Capítulo 52

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Eu não sentia nada além de ódio e repulsa desse ser que está no chão da minha sala. E odeio o fato que ele seja o pai da Maite e que apesar de tudo, ela o ame. Movido por uma raiva sem tamanha, empurrei aquele maldito pra fora da minha sala... Parei no ato quando vi quem estava vindo no corredor. O que Isabel está fazendo aqui? Ela leva as mãos na boca assustada, sem desviar o olhar do velho maldito. E Rafael me olha com uma cara, como se me  perguntasse o que eu estou fazendo. Mas quem tem perguntas aqui sou eu. Porque Isabel está aqui é a primeira delas. Quando ela chegou? E porque não fui avisado. Eu deveria ser informado, é da vida da minha mulher que estamos falando. Droga.
— O que está fazendo aqui, Isabel? — Lhe  pergunto, mas ela não responde. Parece ter empedrado no lugar olhando o velho maldito. E ele a mesma coisa. Ela só sai do transe quando ele empurra meu braço, que ainda estava no seu ombro e eu o largo. Ele ajeita o paletó como se o seu nariz não estivesse sangrando, sem deixar de encarar a Isabel.
— Tia... — Saio de perto dele indo até ela. E olho Rafael na esperança que ele me fale o que esta acontecendo.
— O que você está fazendo William? — Ele pergunta nitidamente com raiva. É óbvio que nosso plano não era colocar Isabel na frente dele, o velho nem ao menos poderia sonhar que ela queria ver a filha. Mas que eu posso dizer? Não sou feito de ferro e ele não vai ofender a minha mulher, não na  minha frente.
— Esse velho desgraçado, ofendeu a minha mulher, e isso não vou permitir. — Digo entre dentes, mas o olhar de Rafael continua de reprovação. — Não era pra vocês estarem aqui...
— William... — Isabel diz tocando meu peito, então a olho. — Sinto muito, mas eu não podia esperar mais. Eu tenho que ver a minha filha, eu preciso abraça-la, cuida-la... —  Sua voz de dor e tristeza, me faz sentir remorso por já não ter levado Bela até ela. — Eu estou morrendo aos poucos sem ela... — Antes que eu possa abrir a  minha boca, o maldito velho se pronúncia...
— Engraçado, como você não pensou nela quando decidiu ir embora com o seu amante. — Me viro querendo socar a sua cara novamente, mas Isabel me segura no lugar, ficando ao meu lado.
— Sabe que isso não é verdade, Jorge. Eu jamais a deixaria se tivesse escolha. Você me expulsou de casa e me tirou o direito de ver ela. — Me sinto tranquilo por Isabel estar tão controlada e falando com calma, embora saiba que isso não vai fazer nada bem a ela.
— Claro, é isso que merece uma vadia.
— Não fale assim da minha mãe. — Rafael diz querendo avançar em cima dele, mas eu intercedo, embora minha vontade seja fazer o mesmo, mas Isabel não pode estar aqui pra ver isso.
— Deixa ele vir. A Maite vai adorar ver o que vocês fizeram o pai dela. — Droga. No mesmo instante Rafael para e eu o solto. Agora percebendo a burrada que eu fiz, é claro que ele vai usar isso contra mim. E vai se fazer de coitadinho perante ela.

— Você acha mesmo que a Maite vai te perdoar Isabel? — Pergunta com cinismo balançando a cabeça e sorrindo. — Ela não é mais a garotinha que chorava pela mãe. E ela vai voltar correndo pra casa, quando perceber que a mamãezinha morta dela, lhe comprou um marido. — Penso em Bela e no quanto a machucaria saber que eu bati no pai dela. Então, só por isso, eu me controlo. — Trouxe seu amante com você? Pra ele ver a sua filha te desprezar quando souber que fugiu com ele, abandonando ela?

— SAIA DAQUI AGORA. — Digo entre dentes. — Fora da minha agência, antes que eu perca a cabeça e te mate com as  minhas próprias mãos. — Quando dou um passo em sua direção, ele se afasta erguendo os braços, mas sem deixar de sorrir.
— Maite vai adorar saber que a vadia da mãe dela, voltou a cidade. — Diz se virando. Ameaço ir atrás dele, mas Isabel segura meu braço, então eu o deixo ir.

