. — Na verdade eu não queria voltar pra casa. — Dou um leve sorriso, ao perceber que William está sério.
— Imagino que foi difícil conviver com o seu pai. — Ele diz olhando pra frente. E começamos a caminhar, de mãos dadas.
— Na verdade não, ele geralmente me evitava o máximo possível. Difícil era aguentar a Rebecca e a Amanda.
— Bem, azar o dele, perdeu a chance de conhecer a filha maravilhosa que tem. — Sorrio.
— Bom, eu não acho que ele sente falta disso. 
— Talvez não agora, mas um dia ele vai se arrepender amargamente. — Dou de ombros.
— Já não faz diferença. — Rio. — Eu me casei pra tentar conquistar o amor dele e agora é o que menos me importa. — Falo o olhando. William sorri.
— Porque conquistou o meu? — Aceno com a cabeça, sentindo o meu coração bater mais forte. Será que vou me sentir sempre assim, cada vez que me lembrar que ele me ama? Caminhamos alguns metros em silêncio, olhando as pessoas cruzarem por nós.
— E você? Bom, eu sei que seus pais são maravilhosos, mas como era a sua vida antes de me conhecer?
— A minha vida... — Diz pensativo. —  Era normal, eu trabalhava muito, não via meus pais sempre.
— Então estava sempre sozinho? — Pergunto e ele torce a boca.
— Bem... Não... — Franzo a testa, sem entender. — Eu saia muito, em baladas, festas... — Desvio o olhar para o chão. Sei que não fui a única mulher em sua vida, mas não posso evitar de sentir ciúmes.
— Teve muitas namoradas?
— Não, nenhuma séria. Era só... sexo. — Confirmo com a cabeça sem olhá-lo.
— Nunca se apaixonou por nenhuma delas?
— Não. Só você. — Tento ocultar um sorriso. Só eu, gosto de ser a única.
— E não sente falta dessa vida? — Ele nega sorrindo.
— Antes eu me apressava em terminar meu trabalho para ir as festas e agora me apresso para voltar pra casa, pra ficar contigo. — Sorrio. — É estranho ter mudado tanto, em tão pouco tempo, mas gosto da nossa rotina.
— Eu também. — Fico mais perto dele, passando as mãos por sua cintura e ele me abraça, caminhando juntinhos.
— Mas e se um dia sentir falta da sua antiga vida? 
— Se eu sentir... Nós vamos pra balada, beber e dançar até o amanhecer. — Sorrio, amo quando ele me coloca em seus planos, por mais bobos que sejam. Caminhamos alguns metros em silêncio, mas algo está martelando em minha mente.
— Tem uma coisa que eu ainda não entendo nessa história.
— O que? — Pergunta curioso.
— Eu não acho que o seu pai tenha te obrigado a se casar comigo, por causa da sociedade com o meu, não é?
— Ele não me obrigou.
— Então porque se casou comigo? Você poderia ter a mulher que desejasse. — Ergo a cabeça o olhando.
— Você era a mulher que eu desejava. — Dá de ombros.
— Mas como poderia me desejar se você nunca tinha me visto, só pela foto. — Ele franze a testa.
— Que foto?
— Me disse que havia visto uma foto minha no escritório do meu pai.
— Ah é, isso mesmo. — Rio por ele não lembrar.
— E então? Porque eu? — William torce a boca me olhando.
— Porque você? — Diz pensativo. E eu espero sua resposta. — Eu falei sobre a foto e seu pai surgiu com a ideia do casamento. No inicio eu achei estranho, mas a sua foto chamou muito a minha atenção. Então concordei apenas para te conhecer, marcamos o jantar e quando eu te vi... encolhida no canto da sala, esquecida por todos... Naquele momento eu só queria te pegar nos meus braços e cuidar de você. — Meus olhos se enchem de lágrimas ao lembrar daquela noite. — Então não me pergunte porque você, eu não tenho essa resposta Bela. Porque  simplesmente aconteceu... Na semana seguinte estávamos casados e você me conquistou, com seu jeito doce, com sua simplicidade, honestidade, seu carinho, preocupação... Enfim... eu me apaixonei e sei que a melhor decisão que tomei na vida foi me casar com você. — Limpo a lágrima que escorreu e William para de caminhar ficando na minha frente, suas mãos seguram meu rosto e ele sorri.
— Não chore. — Sussurra beijando a  minha testa. O abraço ficando na ponta dos pés para beija-lo, seus lábios recebem os meus com carinho, e ele me envolve nos seus braços, no seu aperto. Esqueço de todo o mundo ao meu redor, quero parar esse momento, guarda-lo para sempre na minha mente.
Definitivamente seu sorriso de lado é a coisa mais linda do mundo, eu poderia passar o resto da minha vida o olhando. Sua mão enlaça na minha e voltamos a caminhar, embora eu sinta que estou flutuando... Tão feliz quanto o possível.
— Não devia se sentir assim. — William fala.
— Assim como?
— As vezes você fala como se qualquer outra mulher fosse melhor que você, é isso não é verdade.
