Beth sentia o clima esfriar cada vez mais conforme a escuridão tomava conta do céu. O silêncio era quase sufocante e ela se perguntava como os outros conseguiam dormir como se nada estivesse acontecendo.
As vigias eram nulas na fazenda, considerando o perigo mínimo de serem encontrados por uma horda novamente. Quase nulas, talvez, mas não era algo que um ou outro de guarda poderia conter.
Armadilhas com latas e sinos circulavam a grande casa branca de fora a fora, trazendo uma falsa sensação de segurança que simplesmente não existia mais naquele mundo.
O outono já dava claros sinais de que estava a caminho, as noites e as manhãs começando com um clima mais fresco do que as tardes.
Beth estava sentada no velho balanço de madeira na varanda; Maggie e Carol mexiam em alguma coisa na cozinha enquanto conversavam, mas a loira simplesmente não conseguia dar atenção aquilo que acontecia ao seu redor.
Atlanta ficava apenas à duas ou três horas da fazenda dos Greene, o que queria dizer que Daryl, Glenn e Eugene já deveriam estar de volta.
Todos já estavam em seus quartos, provavelmente dormindo ou ocupados demais com seus próprios problemas, deixando apenas as três mulheres vagando pela casa.
— Beth, vamos dormir — Maggie chamou a irmã, afagando seu ombro direito.
— Como você pode? — Beth respondeu em uma lamúria baixa.
— Se existe algum homem que pode entrar e sair de Atlanta sem nenhum arranhão, esse homem é o Glenn. Daryl é durão. Eles formam uma boa dupla, com certeza vão voltar — a morena respondeu enquanto encarava a porteira, mas Beth pode sentir a hesitação em sua voz.
— E se eles tiveram algum problema? Ou uma horda? Ou outro grupo? — a menor desatou a falar, as mãos mexendo nervosamente nos cabelos.
— Eles resolvem, Beth. Já passamos por coisa pior. — Maggie sorriu.
Beth acenou uma única vez, os cabelos loiros fugindo do rabo de cavalo após sua pequena crise de nervos. Maggie percebeu que a irmã não dormiria, de qualquer forma.
— Venha. Pelo menos entre. Garanto que vai poder ver tudo da janela da sala.
A loira concordou, sabendo que a irmã não cederia a sua teimosia.
— Se quiser dormir no meu quarto… — Maggie murmurou. — Possivelmente eles esperarão até o amanhecer para voltar. É mais seguro.
Beth deixou que ela afagasse seus cabelos, mas negou levemente com a cabeça.
— Não há como saber. Eles estarão com fome quando chegarem. Vou ficar esperando aqui na sala — a pequena sorriu e Maggie bufou e revirou os olhos, desistindo daquela discussão.
Assim que a mais velha saiu de seu campo de visão, Beth rumou para a sala, desabando na pequena poltrona ao lado da janela. Sentia-se sufocada, parada naquele lugar sem fazer nada enquanto Daryl estava lá fora. Sem dúvida nenhuma ele era o mais apto a sobreviver, mas não havia nenhuma garantia de que nada aconteceria. Apesar da resistência, Daryl ainda era humano, carne e osso. Uma simples mordida, um tiro certeiro… ela tremeu com a ideia.
Silenciosamente ela entrou em seu quarto e resgatou o colete de Daryl em seu roupeiro, voltando para a sala em seguida.
Por diversas vezes Beth pensou em lavá-lo, mas naquele momento ela agradeceu por não tê-lo feito.
Ele estava impregnado com diversos cheiros. Terra, sangue seco, suor… Era como se Daryl ainda estivesse dentro dele. Ela abraçou a peça com força, focando seus olhos azuis na janela, mas não havia o menor sinal dos faróis da picape.
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Soft Heart [Bethyl] REESCREVENDO!
Fiksi PenggemarQuando Carol surgiu no hospital parecendo totalmente debilitada, Beth viu a chance de fugirem juntas, se conseguisse ajudar de fato no tratamento da mais velha. Esperta demais para ser pega, o estado de Carol era uma grande fachada para infiltrar-se...