— Desgraçado! — Passo as mãos no cabelo nervoso. Lembro do meu calmante, Bela ela deve estar dormindo tranquila agora. E eu daria tudo pra estar com ela, entre seus braços, esquecendo de todos os problemas — Voltem ao trabalho. — Digo para algumas pessoas estão olhando curiosas. E me viro para Isabel, ela parece esperar que eu brigue com ela.
— Entra tia, por favor. — Abro a porta da minha sala dando passagem. Depois que ela entra Rafael me olha balançando a cabeça negativamente.
— Percebe que colocou tudo a perder não é? — Ele sussura. Apenas dou sinal com a cabeça pra ele entrar logo e fecho a porta. Isabel está parada me olhando e começa a falar...
— Desculpe ter vindo sem avisar, mas foi uma decisão... — Ela engole lutando contra o choro. — Eu já não podia esperar, estou bem agora e preciso lutar pela minha filha enquanto tenho forças...
— Tudo bem... Você não precisa se explicar  pra mim tia. Eu sei que eu estou sendo um covarde em relação a isso. — Ela nega e se aproxima me abraçando.
— Não diga isso meu filho, se não fosse por você, talvez eu nunca a veria novamente. — Ela me solta sorrindo e toca meu rosto. — E como ela já falou que ama você, então não a motivo pra se preocupar não é? — Confirmo, embora eu não tenha certeza disso.
— Talvez haja... — Rafael fala. — O pai dela saiu daqui prometendo contar tudo.  E agora ele sabe que você está na cidade mãe, sabe que William... Porque contou tudo a ele William? — Ele me acusa.
— Não contei nada. Quando cheguei ele    estava me esperando. Já sabia de tudo e me pediu dinheiro pra não contar a Bela, sobre Isabel e sobre o casamento, então perdi a cabeça e acertei ele... — Respiro fundo tentando me acalmar. — E agora ele vai usar isso pra colocar a Bela contra mim. Que droga.
— Temos que contar tudo pra ela, agora ou ela vai ouvir a versão dele. E dai vai ser pior... — Concordo com a cabeça, embora me doa profundamente só imaginar o quanto ela vai sofrer. E o olhar de desconfiança que vai direcionar a mim.
— Onde ela está? — Isabel me dispersa desses pensamentos.
— Em casa, provavelmente dormindo.
— Você decide William, se contamos agora ou esperamos... — Encaro Isabel, eu quero gritar pra não contarmos nunca, para que possamos permanecer, assim, unidos, sem briga, sem desconfiança. Mas estou sendo egoísta e seria injusto com as duas.
— Eu não me sinto pronto pra contar, e talvez nunca esteja. Porque sei que isso vai machuca-la e eu não quero isso. Mas nos precisamos, temos puxar o curativo de uma vez. — Ela concorda. —  E eu confio nela, sei que é uma mulher inteligente e sensata.  Ela vai saber compreender e tomar a melhor decisão.
— Está bem. — Tento sorrir, mas estou morrendo de medo por dentro.
— Estou de carro. — Rafael fala.
— Tudo bem. Você vai junto? — Pergunto. — Sim, quero estar com a minha mãe, caso ela não se sinta bem.
— Estou bem filho, não preocupe.
— É só precaução, mãe.
— Certo. — Tento tomar o controle da situação. — Bela deve estar dormindo, então deixo vocês na sala. E vou falar com ela no quarto, depois que eu explicar tudo, eu a trago para sala... Então a senhora conta como tudo ocorreu.
— Está bem. — Isabel diz decidida. Acho que ela está com mais coragem do que eu.
— Vamos então. — Confirmo e sigo eles para fora da sala.
— Clara, eu vou sair pra resolver um problema pessoal, então cancele todos os meus compromissos de hoje.  E não quero ser incomodado.
— Está bem senhor. — Ela diz eficiente como sempre.
— E não comente com ninguém sobre o que aconteceu antes.
— Sim senhor.

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