Capítulo V

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— Estamos chegando perto, Carol. Mais ou menos oito quilômetros — Beth ouviu a voz de Rick pelo rádio.

Carol, que estava sentada ao seu lado, prontamente respondeu:

— Certo. Estamos logo atrás. Avisem se tiverem problemas.

A loira, que até o momento estava com seu pescoço inclinado em direção a mais velha, logo recostou seu rosto cansado na janela.  O trailer abarrotado de pessoas trazia a ela uma sensação claustrofóbica e nauseante, ou talvez fosse apenas a ansiedade lhe cobrindo como uma nuvem. Ela realmente odiava estar presa ali dentro quando poderia ajudar lá fora. Beth havia prometido que levaria Noah até lá, não que esperaria pacientemente dentro do carro enquanto sua família corria perigo.

As pessoas estavam em silêncio, como de costume. A testa de Maggie estava crivada em uma expressão permanente de preocupação, muito parecida com a de Sasha. A jovem Greene logo concluiu o porquê: Tyreese e Glenn estavam no outro carro, colocando suas vidas em perigo.

Judith remexeu-se em seu sono e Beth apertou-a contra seu peito, numa tentativa de acalmar não só a pequena, como também de fazer seu próprio corpo relaxar com o cheiro que exalava do bebê. Aquilo costumava funcionar quando estavam na prisão.

Daryl tinha seus olhos fixos na estrada, os tendões em seus braços estavam repuxados, fazendo com que Beth concluísse que ele estava segurando o volante com muito mais força do que o necessário.

— Vamos parar, estamos perto agora. Estacionem fora da estrada, na floresta — Rick chamou novamente pelo rádio.

O Dixon acenou à frente, os ouvidos estavam a todo o tempo atentos no que o Grimes dizia.

 Quando o trailer finalmente estacionou em um solavanco abaixo das árvores, o grupo lentamente começou a descer. Beth pôs-se de pé desajeitadamente. A atadura no seu tornozelo limitava seus movimentos, a dor irradiando-se pela perna inteira. Ela não iria reclamar, todos eles tinham trabalho a fazer, independentemente do seu estado.

— Vem cá — Daryl surgiu ao seu lado, ajudando-a a descer os degraus do trailer.

Ela apenas sussurrou um agradecimento, preocupada demais com os outros para deixar-se ser dominada pelo calor que vinha do arqueiro.

Beth estava inquieta demais para simplesmente sentar e esperar. Sua cabeça trabalhava a mil, seus pensamentos voando freneticamente por sua cabeça. Ela definitivamente gostava de Noah, mas ela gostava ao ponto de pôr todos aqueles que amava em perigo pelo sonho dele? Era errado pensar assim e ela sabia, mas quase podia sentir no fundo do seu subconsciente que aquilo não acabaria bem. A esperança, que era a sentimento mais presente em sua vida desde o começo, começava a se esvair.

— Beth — Daryl resmungou ao lado da loira e ela pulou assustada, virando-se em direção a ele. — Abrir um buraco aí não vai fazer com que eles voltem mais rápido.

Com um risinho nervoso a loira percebeu que em seu surto de pensamentos ela havia acabado por andar incessantemente de um lado para o outro. O rastro de seu pé arrastando pela terra marcado em uma linha mais funda.

— Eu sei — ela sussurrou de volta, como se repetir em voz alta pudesse fazer as coisas darem certo.

Carl, que parecia mais contido que qualquer pessoa naquele lugar, estendeu os braços em direção a irmã, tirando-a do colo de Beth.

— Pode deixar, eu cuido dela. Você pode descansar, Beth — Carl disse para a loira em seu tom maduro demais para um adolescente.

— Obrigada — ela acenou de volta, forçando um sorriso.

Soft Heart [Bethyl] REESCREVENDO!Onde histórias criam vida. Descubra agora