Capítulo VIII

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Beth roía as unhas nervosamente. Seus olhos estavam bem abertos e atentos a paisagem que passava rapidamente pela janela da picape.

Daryl a encarou pelo retrovisor e Glenn pescou o olhar do caipira, fazendo com que ele voltasse seus olhos mais que depressa para a estrada a frente. Carol soltou um risinho anasalado, enquanto o Dixon resmungava um xingamento e encarava a mulher com o canto de seu olho.

Carol parecia ser a mais atenta aos sentimentos conturbados entre Daryl e Beth. Nenhum deles havia tentado definir em palavras o que era aquilo, mas ambos estavam bem próximos, o que era inegável. A mulher mais velha era perspicaz o suficiente para perceber, mas sinceramente não queria interferir naquilo.

Daryl sabia disso. Sabia que Carol o conhecia suficientemente bem para notar que algo entre ele e a pequena Greene havia mudado, contudo, estava feliz por Carol não ter tocado no assunto. Ao menos não com ele.

Um pensamento estúpido passou pela mente do arqueiro: e se ele perguntasse a Carol o que Beth achava daquilo tudo? Não. Aquilo era ridículo demais. Ele definitivamente pareceria uma adolescente do colegial, cheio de hormônios e conversa para dar. Daryl chutou aquela ideia de merda para o fundo da sua mente e se concentrou unicamente no trajeto.

Beth percebeu que Carol e Daryl estavam trocando um tipo de contato visual. Ela sabia que os dois se comunicavam muito bem sem palavras e sentiu uma picada de ciúmes cutucar seu estômago.

Era inevitável, Beth sabia que o que sentia pelo Dixon era forte e terrivelmente possessivo, mas, se Daryl e Carol quisessem ficar juntos, já teriam ficado, não é?

Ela remexeu-se desconfortavelmente com aquele pensamento. Carol era sua amiga, sabia que Beth nutria um carinho profundo pelo arqueiro, muitas vezes até havia tocado no assunto com ela, mesmo que a loira tenha se esquivado das perguntas da melhor forma que podia.

Beth gemeu frustrada e fechou os olhos, apertando suas têmporas. Glenn a enviou um olhar questionador e ela apenas negou com a cabeça, indicando que não era nada demais. Maggie dormia profundamente no ombro do coreano e o carro estava imerso em um silêncio sepulcral.

Vezes e vezes mais a cabeça da Greene voltava para sua batalha particular entre admitir ou não, mesmo que apenas para si que estava irrevogavelmente apaixonada por Daryl. E se estivesse? Que diferença aquilo faria? Ele era completamente diferente de Jimmy ou Zacky. Não era como se Beth pudesse simplesmente ter uma conversa aberta sobre sentimentos ou apenas trocar alguns beijos com o Dixon. Era totalmente fora do que ela estava habituada, mas era mais intenso do que tudo o que ela já havia sentido.

— Estamos quase chegando — Glenn finalmente quebrou o silêncio, acordando Maggie gentilmente.

Beth trocou um olhar animado com a irmã sonolenta, sentindo seus ânimos renovados. Era como se a atmosfera do lugar tivesse mudado drasticamente.

— Abram as porteiras, garotas da fazenda — Glenn continuou animadamente e risos nervosos ecoaram pelo carro.

Maggie estendeu a mão para a irmã que a pegou rapidamente.

— Pronta?

— Claro — Beth respondeu sorridente e então as duas desceram da picape e abriram a primeira porteira de acesso à antiga casa.

A energia da Greene menor estava totalmente revigorada. Voltar para casa era voltar para a parte mais acolhedora de sua vida. Era como voltar pro campo depois de uma longa viagem a cidade grande. Ela agarrou o pingente de coração em seu pescoço e pensou em seu pai. Hershel definitivamente gostaria de estar de volta. Apesar de não estar fisicamente, ela sabia que as melhores memórias de seu pai sempre estariam ali.

Soft Heart [Bethyl] REESCREVENDO!Onde histórias criam vida. Descubra agora