Beth secou o suor insistente que corria por sua testa, escorando seu rosto cansado na lataria do trailer. Tara lhe estendeu uma garrafa d'água praticamente vazia e a loira sorriu gentilmente em agradecimento. Ela sabia que a água que tinham era escassa, então bebeu a pequena quantidade de líquido e fez o melhor que pôde para convencer a si mesma de que estava saciada.
O grupo estava a poucas horas de distância de Shirewilt Estates, a antiga comunidade de Noah. O amigo de Beth estava certo de que encontraria sua mãe e seus irmãos gêmeos. "É uma comunidade segura, Beth", ele havia lhe dito ainda no hospital.
Com todas as forças que tinha, Beth quis realmente acreditar que finalmente encontrariam um local seguro.
Seguro como a fazenda. Seguro como a prisão... Não, ela não queria se enganar novamente. Ela não suportaria mais uma decepção.
Ao longe, Daryl e os outros reviravam alguns carros velhos em busca de gasolina e suprimentos. A Greene lançou um sorriso para o arqueiro que retribuiu com um aceno de cabeça. As coisas estavam se encaixando, lentamente, mas estavam muito longe de voltarem a ser como antes.
Judith brincava em um cobertor a sua frente, os copos vermelhos sendo arremessados e amassados como se eles fossem o melhor brinquedo que a criança pudesse ter. Carl vigiava tudo de cima do veículo, a arma pronta para reagir a qualquer problema.
— Você acha que vamos encontrar alguém vivo lá? — Tara puxou assunto ao acaso, fazendo com que Beth se virasse para ela.
— Eu não sei — Beth respondeu sinceramente.
Ela gostava de Tara, ela era divertida e leal. Logo, as duas haviam se aproximado bastante nos últimos tempos.
Levantando-se do chão e esticando seu corpo dolorido e cansado, a Greene juntou-se aos demais em sua busca silenciosa.
O peso da arma no coldre em sua cintura a lembrava a todo instante que o perigo continuava os espreitando, por mais normal e corriqueira que a situação em que se encontravam pudesse parecer.
Empunhando sua faca, a loira forçou a trava do porta-malas, abrindo-o com um ranger estridente. Não havia nada de muito valor ali. Algumas ferramentas e o estepe. Derrotada, deixou o compartimento aberto para que os outros não perdessem tempo como ela havia feito.
Ao virar-se para outra direção, Beth não pode conter o grito de surpresa que escapou de sua garganta quando algo agarrou seu tornozelo machucado. Frustrada por talvez ter chamado a atenção dos demais, a garota chutou a cabeça do errante que saía debaixo do carro com toda a força que tinha, fazendo com que ela perdesse o equilíbrio. A loira caiu no chão em um baque, ralando os joelhos. Sua faca voando para longe.
— Mas que merda! — ela xingou, desferindo mais um chute no cadáver que agarrava sua bota, grunhindo.
Daryl apareceu em um átimo ao seu lado, a flecha atravessando a cabeça do caminhante em um zunido.
— Obrigada — a Greene resmungou irritada enquanto Daryl estendia sua mão na direção da menor.
Ela não queria parecer fraca para o grupo. Ela sabia que não era. Não queria ser um peso morto.
Pegando a mão que o Dixon a oferecia, ela deixou que ele a puxasse para cima. A dor lancinante percorreu seu tornozelo e sua perna inteira, ao passo que ela mordeu o lábio, disfarçando o desconforto.
— Me deixa ver — Daryl murmurou, não confiando em sua atuação.
— Não foi nada — Beth respondeu, afastando-se dele e recolhendo sua faca.
— Para de agir como uma criança idiota, porra! — ele cuspiu em um tom baixo e irritadiço, e Beth virou-se para ele enfurecida.
— Para de me tratar como se fosse a minha babá. Que inferno, Daryl! — ela bufou ofendida.
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Soft Heart [Bethyl] REESCREVENDO!
FanfictionQuando Carol surgiu no hospital parecendo totalmente debilitada, Beth viu a chance de fugirem juntas, se conseguisse ajudar de fato no tratamento da mais velha. Esperta demais para ser pega, o estado de Carol era uma grande fachada para infiltrar-se...