Capítulo 23

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Maite está distraída olhando pela janela do restaurante e eu coloco minha mão sobre a dela, enlaçando nossos dedos,
enquanto espero o garçon nos trazer a conta. Isso faz ela me olhar e em seguida olhar nossas mãos entrelaçadas.
— Enquanto eu estava esperando na sua sala, uma mulher te ligou, ela se chamava Isabel. — Franzo a testa ficando ereto na cadeira.
— Isabel? Falou com ela?
— Não, apenas li o nome na tela, não achei conveniente atender. — Suspiro aliviado. Nem quero  imaginar o que poderia ter acontecido se ela tivesse atendido. — Quem é ela? — Maite murmura. E seu rosto está sério.
—  É a minha tia, mãe do Rafael. — Não quero mentir pra ela. Logo ela vai saber da verdade de qualquer forma.
— O nome dela é Isabel?
— Sim, porque?
— Isabel também era o nome da minha mãe. — Ela sorri fraquinho, mas seu olhar está longe, como se lembrasse de algo. E em seguida ela se entristece. Eu queria tanto poder dizer que sua mãe estava viva e tirar essa tristeza do seu rosto, mas tudo tem seu tempo. E agora não posso sair do Brasil, então ela vai ter que esperar mais um pouco.
— Não fica assim... — Passo o braço por suas costas, trazendo-a para perto e ela encosta a cabeça no meu peito. Não sei o que dizer para lhe consolar, a verdade é que Isabel não está morta e nada do que eu falasse agora seria verdadeiro.
Quando o garçon chega com a conta sou obrigado a solta-lá. Pago a conta e volto a segurar sua mão, ela parece melhor e sorri levemente.
— Temos que voltar para a agência, eu tenho uma reunião daqui a pouco.
— Sim, claro. Eu vou pegar um táxi e voltar para casa.
— Posso ligar para o Pedro e em pouco tempo ele vai estar aqui.
— Não tudo bem, eu pego o táxi.
— Eu realmente prefiro que você volte com o Pedro, do que com algum taxista desconhecido, é mais seguro e vou ficar mais tranquilo. — Maite sorri.
— Tudo bem, se isso de deixa mais tranquilo. — Afirmo. E pego o celular ligando para o Pedro.
— Ele chega em cerca de meia hora, você pode esperar na minha sala.
— Ta bem. —  Então pego sua mão e a guio para fora do restaurante e de volta a agência.
Entramos no prédio e ao passar pela sala de reunião vejo Carlos conversando com Rafael. Droga. Eu pensei que ainda tinha alguns minutos, olho meu celular e constato que ele está adiantado. Então Carlos acena pra mim, decido entrar para cumprimentá-lo e ir ficar uns minutos a mais com Maite.
— Vamos apenas cumprimentar um amigo e dai vamos para a minha sala.
— Ta bem.  —  Maite me solta, mas para sua surpresa, eu a levo comigo.
— William. — Carlos fala sorridente se levantando. E solto Maite para apertar a mão dele. — Que bom te ver.
— Carlos, é sempre bom revê-lo. Como vai?
— Eu vou muito bem, obrigado. Estava aqui falando com Rafael, sobre como vocês souberam aproveitar o espaço, a agência está muito bonita, sofisticada e elegante. Meus parabéns, ao dois.
— Obrigado. Realmente, valeu a pena todo o trabalho investido, eu gostei muito do resultado.
— Horas aqui dentro planejando cada detalhe resultaram nisso tudo. — Rafael comenta.
— E ficou excelente. Chama a atenção do cliente, trás um ar de segurança e sofisticação. Bom, eu quando soube que vocês tinham inaugurado uma filial da agência aqui no Brasil, eu logo rompi o contrato com a agência a qual estava vinculado. Quero vocês fazendo a nova campanha publicitária da Pantene.
— Estamos aqui pra isso. — Rafael comenta animado. —  Já de cara gostei do foco central da campanha, quebrar os padrões de beleza. — Me viro e pego a mão de Maite, que até agora estava quieta um pouco atrás de mim, e a puxo para o meu lado na intenção de apresenta-lá ao Carlos.

