— Não olhe, Beth — Carol murmurou ao enfiar a faca que haviam furtado da cozinha na garganta do policial que tinha as encontrado.
Beth não quis comentar, mas não se assustava mais com essas coisas. Ao menos não quando se tratava dessas pessoas que fizeram tanto mal.
Com uma das mãos segurou firmemente a alça da mochila onde estavam suas coisas e apertou com força sua faca que havia recuperado em meio as coisas de Dawn.
Ela simplesmente não podia acreditar que estavam com tanta sorte, mas também não queria atrair pensamentos negativos. Carol era uma mulher forte, e se havia alguém podia tirá-las dali era ela.
Beth lembrou-se de quando a mais velha chegou ali, aparentando estar em estado gravíssimo. Dr. Edwards disse não compreender a situação, já que os sinais da mulher estavam quase perfeitos. É claro que estavam, Carol fingiu estar gravemente ferida o tempo todo, quando na verdade seus ferimentos eram apenas a nível superficial. Dores aqui e ali não a impediriam de completar sua missão.
Carol contou a ela que definitivamente não estava nos seus planos ser atropelada e capturada, mas que havia contornado a situação como podia, principalmente após ter visto Beth sã e salva.
A loira as conduziu até a única saída que conhecia, com Carol eliminando os errantes mais efetivamente que Beth. Nenhum policial havia sido atraído ainda, e elas pararam por um momento dentro do elevador, seu tornozelo reclamando.
— Você está bem? — Carol perguntou em um tom baixo.
— Estou — Beth resmungou tentando parecer indiferente. Carol soltou um riso anasalado, não acreditando na menor.
— Eu tenho um plano, mas não sei se você vai concordar — Carol continuou receosa, e Beth apenas acenou com a cabeça.
Carol contou a ela sobre sua camuflagem no Terminus, mas que agora pensava em usar algo diferente, um pouco nojento, mas efetivo. Ao fim do discurso ambas acabaram cobertas com tripas e sangue podre, os cabelos loiros de Beth em um tom avermelhado e pegajoso. Recordou-se de uma conversa que havia tido com Glenn, sobre como ele e Rick haviam passado pelo meio de uma horda em Atlanta.
Beth soltou os cabelos e bagunçou-os, surrupiando um casaco nojento de um dos muitos corpos amontoados no poço do elevador.
— Pronta? — Carol perguntou. Seu olhar parecia estranhamente animado.
— Pronta — Beth respondeu, seu estômago revirando como o inferno; agradeceu aos céus por não ter comido nada naquele dia.
Caminharam lentamente pelos corredores de acesso ao pátio, o coração de Beth parecia bater dentro de seus ouvidos, especialmente quando chegaram ao espaço aberto. Escutou alguns policiais conversando alto em uma das janelas, e tentou ao máximo não olhar naquela direção. Sabia que eles não atirariam, eles não eram tão burros, e tinham consciência de que o som do disparo poderia atrair ainda mais walkers pelo grande buraco na tela.
Ela olhou de soslaio para Carol, errantes esbarrando nelas como se fossem invisíveis. Seu instinto dizia para correr como uma garotinha, mas empurrou-o para o fundo de seus pensamentos, tentando imitar perfeitamente seu andar trôpego.
Esbarraram na cerca e grunhiram como os outros, logo as vozes dos policiais cessaram, e elas souberam que eles haviam entrado.
Devagar e sem movimentos bruscos as duas atravessaram o buraco da cerca, caminhando sem pressa até a estrada. Os errantes ainda não se aproximavam delas, mas não arriscaram correr e pôr seu disfarce a perder.
Longe o suficiente do Grady elas adentraram em um prédio. Carol disse que ali era seguro, e que havia passado uma noite ali com Daryl, enquanto procuravam por ela.
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Soft Heart [Bethyl] REESCREVENDO!
FanfictionQuando Carol surgiu no hospital parecendo totalmente debilitada, Beth viu a chance de fugirem juntas, se conseguisse ajudar de fato no tratamento da mais velha. Esperta demais para ser pega, o estado de Carol era uma grande fachada para infiltrar-se...