— Convenhamos que não sou a mulher mais bonita e gostosa do mundo. — Dou de ombros.
— É pra mim. Amo seu corpo. — Sorrio olhando o chão. — Você é diferente das outras, não só pelo corpo, mas também pelo seu caráter, desde o inicio percebi que era uma mulher de princípios, que não se interessa pelo meu dinheiro ou estava comigo só pelo sexo como todas as outras. Mesmo que o nosso casamento tenha sido arquitetado pelo seu pai, o dinheiro não lhe importava.
— Não me casei por dinheiro, me casei pra conquistar o amor do meu pai. Me imaginei trabalhando e tendo o meu próprio dinheiro, não vivendo as custas do meu marido. — Olho pra ele e acabo rindo. — E no fim é isso que estou fazendo. — William sorri negando.
— Gosto de lhe dar tudo, tenho muito dinheiro e quero que tenha tudo que desejar.
— Sim, mas quero trabalhar e quando irmos para Nova York, irei arranjar um emprego.
— Tudo bem, se isso te faz feliz. O que pensa em fazer? Abrir um consultório?
— Sim, mais pra frente. Pensei em começar num hospital, escola, algo assim, para depois me arriscar num consultório próprio.
— Como quiser, mas saiba que posso investir num consultório próprio se quiser. — Aceno, mesmo não achando certo usar seu dinheiro pra isso. Quero ser independente.
Uma bola de vôlei quase me acerta, mas William segura com a mão e um homem sem camisa se aproxima.
— Foi mal.
— Tudo bem. — William diz entregando a bola. E poucos segundos depois o cara se afasta. — Imbecil. — Ele chinga.
— Não foi culpa dele. — Digo. Afinal quem consegue controlar pra onde uma bola vai? 
— Não é por isso. Ele estava olhando os seus peitos. — William diz, nitidamente com raiva. Meus seios parecem maiores com essa regata branca justa, mas não  notei que o cara estava olhando.
— Nunca chamei a atenção de nenhum homem. — Digo. Nunca me importei em perceber se os homens me olhavam de uma maneira diferente.
— Despertou daquele Arthur. — William diz com desdém. Pegando minha mão de novo, voltando a caminhar, em silêncio.
Me sinto especial por ele sentir ciúmes, embora não haja motivo, pois não olho jpra nenhum homem que não seja ele.

— O que aconteceu entre vocês? — Ele pergunta. Franzo a testa sem entender.
— Entre vocês quem?
— Você e o Arthur.
— Ah... — Digo surpresa e pensativa. — Bem nos namoramos por cinco meses. — Falo o olhando, mas ele parece esperar que eu continue, então... — A Camilla nos apresentou no intervalo das aulas, começamos a conversar e ele pegou o meu número, depois de três semanas  começamos a namorar. Conversamos muito por mensagem, mas não nos víamos muito. Era o ultimo ano e ele estava lotado de trabalhos, estágio, e provas finais. Saímos juntos apenas no domingo, pra um cinema ou algo assim. E depois ele se formou e foi fazer uma especialização em outro país.
— O que sentia por ele? — Dou de ombros.
— Não sei, carinho talvez. Ele era o meu primeiro namorado, acho que eu estava deslumbrada com tudo. Era muito nova e inexperiente. — William afirma com a cabeça.
— E ele nunca quis sexo? — Ergo a sobrancelha surpresa com a pergunta. — Falo isso, porque ter uma mulher como você do lado e não querer sexo é um disparate.
— Ele quis sim, mas eu não estava pronta.
— Que bom. — Sorrio quando ele me abraça tirando meus pés do chão. — Quero você só pra mim. — Confirmo com a cabeça o beijando.
Quando sou colocada no chão observo um senhor passar por nós vendendo sorvete.
— Quero um sorvete. — Me sinto uma criança dizendo isso e William sorri.
— Senhor, queremos comprar sorvete. — Ele diz. O homem se aproxima sorridente, oferecendo varios sabores, escolhemos dois de chocolate e creme. E sentamos na grama para comer.
Encosto a cabeça no seu ombro olhando as crianças brincando no parquinho a nossa frente. Rio vendo uma menininha aprendendo a caminhar, ela ainda é tão pequena, um toquinho de gente e já sai correndo quando os pais se descuidam.
— Pensa em ter filhos? — William pergunta. Me desencosto dele o olhando.
— Sim, sempre quis ter uma família. E você?
— Eu não pensava antes de te conhecer, mas agora sim. — Sorrio.
— Menino ou menina? — Pergunto.
— Menino. E você?
— Menina, elas são mais fofinhas. Olha aquela de vermelho. — Aponto. — Ela é tão lindinha, correndo desse jeito.
— Sim... Pode ser menina. — Sorrio, ele fala como se pudéssemos controlar isso. Volto a me escostar nele, enlaçando as nossas mãos. Ficamos em silêncio, só observando as pessoas. Então do nada William se levanta ficando na minha frente.
— Vem, vamos andar de bicicleta. — Diz me puxando pela mão...

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