— Sim eu... — Ele para de falar olhando Maite. Sim ela está linda nesse vestido colado ao corpo e eu estou fazendo o possível pra não pensar nisso, já que ela continua menstruada. E creio que ela não vai me presentear novamente como fez domingo de manhã no chuveiro. — Ela é perfeita. — Diz olhando-a fixamente. — Vocês dois são uns gênios. Eu só falei que queria uma campanha mais próxima da realidade, que fizesse as mulheres se identificarem e vocês me trazem isso. — Ele aponta pra Maite fazendo ela dar um passo atrás. — Ela é a mulher perfeita para essa campanha. — Maite me olha como se pedisse ajuda. E seguro sua cintura fazendo ela junto a mim.
— Carlos, ela não é nenhuma modelo. Maite é minha esposa.
— Esposa? Quando você se casou? — Ele pergunta surpreso.
— Mês passado. — Ele olha pra Rafael que confirma com a cabeça. E então torna a me olhar.
— Inacreditável. Mas vendo sua mulher, não me admira que tenha saido do time dos solteiros. Sou Carlos, muito prazer. — Diz lhe estendendo a mão.
— Prazer, Maite. —Sorrio ouvindo sua voz doce.
— William você é um homem de muita sorte. — Maite olha pra mim, sorrindo sem graça.
— Eu sei disso, Carlos.
— Bom, mas o que eu disse continua valendo. Ela é a mulher perfeita pra fazer essa campanha.
— Obrigada, mas eu não sou modelo, nem nada parecido.
— Mas pode ser. —  Carlos se aproxima,  ele vai tentar convence-lá. — Deixe-me lhe falar sobre a campanha. Quando pensei numa nova campanha, eu queria inovar, fazer algo com que as mulheres se identificassem, chega de mulheres esqueléticas, loiras, e de olhos azuis dizendo o que as outras devem comprar. Eu quero uma mulher de verdade pra essas fotos. Uma mulher bonita, com um sorriso cativante e um olhar penetrante e sincero. E você tem tudo isso. E sim como você mesma disse, não é uma modelo, e é exatamente isso que eu estou procurando. O que me diz?
— Obrigada... mas eu realmente... Não... — Ela está tão encolhida ao meu lado e sem uma resposta convincente que resolvo intervir.
— Carlos, acho que Maite não quer isso pra ela. 
— Tudo bem, eu não quero ser inconveniente, mas prometa pensar com carinho na minha proposta, ainda temos algum tempo até a campanha ser lançada.
— Ta bem, vou pensar. — Carlos sorri animado.
— Bom, a reunião foi marcada pra uma e meia.
— Sim, não se preocupe, eu que cheguei adiantado, mas eu posso esperar.
— Está bem fique a vontade.
— Obrigada. — Faço sinal pra Maite ir na frente.
— Tchau. — Ela diz pra Carlos.
— Tchau, foi um prazer querida. Pense com carinho. — Maite acena e então vamos para a minha sala. Minto se falar que eu fiz outra coisa além de beija-lá enquanto estávamos na sala. Sentei na minha cadeira, a puxei para o meu colo e a beijei. Maite até se preocupou sobre alguém entrar, mas era o que menos me importava naquele instante. Só queria curtir aquele momento e esquecer de todos os problemas que eu teria que resolver mais tarde.
Quando Pedro chegou ela me beijou mais uma vez e com um sorriso disse que me esperaria em casa. O resto da tarde foi reunião, atrás de reunião. E quando eu pensei que poderia ir pra casa, surge um problema da agência em Nova York, então fomos para a sala de reunião, fazer uma video conferência, ver o problema e tentar resolver.
Vi que era tarde quando uma mensagem chegou no meu celular

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